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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

ANTÔNIO MATHILDES: TIO POSTIÇO E CHEFE DE LAMPIÃO DEIXOU O CANGAÇO PARA VIVER NA PARAÍBA


O cangaceiro Baliza

Natural de São Serafim, hoje Calumbi(PE), Antônio Mathildes, embora parente de cangaceiros, mantinha-se nas cercanias do Riacho São Domingos, próximo a Nazaré-PE, como homem trabalhador, chegou ser inspetor de quarteirão no Poço do Negro e considerado pelos irmãos Ferreira como contraparente, algo como “tio postiço” - afinidade muito comum no Sertão.

Mathildes ficou famoso como inspetor, tendo suas proezas como inspetor cantada em verso por violeiros do Pajeú, também era conhecido pela alcunha de “Bigode de Arame”. Embora assinasse como Antônio José Ferreira, ficou conhecido como Antônio Mathildes, e que, apesar do sobrenome Ferreira, nada tinha de parentesco com os irmãos Ferreira. Trabalhador e homem das armas ao mesmo tempo.

Mathildes, enquanto inspetor de quarteirão, contrariou interesses de coiteiros, e de gente poderosa da região, como os Nogueira e Zé Saturnino. É atribuída a Saturnino, “falsa” denúncia de que dava cobertura a cangaceiros seus parentes. O resultado é que a polícia, tendo à frente o cabo de Polícia conhecido como Antônio Maquinista, foi até sua casa e o espancou na frente da esposa e filhos. Acabou preso e, logo depois, posto em liberdade.

O que fez em seguida Mathildes? Muda-se para Alagoas, e se submete à proteção do coronel Ulysses Luna, o mesmo que já abrigara a família Ferreira também fugitiva do Pajeú. Vai morar próximo aos Ferreira, no pouso do Olho d’Água de Fora, onde troca “afinidades e ideias” com seus contraparentes Antônio, Levino e Virgulino, visando retaliação aos seus desafetos no Pajeú: os Nogueira e Zé Saturnino.

Lampião em Juazeiro do Norte ( arquivo Museu e remasterizada por Rubens Antônio.

Em agosto de 1920, formou-se um grupo de 19 cangaceiros, à frente os irmãos Ferreira, integrado por Baliza e Gato, todos do bando de Sinhô Pereira; Pirulito, Caneta e Carrossel e Higino, parente de Mathildes, com este à frente. A meta: atingir o bolso do inimigo, matando gado e incendiando fazendas, Venâncio Nogueira (Seria o mesmo Venâncio Barbosa Nogueira que tivera um caso com Maria Sulema da Purificação, quando era jovem?) e Zé Saturnino.

Segue-se, então, o tiroteio na Lagoa da Laje, onde o famoso chefe de bandoleiros Cassimiro Honório, contratado pelos Nogueira, dá combate a três pelotões de cangaceiros sob o comando de Matilde, mas tendo à frente dos combates, Virgulino, Baliza e Gato (não se trata do cangaceiro Gato, índio Pancararé, do Raso da Catarina). Neste combate, tem Virgulino 22 anos, já na condição de comando de pequeno grupo, e também usando o apelido Lampião.

Sítio Passagem das Pedras, estátua, arte de Zaldo Mendes na casa de 
dona Jacoza (avó de Lampião).

Pouco depois, uma carta procedente do Pajeú, de Zé Saturnino (sempre ele) para o coronel Ulisses, revelando que, além do trabalho de almocreve, os irmãos Ferreira e Antônio Mathildes, atuavam como cangaceiros provisórios. Tidos em Alagoas, apenas como agricultores e almocreves, Mathildes e os irmãos Ferreira perdem o apoio e a cobertura de Ulisses.

Em 1922, a polícia alagoana, sob o comando do tenente José Lucena ( o mesmo que matou José Ferreira, pai de Lampião), aumenta a pressão ao banditismo rural. Após muitos assaltos e saques, incluindo o rentável assalto à baronesa de Água Branca, Mathildes convoca uma reunião do bando na região do Moxotó pernambucano e comunica aos sobrinhos por afinidade (Antônio, Virgulino e Levino) sua decisão de abandonar o cangaço. E ainda faz uma recomendação: que os irmãos Ferreira façam o mesmo.

Não tenho certeza, mas acredito que você encontrará este livro com o professora Pereira - E-mail: franpelima@bol.com.br

- “Se espalhem e finjam de mortos até a poeira baixar, ou arribem, como eu vou fazer”, disse Mathildes a Lampião.

- Meu tio, o plano está bom para o senhor e os outros. Eu, que já estou vivendo debaixo do chapéu, não quero conselho nem dou. Este rifle, só deixo se eu morrer. E o estado de Alagoas, a Deus querer, eu queimo!”, teria respondido Lampião, segundo relato do cangaceiro Medalha, ao escritor Frederico Pernambucano de Mello.
Não tenho certeza, mas acredito que você encontrará este livro com o professora Pereira - Email: 
franpelima@bol.com.br

Terminada a tal reunião, Antônio Mathildes mudou de nome, cruzou o Pajeú e a divisa de Pernambuco, ingressou com a família na região de Monteiro e terminou sua jornada em Catolé do Rocha, Paraíba, em redutos dos Rosado Maia, mergulhado no anonimato, onde viveu incógnito, até morrer.


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