Clerisvaldo B. Chagas, 12 de novembro de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.145
Dez horas da
manhã em minha rua, neste domingo de novembro. Céu limpo, Sol forte, nem gente,
nem gato, nem passarinho, nem nada, absolutamente nada de animal ou gente na
via. Rua completamente deserta como se o povo do mundo tivesse se evaporado.
Nem chega coragem de calçar os tênis e perambular pelos
arredores. Os tênis porque a velocidade com que esse tipo de calçado chegou ao
comércio, fez desaparecer quase de uma vez os sapatos de couro. Foi mais uma
profissão extinta, a do engraxate ou engraxador como dizia ser o correto, o
professor de Português e Matemática, bancário Antônio Dias. Os inúmeros
engraxates que havia no sertão e que lutavam por alguns trocados contra a fome
de tempos difíceis, representavam os jovens pobres da periferia.
O primeiro golpe
nos jovens que tentavam sobreviver, foi o surgimento do sapato de verniz. Esse,
não precisava graxa, tic-tac e nem outros cuidados oferecidos pelos
engraxadores. Aquele número grande desses profissionais que se
acumulava na Praça Coronel Manoel Rodrigues da Rocha, muitas vezes ficava
sufocado com tantos sapatos masculinos e femininos que faziam montes perto dos
bancos de cimento. Porém, o tempo que tudo renova, fez chegar o sapato de
tecido que foi ficando cada vez mais atraente e usado com a força da propaganda.
Chegou para ficar tal o Jean, de origem americana. Golpeados engraxates,
golpeados alfaiates. Tudo em extinção. Muitas classes procurando outras
atividades que também logo serão extintas.
Essas
extinções de engraxates, de alfaiate, fazem desparecer outros profissionais:
retelhadores, tangedor de burro, a espanadador da casa, flandreleiro,
quebra-queixo, puxa, comprador de cinzas, sola, curtumes e vigias de praça. E a
medida que o tempo vai passando, vai desaparecendo outras profissões que mostravam
ser atualizadas, mas não eram. Tá ruim a coisa por que ninguém
consegue se dedicar a uma profissão que dure toda vida. E as tecnologias numa
velocidade incrível vai esmerilhando tudo.
Por que pensar
tanto no futuro!
MINHA RUA (B. CHAGAS).
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