Xaxado na hora da morte
Por Wanessa CamposIlustração de João Astroboy
Dando sequência "As Assombrações do Cangaço" vem agora a segunda história também repassada por João Jurubeba, em Serra Talhada, nos anos 70. Jurubeba foi um dos maiores perseguidores de Lampião. Ele contou para Amaury Correa como foi a morte de Dona Jacosa, a avó de Lampião. Ela, idosa, morava em Carqueja, hoje Nazaré, Floresta e com idade avançada quase não saia do quarto. Sempre recebia visitas da vizinhança.
João Jurubeba é o 3º a direita
Acervo Lampião Aceso
Certa noite, as mulheres passaram a escutar um barulho diferente, parecendo com baile. O barulho ia aumentando cada vez mais parecendo Xaxado. As batidas dos pés no chão iam cada vez mais se aproximando como quisesse entrar na casa. As mulheres assustadas correram apavoradas. Na porta, pessoas se juntavam, mas ninguém tinha coragem de entrar. Dentro do quarto, se ouvia o barulho do Xaxado invisível.
O volume da cantoria oscilava, bem como as batidas dos pés, mas não paravam. Alguém teve a ideia de chamar uma rezadeira para “puxar” o terço. Jogaram água benta na casa toda e a cantoria não cessava. Certo momento, se ouvia perfeitamente a cantoria com várias vozes:
Olé mulé rendeira
Olé Mulé renda,
Tu m ‘ensina a fazer renda
Qu’eu ten’sino a namorá
Dona Jacosa agonizava e a cantoria não parava. Isso demorou mais de um dia, até que certa noite, o Xaxado aumentou e ao mesmo tempo uma forte ventania apagou todas as lamparinas. Fez escuro total, a cantoria parou. Ouviu-se então um estrondo e com ele, Dona Jacosa partiu. Ficou o relato contado pelos mais velhos.
Pescado no Mulheres do Cangaço
Eu ´repesquei no blog lampiaoaceso do pesquisador Kiko Monteiro.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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