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segunda-feira, 10 de abril de 2023

CANGAÇO E NEGRITUDE

 Por Dr. Epitácio de Andrade

Depois de fantásticas incursões cordelísticas pelo universo do cangaço, com a publicação de “O Delegado que Virou Cangaceiro”, em março de 2008, e “Jesuíno, o cangaceiro Brilhante”, em maio de 2009, o poeta paraibano Gil Holanda lança “O Grande Encontro do Cangaceiro Jesuíno Brilhante com o Cabo Preto Limão,” que tematiza a interface do fenômeno do cangaço com o resgate histórico da negritude sertaneja.

Com leveza e firmeza, com suavidade e argúcia, a genialidade poética de Gil Holanda vai construindo, em sextilhas de cordel, esse “Grande Encontro” que corresponde ao maior conflito cangaceiro já ocorrido no Oeste do Rio Grande do Norte e fronteira paraibana, envolvendo o bando de Jesuíno Brilhante e o segmento étnico representado pela família Limão.


Minimizada nas abordagens da literatura sobre história do cangaço, o presente cordel contribui para reparar hiatos presentes na descrição da negritude do sertão, quando  afirma sua resistência ao recrutamento forçado para a Guerra do Paraguai(1865-70), a participação na Insurreição dos Quebra-quilos(1874-75) e o enfrentamento ao cangaço de Jesuíno Brilhante (1871-79).

A epopeia Brilhantes versus Limões, ocorrida nos territórios feudais sertanejos do Brasil imperial, está sintetizada nos versos do “Grande Encontro,” de Gil Holanda.

Deliciemo-nos, pois, com sua leitura. Mesmo “acaboclados”, como define alguns indigenistas e antropólogos, os membros da numerosa família Limão (arqui-inimiga de Jesuíno Brilhante) sempre foram tratados pela crônica do cangaço como “ Os negros Limões”.

Epitácio de Andrade Filho – Autor de A Saga dos limões-Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante

*Publicado em junho de 2011.

Enviado pelo autor através de e-mail.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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