Autor: José Di Rosa Maria
1
Do armador do presente
Pro armador do passado,
Armei a rede da vida
E me deitei sossegado
Pra ver o tempo passar
E ao mesmo tempo dar
Uma espiada de cheio
Com toda atenção caída
Na linha que marca a vida
Do ser humano no meio.
2
Do lado leste dos anos,
Gravurados pela paz,
A cem metros vi um monte
De sonhos azul-lilás
E um rio de alegria
Despejando poesia
No mar das inspirações
Que vomitava inocência
Tocado pela essência
Das flores das ilusões.
3
Vi no pináculo do riso
A transparência do belo
Auxiliar o amor
Na construção dum castelo
Murado de regozijo
Pra servir de esconderijo
Pra vida ainda criança
Que dava seus passos ternos
Nos primogênitos invernos
Do jardim da esperança.
4
Do lado oeste da vida,
Vi veredas de cansaços
Feitas pelos pés dos nos
Carregados de embaraços;
Presenciei a tristeza
Se banhar na correnteza
Do riacho da saudade,
Que arrastava os arquivos,
Guardiões dos negativos
Das fotos da mocidade.
5
Assisti cenas grotescas
Do filme da impotência
Gravadas pelo destino
Nas páginas da existência;
O rádio dos desencantos
Tocava a canção dos prantos
Chorados pela velhice
Que, cheia de desenganos,
Pagava o bonde dos anos
Pro reino da caduquice.
6
Depois desarmei a rede
Da vida pra terminar
De viver os últimos dias
De vida sem reclamar
Das derrotas e tristezas,
Desânimos e incertezas
Pelo destino cativo…
Mesmo de olhos cansados,
Foi bom olhar os dois lados
Da vida que ainda vivo.
Enviado pelo o autor
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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