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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

ONDE, COMO E QUANDO ACONTECERAM AS MORTES DOS CANGACEIROS FERREIRAS.

 Por José Mendes Pereira

O primeiro Ferreira abatido em combate e que era irmão do ainda não capitão Lampião, foi o Levino Ferreira da Silva, o Vassoura, que era o segundo filho de dona Maria Sulena da Purificação, e primeiro do pacato José Ferreira da Silva.  

José Bezerra Lima Irmão e João de Sousa Lima.

Mas o escritor e pesquisador do cangaço José Bezerra Lima Irmão, garante em seu livro "Lampião a Raposa das Caatingas", que Antônio Ferreira da Silva era também filho de José Ferreira. 

Cangaceiro Antônio Ferreira da Silva.

Vamos apreciar o que disse o pesquisador e historiador do cangaço Geraldo Júnior, sobre a morte do então cangaceiro Levino Ferreira, o Vassoura: 

UM BREVE RESUMO SOBRE A MORTE DE LEVINO FERREIRA “VASSOURA” IRMÃO DE LAMPIÃO.


Por Geraldo Júnior

No dia 04 de julho de 1925, Lampião e seu bando chegam à Fazenda Melancia (Flores/PE) para um ajuste de contas com o proprietário de nome Zé Calú que estava sendo acusado por populares de molestar sexualmente suas próprias filhas.

Zé Calú previamente julgado e condenado por Lampião é violentado pelos cangaceiros que lhe impõe os mais terríveis castigos.

Nesse intervalo de tempo uma Força Policial Volante paraibana é acionada e parte em direção à localidade onde naquela ocasião encontravam-se os cangaceiros. 


A Volante comandada pelos Sargentos José Guedes e Cícero Oliveira chega à fazenda Melancias, e de lá parte em direção à localidade Baixa do Juá, no caminho passando por um Sítio chamado Tenório (Flores/PE) dá-se o encontro entre a Força paraibana e os cangaceiros. Um forte e violento combate entre Volantes e cangaceiros é travado e ainda no princípio do tiroteio o Sargento Cícero Oliveira é ferido mortalmente com um tiro na testa.

O confronto segue até o escurecer e durante a noite o tiroteio cessa. A tensão, a apreensão e o suspense se fazem presente nos dois lados. Gritos e insultos ecoam no silêncio da noite.

Ainda na penumbra da noite um cangaceiro do alto de uma pedra se expõe xingando e atirando contra os Soldados. Nesse momento um Soldado chamado Belarmino de Morais vendo apenas o vulto do cangaceiro devido o lusco-fusco atira contra o alvo e o bandoleiro é silenciado com um tiro certeiro. Sabe-se depois que o cangaceiro morto era Levino Ferreira “Vassoura”. Lampião sofre a primeira baixa da família em combate.


Ao amanhecer duas Volantes pernambucanas comandadas pelo Capitão José Caetano e pelo Sargento Higino Belarmino juntam-se à Força paraibana e o tiroteio novamente tem início.

Lampião e parte de seus comandados conseguem escapar deixando no campo de batalha três corpos sem as cabeças, pratica utilizada para dificultar a identificação dos cangaceiros mortos.

Levino Ferreira era apontado como o mais truculento, impulsivo e afoito dos irmãos Ferreira. Sua coragem e ousadia beiravam os limites da insanidade e foi justamente devido a sua imprudência que pagou com sua própria vida.

Lampião ainda seguiria no cangaço por pouco mais de treze anos. Seu ódio e desejo de vingança contra as polícias tomava grandes proporções e muitos ainda iriam sentir na pele o frio da lâmina de seu punhal.

Nas quebradas do Sertão.
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo).

O segundo Ferreira abatido foi o Antônio Ferreira da Silva. Vamos apreciar o que diz o escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima, sobre a morte do Antônio Ferreira:

A MORTE DE ANTÔNIO FERREIRA CHEGA AO CARIRI CANGAÇO FLORESTA

 Por João de Sousa Lima

João de Sousa Lima comanda a Caravana Cariri Cangaço no Poço do Ferro

 Dia 19 de abril de 2015, saí de Paulo Afonso na companhia dos amigos Josué Santana e Leide Soares, para nos encontrarmos com o casal de amigos Marcos de Carmelita e a professora Silvana, residentes na cidade de Floresta, Pernambuco, onde iriamos realizar uma visita técnica para registrar mais um dos pontos históricos que farão parte dos roteiros apresentados durante o evento Cariri Cangaço, encabeçado por seu curador, Manoel Severo. A pesquisa de campo teve como objetivo o mapeamento geográfico e histórico de um dos mais importantes fatos que marcam as histórias do cangaço na região pernambucana.

Um dos pontos mais visitados por Lampião e seus cangaceiros foi a fazenda Poço do Ferro, de propriedade do coronel Ângelo da Gia. A fazenda, na época do cangaço, pertencia a cidade de Floresta e hoje pertence a Ibimirim. A fazenda não teria tanta importância para os pesquisadores do cangaço se lá tivesse sido apenas mais um dos inúmeros coitos dos cangaceiros. Nessa fazenda o Rei do Cangaço perdeu seu irmão Antônio Ferreira. Dirigimo-nos para Poço do Ferro, sendo guiado por Marcos de Carmelita, porém sem conhecermos ninguém da localidade, assim como parentes que ainda residem por lá.

Quando avistamos a pequena placa com o nome da fazenda, paramos em uma cancela, abrimos e seguimos a estreita estrada. Mais a frente encontramos um casebre onde reside o senhor João David da Silva, sua esposa Maria das Graças e os filhos Joaquim e Graziela. O João David nos recepcionou, serviu água e nos levou ao lugar onde foi enterrado o Antônio Ferreira.

Uma pequena formação de pedras e uma cruz marca o local da sepultura. 

Marcos de Carmelita, João de Sousa Lima e Josué sendo recebidos pelos descendentes de Ângelo da Gia

Fizemos algumas fotos e fomos até a casa grande da fazenda, onde estavam  neta, bisnetos e trinetos de Ângelo Gomes de Lima, o Ângelo da Gia. Na casa grande fomos recebidos por Washington Gomes de Lima, bisneto do coronel. Um fato interessante é que disseram que não seriamos bem recebidos pela família e confesso que de todos esses anos de pesquisas e entrevistas, nunca tive uma receptividade tão calorosa como a que recebemos da família.

Travamos um diálogo em uma festiva roda de conversas, tendo por depoentes a neta do coronel e matriarca da família, a senhora Eunice Gomes  Lima e suas filhas Ruth Gomes Lima Laranjeira e Maria do Socorro Gomes Lima Cordeiro e ainda, do trineto João Vítor Gomes Lima. As histórias foram muitas mais sempre voltávamos ao episódio principal: a morte de Antônio Ferreira e a perseguição sofrida pela família e imposta pelas volantes policiais.

 Ângelo da Gia e a Caravana Cariri Cangaço na casa grande da fazenda...

Uma das informações importantes nos forneceu Washington que contou que dois dias depois da morte de Antônio, uma volante chegou na fazenda Poço do ferro, descobriu o túmulo do cangaceiro morto, desenterrou-o e cortou a cabeça e colocou em uma estaca da porteira do curral do casarão do coronel. Quando a polícia saiu o coronel mandou enterrar a cabeça no antigo cemitério da família. Antônio Ferreira tem, portanto dois túmulos, sendo um para o corpo e outro pra cabeça.

Virgolino e Antônio Ferreira

Em janeiro de 1927, Antônio Ferreira, Jurema e mais alguns cangaceiros estavam jogando baralho na fazenda Poço do Ferro, enquanto Luiz Pedro descansava em uma rede. Antonio pediu pra ficar um pouco na rede pois Luiz já fazia tempo que estava deitado. Quando Luiz Pedro tentou levantar da rede apoiando a coronha do mosquetão no chão, apoiou com força e na batida a arma disparou atingindo mortalmente Antônio. Lampião estava na Serra Negra e quando foi avisado correu pra saber da verdadeira história. O próprio coronel Ângelo da Gia contou que a morte havia sido de “SUCESSO” (termo que servia para designar um acidente). O cangaceiro Jararaca queria matar Luiz Pedro e os outros que estavam no lugar, Lampião não aceitou e por isso discutiram e Jararaca deixou a companhia de Lampião e seguiu outro rumo.

Locais onde foi morto Antônio Ferreira e porteira onde sua cabeça foi exposta...

Fala-se que foi aí o juramento que Luiz Pedro fez dizendo que seguiria Lampião até sua morte. Se verdade ou não a promessa, eles morreram juntos na fria manhã do dia 28 de julho de 1938. Na fazenda Poço do Ferro ainda restam as velhas pedras escuras que circundam covas das pessoas de várias gerações da família e duas dessa simbolizam a passagem do cangaço em suas terras. 

No final da conversa nos convidaram para um farto almoço regado a galinha cabidela, bode assado, arroz e feijão de corda. Porém o que mais me marcou nessa visita foram os sorrisos dos membros da família, que mesmo tendo sofrido os abusos e as injustiças de uma época tão marcada pela violência, não perderam suas essências de sertanejos valorosos e, sabem como poucos, receber calorosamente, aos que buscam os filetes de suas memórias históricas... Dona Eunice, Washington, Ruth, Maria Socorro e João Vítor, Deus proteja sempre vocês.

João de Sousa Lima, Historiador e escritor

Membro da ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso

Membro da SBEC- Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço

Conselheiro Cariri Cangaço

http://cariricangaco.blogspot.com/2015/04/a-morte-de-antonio-ferreira-chega-ao.html

O terceiro Ferreira abatido, foi Ezequiel Ferreira da Silva. Vamos apreciar o que diz o escritor e pesquisador do cangaço Âmgelo Osmiro, sobre a morte do Antônio Ferreira da Silva:

A MORTE DE EZEQUIEL FERREIRA (PONTO FINO) IRMÃO DE LAMPIÃO.

Por: Ângelo Osmiro (Fortaleza-CE)

Ezequiel Ferreira era exímio atirador, daí o apelido de " Ponto Fino". Irmão mais novo de Lampião, seria o último a entrar no cangaço, isso por volta de 1927, com menos de 18 anos de idade, permanecendo, até por volta de 1931.

Ezequiel Ferreira da Silva

A volante comandada pelo tenente ARSÊNIO, tendo obtido informações de que os cangaceiros estariam numa fazenda próxima à sede do município de Jeremoabo/BA, segue para as imediações com cerca de 15 homens. Chegando lá, entram em contato com um morador da região conhecido por Manoel Preto, esse após longa conversa, diz que os cangaceiros estão por perto.

O tenente em virtude do cansaço da viagem, da sede e da fome da tropa, resolve, ali mesmo, perto de uma cacimba, matar a fome e a sede que os estão desfalecendo.

Alguns soldados desarreiam e ficam despreocupados, aguardando para pegar os inimigos de surpresa. Escutam o tilintar característico de CHOCALHOS, mas nada desconfiam, pois pensam tratar-se de alguns animais aproximando-se para beber água, na verdade, ERA MAIS UM DOS ARDILOSOS PLANOS DE LAMPIÃO, aproximando-se dos inimigos com chocalhos, FAZENDO-OS CRER QUE UM REBANHO ESTAVA CHEGANDO PARA BEBER ÁGUA.

Pegando a volante (policiais) de surpresa, a fuzilaria foi geral, caindo mortalmente feridos vários soldados. O tenente ARSÊNIO que na ocasião portava uma metralhadora hot kiss, foi rápido na reação, evitando um desastre ainda maior, conseguindo atirar e, devido à rapidez dos tiros, assustam-se os cangaceiros, mas a metralhadora enguiçou, e o tenente, é obrigado a correr, mesmo assim tira o engate da arma, deixando-a sem utilidade.

Na rajada de metralhadora disparada pelo Ten. Arsênio, foi ferido mortalmente EZEQUIEL, o irmão de Lampião, sendo varado várias vezes pelas balas da volante, fato esse presenciado pelo cangaceiro ÂNGELO ROQUE, o mesmo Labareda, tendo dito:

- " Eu garanto que vi o oio bom de Lampião chorando. Nisso, cumpadre Lampião falou:

- "Perdi o gosto de ser cangaceiro. Mataram meu irmão " - Disse Lampião.

Os valores que EZEQUIEL carregava (dinheiro, joias etc...) Foram doados por Lampião a uma namorada do morto, que segundo informações estava grávida do mesmo, naquela ocasião.

Mas aí não termina a história. No ano de 1984, surgiu em Serra Talhada, um senhor de idade avançada, hospedado na casa do Sr. Genésio Ferreira, primo de Lampião, dizendo ser EZEQUIEL, e que teria ficado no grupo até julho de 1938, quando Lampião fez uma reunião, para comunicar aos companheiros que abandonaria o cangaço, e com ele, fugiram disfarçados: o próprio Ezequiel; Luiz Pedro e mais Félix da Mata Redonda, tendo Ezequiel permanecido no Estado do Piauí, enquanto Luiz Pedro e Lampião tomaram o destino de Goiás, onde esse teria morrido no ano de 1981.

Segundo o Sr. Luiz de Cazuza, com quem tivemos a oportunidade de conversar algumas vezes, em sua casa, na Fazenda São Miguel/Serra Talhada, ele estava com EZEQUIEL na casa de Genésio Ferreira. Em uma dessas conversas com ele, achava mesmo que se tratava do irmão de Lampião, pois respondeu algumas coisas que lembrava com precisão, embora a respeito de outras, não lembrasse, o que o deixou em dúvida. Mas, o Sr. Luiz de Cazuza contou-nos fatos que somente eles presenciaram e foram lembrados pelo velho com riqueza de detalhes, deixando-o ainda mais intrigado. Seria Ezequiel?

O escritor e pesquisador Hilário Lucetti também esteve com o suposto EZEQUIEL, e disse não ter dúvidas de que se TRATAVA DE UM IMPOSTOR.

Essa é mais uma polêmica que divide os pesquisadores do cangaço.
Particularmente, acredito que EZEQUIEL morreu no combate travado com o Ten. Arsênio no interior da Bahia.

Adendo: Ivanildo Silveira (Natal-RN).

COMPAREM AS FOTOGRAFIAS E DEIXEM SUAS OPINIÕES.

Fonte: facebook

Página: Geraldo JúniorO Cangaço

O último Ferreira abatido, foi o capitão Lampião, quando atacado pelas volantes comandadas pelo tenente João Bezerra da Silva, na madrugada do dia 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, na cidade de Porto da Folha, atualmente Poço Redondo, no Estado de Sergipe. 

https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=f3Vdxy8P8iw

Lampião e seus comparsas estavam se levantando das suas barracas, quando foram surpreendidos pela grande quantidade de tiros saída da metralhadora e fuzis, sem nenhuma chance de reagir contra os seus perseguidores. 

João Ferreira dos Santos - http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2023/09/joao-ferreira-irmao-de-lampiao.html

Mesmo não tendo sido cangaceiro em nenhum momento, dos Ferreiras só sobrou o João Ferreira dos Santos, o qual, obedeceu o pedido de Lampião, que ficasse cuidando das suas irmãs.

https://www.youtube.com/watch?v=ISn1AzuERc8&ab_channel=OCanga%C3%A7onaLiteratura

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

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