Por José G. Diniz
O meu pandeiro de couro
Não tem coalhada na ceia
Nem o banco do namoro
O meu cachorro sumiu
A ferrugem do tempo destruiu
Minhas peças de metais
Saudade diga ao presente
Quando voltar novamente
Talvez não me encontre mais
Onde esta a panela de barro
E o velho fogão a lenha
Uma parelha de bois no carro
Meu pai fazendo a ordenha
E eu abrindo uma cancela
Para os bezerros passar nela
Para os espaços dos currais
Saudade diga ao presente
Quando voltar novamente
Talvez não me encontre mais
Destruíram aquele açude
Aonde eu tomava banho
Partiu minha juventude
Meu presente esta estranho
Diferente da linda infância
Estou sentindo a distancia
Do passado que não volta atrás
Saudade diga ao presente
Quando voltar novamente
Talvez não me encontre mais
Lembro meu cavalo pampo
Com quem rebanhava o gado
Passeando pelo lindo campo
O tom do poente alaranjado
O sol já estava se pondo
Escureceu em um segundo
Não via mais os animais
Saudade diga ao presente
Quando voltar novamente
Talvez não me encontre mais
Onde botaram aquela enxada
Que limpei erva e capim
Uma bela rosa perfumada
Que brotava em meu jardim
Das roseiras nem as sobras
Restaram os rastros das cobras
E os riscos ficaram nos areais
Saudade diga ao presente
Quando voltar novamente
Talvez não me encontre mais
Cade a primeira namorada
Aquela jovem meiga e bela
Que foi por mim bem amada
Sinto falta dos carinhos dela
Mas são coisas do passado
Só eu fiquei com isto lembrado
Nunca mais fiquei em paz
Saudade diga ao presente
Quando voltar novamente
Talvez não me encontre mais
Onde esta meu cavalo de pau
E a minha boiada de chifre
O anzol que eu pescava piau
E aquele meu velho rifle
E as pequeninas rolinhas
E os vôos das belas andorinhas
E os rouxinois nos frechais
Saudade diga ao presente
Quando voltar novamente
Talvez não me encontre mais
Cade aquele velho pilão
Onde pilávamos em três
Perneira, chapéu e gibão
Para usar campeando as reis
Só as lembranças me atingem
Não tem a maquina cinge
Jogaram foras os dedais
Saudade diga ao presente
Quando voltar novamente
Talvez não me encontre mais
Enterraram meu umbigo
Na porteira de um curral
Esquecer eu não consigo
Mesmo sendo natural
Não tem mais nenhuma ovelha
Nem tijolo e quebrou-se a telha
Da casinha dos meus pais
Saudade diga ao presente
Quando voltar novamente
Talvez não me encontre mais
A minha mamãe querida
Que tanto me deu carinhos
Sustentáculo em minha vida
Foi quem trilhou meus caminhos
Tirou os espinhos, botou flores
Foi quem curou minhas dores
Com seus abraços maternais
Saudade diga ao presente
Quando voltar novamente
Talvez não me encontre mais.
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