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terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

O CANGAÇO É COISA SÉRIA.

 Por Rangel Alves da Costa

O Cangaço é coisa séria. O fenômeno Cangaço é história (com causas, percursos e consequências) e não invenção ou mero ajuntamento de inverdades. O Cangaço (e mais de perto o de Lampião) possui uma cronologia com começo, meio e fim. O Cangaço possuiu seu campo de ação geograficamente definido, possuiu protagonistas e outros personagens igualmente reconhecidos. 

O Cangaço foi realidade visível, sentida e até vivenciada por muitos que viveram além de seus limites de ação, bem como compartilhada por tantos que tiveram de sentir suas consequências. O Cangaço deixou marcas de sua passagem, deixou vítimas, deixou cruzes. O Cangaço continua testemunhado de canto a outro dos sertões nordestinos, principalmente nos locais de vinditas e combates. O Cangaço definitivamente existiu com seus modos de ação e com as consequências de seus atos. Ora, e por que teimam em transformar uma história que existiu de um modo num jogo de mentiras, aleivosias e inverdades? 

Certamente que pesquisadores e estudiosos devem procurar a junção dos fatos, dos diversos acontecidos, como forma de proporcionar um entendimento maior, mais amplo, mas jamais “descobrindo o inexistente” ou forçando a mentira por pura conveniência de enganação, objetivando somente construir realidades baseadas em inverdades. Foi pelas tantas mentiras e inverdades surgidas que o Cangaço foi se transformando em algo sem qualquer coerência de explicação. Está difícil acreditar no que se escreve sobre o Cangaço. 

O pior é que, muitas vezes, a mentira toma o lugar da verdade e maior parte da história vai se tornando em descrença, até em fanfarronices e baboseiras. Por isso que Lampião morreu em tantos lugares diferentes. Por isso que o mesmo Virgulino é muito mais retratado pelo que não foi do que pela sua real existência. Por isso que as biografias cangaceiras são escritas pra quase ninguém mais acreditar. Por isso que Angico está em Piranhas, e não em Poço Redondo. Por isso que Maranduba está na Bahia, e não em Poço Redondo. Mas deixe isso pra lá. 

Certamente jamais haverá consensos, jamais haverá verdades únicas, até mesmo por que o simples fato de recontar os mesmos fatos já vai provocando mudanças em cada narrativa. Contudo, criar fundamento de verdade no fantasioso e no absurdo aí já é demais. Além dos fatos e acontecidos sem pé nem cabeça, também vão surgindo as aberrações, os achados mirabolantes, aquilo que é criado apenas para enganar. E muitos acreditam, infelizmente. Daí a verdade passando a ter menos valia que o engodo, a enganação.

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