(João Pernambucano)-Republicação
Sinhô Pereira (sentado) e seu primo Luis Padre.
Embora tenha
dito certa vez que Lampião já entrou no cangaço sabendo o que fazer, Sinhô Pereira
foi determinante para a fortificação do movimento sob o comando de Virgolino.
Sebastião
Pereira e Silva nasceu em Serra Talhada, Sertão pernambucano (mesma cidade de
Lampião) no dia 20 de janeiro de 1896. A família Pereira tinha posses e
descendia do Barão do Pajeú Andrelino Pereira da Silva, condecorado assim por D
Pedro II em 1888.
Os conflitos
com a família Carvalho eram intensos e praticamente atravessaram o século 19.
No início do século 20, Luis Padre (primo de Sinhô Pereira) tem seu pai
assassinado em um dos confrontos. O irmão de Sinhô Pereira, Né Pereira, lidera
o grupo da família nos intermináveis conflitos que seguiam sem parecer ter fim.
Certa ocasião,
Né Pereira (conhecido como Seu Né) recrutou Zé Grande para eu bando. Zé Grande
era ex-jagunço dos Carvalho. Passou um tempo preso e após fugir, foi pedir
guarida com os Pereiras. Talvez Né Pereira acreditasse que ganharia um grande
trunfo, já que o jagunço conhecia detalhes dos seus antigos patrões. No
entanto, a história foi outra: Né Pereira tirava um conchilo, quando Zé Grande,
aproveitando a oportunidade, o assassinou.
Conta-se que ainda levou o chapéu e o punhal de Seu Né e levou para mostrar aos Carvalhos, na Fazenda Umburanas.
Foi o estopim.
E ocasionou na entrada, de vez, de Sinhô Pereira e Luis Padre no Cangaço. Com
fúria e revolta pela impunidade, montaram um bando numeroso e com muita sede de
vingança.
Os conflitos
ganharam proporções muito mais pesadas. Um dos ataques mais furiosos do bando
de Sinhô Pereira foi às Fazendas Piranhas e Umburanas, de propriedade dos
Carvalho.
O local foi
cercado, iniciou-se um combate que durou quase duas horas.
As baixas com
feridos começaram a acontecer dos dois lados, quando Sinhô Pereira resolveu
incendiar os roçados das fazendas. Queimou uma pequena vila de 14 casas dos
agricultores que trabalham nas terras dos Carvalhos. Em seguida matou algumas
criações e destruiu os pequenos açudes para os peixes morrerem sem água.
O cenário era
de destruição total. A família Carvalho fugiu. Mudou-se. Mas logo em seguida,
devido às influências políticas que tinham, passaram a perseguir o bando do Sinhô
Pereira com ira.
O bando de
Sinhô Pereira não concretizava vingança apenas dos seus líderes. Os integrantes
buscavam suas vinganças pessoais e a guerra só aumentava. Como aconteceu no
embate na fazenda Santa Rita, que também foi totalmente destruída pelo bando
num acerto de contas.
Foi nesse
cenário que Sinhô Pereira recebeu a visita de Virgolino e seus irmãos, querendo
entrar no bando para vingar a morte do seu pai. Há quem diga que Lampião já
integrava grupos de cangaceiros antes do pai morrer. Mas Sinhô Pereira afirmou
em uma entrevista no início da década de 1970, que pelo menos em relação a seu
grupo, a entrada de Lampião no cangaço só se deu após a morte do pai.
Em 1922, em
outro combate intenso e já com Lampião totalmemte adaptado ao bando, aconteceu
a morte de Antônio das Umburanas, que tinha forte influência na região. Foi aí
que Sinhô Pereira resolveu por fim ao seu legado no Cangaço. Em junho daquele
ano, em Serrita (PE), passou o comando a Lampião. Ordenou-lhe, porém, que
ninguém da família Pereira seria incomodada pelos cangaceiros.
Virgolino prometeu e cumpriu.
Por acompanhar
Sinhô Pereira nas negociações com grandes fazendeiros e outras táticas
importantes fora dos combates e tiroteios, Lampião assimilou todo o aprendizado
e os aperfeiçoou ainda mais. Sinhô Pereira disse que entregou o comando a
Lampião por saber que ele seria o único capaz de levar adiante as lutas do
cangaço.
Financiados
por Isidoro Conrado e Né da Carnaúba, Sinhô Pereira e Luis Padre viajaram para
Goiás, com a chance de recomeçarem a vida. E, sem explicar detalhes, Sinhô
Pereira afirmou que não foi nada fácil.
Os anos se
passaram e cada um seguiu seu rumo. Luis Padre manteve-se em Goiás. Sinhô
Pereira foi para Minas Gerais, onde viveu até cumprir seu ciclo. Morreu em
dezembro de 1979. Antes, em 1971, visitou Serra Talhada, cercado de lembranças
e emoções. Boas e ruins.
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