Seguidores

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

CABACEIRAS NA ÉPOCA DO CANGAÇO CANUTO - CONVIDADO AO CANGAÇO

 Por N Castro

Nas histórias contadas pelos mais antigos de Cabaceiras, sobre a época do cangaço, em 1996 ouvimos e registramos os depoimentos de Antônia Macedo (Antônia de Biu Pombo - in-memoriam) e Severino Macedo (Caboquinho hoje com quase 90).

Em Cabaceiras na época do cangaço, existia um rapaz jovem chamado Canuto. Honesto trabalhador e muito corajoso. Mas o destino havia traçados caminhos incertos pra sua vida. Entretanto, por volta dos anos 1910, Canuto passou a ser procurado pela justiça. Não se sabe o certo, mas conta-se que havia cometidos alguns crimes de assassinatos.

De acordo com as histórias jovem Canuto, motivado pelo seu desejo de violência natural, passou a viver fora das leis. E querer resolver todos os casos de desagrado cometido com alguém de sua família, usando a força da ignorância. Canuto era assim por dizer, um cara de sangue quente.

Pesquisando as histórias de Cabaceiras na época do cangaço, descobrimos que Canuto ainda era parente de um cangaceiro conhecido como "Capestanha". Sendo este do bando de Antônio Silvino. Famoso pelos saques que fazia nas andanças. Menos na região de Cabaceiras e São João do Cariri, onde havia relação com os familiares.

De acordo com os depoimentos dessas pessoas citadas, ainda parente de Canuto, o jovem procurado pela justiça passou a viver em esconderijos. Nas furnas das caatingas. Trajava-se com roupas de tecidos grossos ou de couro. Seus calçados eram ele mesmo que fazia. Usando os solados quadrados. Dizem que era pra ninguém identificar a sua direção. E quando era para visitar um parente usava algum tipo de sinal.

Segundo Severino Macedo (quase 90), parente de Canuto. em 1910, o cangaceiro Capestanha havia feito um convite para Canuto ingressar no bando de Antônio Silvino. Mas o jovem recusou esse convite. Preferiu andar só. (Preferiu, como assim diz o ditado: melhor só do que mal acompanhado). Sendo assim, continuou só pelas matas da região. Vivendo entre uma furna e outra. Quando necessitava de alguma coisa visitava parentes (de sua confiança).

De acordo com os depoimentos de Antônia Macedo (parente de Canuto), em anos da década 30, sua irmã chamada Maria havia arranjado um namorado. E esse planejava roubar a namorada visto a família não aceitar o namoro. (Motivo, cor da pele). Mas passados meses, um certo dia o dito plano foi descoberto. E chegou ao conhecimento de Canuto. E se envolvendo nessa questão prometeu matar o sujeito que queria desonrar a família. Passados os alguns dias Canuto começou a investigar o sujeito. E o pior aconteceu. Num certo dia do encontro dos namorados, Canuto flagrou a chegada do tal rapaz que namorava sua prima. Esse fato aconteceu na Fazenda Macambira. E nessa ocasião Canuto entrou em luta corporal com o dito sujeito. Na briga o rapaz ficou todo ensanguentado. Na ação final de executar a morte do coitado, Canuto foi surpreendido pelo pai da moça. Que mesmo não aceitando esse namoro, não permitiu que Canuto matasse o homem. Que socorrido levou para casa e lhe deu um banho de água e sal. Esse pobre coitado por pouco não perdeu a vida. Mas passou muitos meses sem poder andar. Canuto foragiu achando que o dito não escapava.

Continuando as histórias de Cabaceiras na época do cangaço, sobre a proposta feita ao jovem Canuto para seguir o bando de Antônio Silvino, descobrimos o seu verdadeiro nome: Canuto Pereira de Macedo, cabaceirense nascido no ano 1880. Isto de acordo com um registro de manuscrito. Cedido ao autor deste, acompanhado de sua fotografia real. Nos documentos também encontra-se o ano do seu falecimento, 1974. Estando nessa época com 94 anos.

Aqui vale salientar que, quando criança também chegamos a conhecer Canuto. Nessa época já velhinho com 90 anos de idade. E muitas crianças em Cabaceiras também chegaram a conhecer e escutar suas histórias. Canuto em vida era um homem alto, com mais ou menos um metro e noventa de altura, de cor branca, olhos claros e pés grandes. Ninguém em Cabaceiras tinha os pés maiores que os de Canuto. Muitas pessoas da cidade, ainda temia Canuto. Por se apresentar com brutalidade e ignorância. Mas isso, já era da sua natureza. Havia passados anos foragido da justiça. Mas a polícia nunca conseguiu pegá-lo. Por fim, seus crime foram prescritos.

Texto: 

NCastro

Baseado em depoimentos e documentos cedidos ao autor.

Em nosso arquivo temos a imagem real de Canuto. Mas preferimos assim utilizar uma imagem simbólica.

Obs: Os depoimentos encontram-se em fitas cassetes.

https://www.facebook.com/groups/508711929732768

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário