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quarta-feira, 29 de março de 2023

NO SERTÃO QUE EU NASCI

 Por José G. Diniz



No sertão que eu nasci

A colheita era bem farta

Eu ia a uma certa bodega

Comprava café por quarta

O roceiro fazia pulverização

No plantio de algodão

Para matar a lagarta


Mas para ler uma carta

Era raro quem sabia

A luz era uma lamparina

Por que não tinha energia

Mas tinha leite de vaca

Carne de tatu ou ticaca

Sem agrotóxico a melancia


Eu ia com a minha tia

Colher a fava madura

Cozinhava com toucinho

Comia com farinha e rapadura

E mesmo sem ser guloso

Achava muito gostoso

Do toucinho a gordura


Sertão tem bela cultura

Por isso não me envergonha

Namorei a minha prima

Bela, amorosa e risonha

Nadando eu cruzava o rio

Quebrei milho no baxio

Para mãe fazer pamonha.


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