Por José Mendes Pereira
Chegou em Mossoró pela manhã
numa caminhonete novinha em folha, vestido com uniforme do Instituto Nacional
de Pesos e Medidas. Foi direto ao Mercado Público Central. Entrou, e em uma
banca de carne, bateu o martelo sobre um balcão, identificando-se:
- Sou Pedro Carrasco, fiscal do Instituto Nacional de Pesos e Medidas. Qualquer
comprovação de irregularidade em balanças neste mercado – dizia o fiscal
irritadíssimo - além da multa aplicada correspondente a dois salários
mínimos, irá preso.
Os marchantes estavam diante de uma autoridade federal, e que Deus os acudisse. Alguns deles não valiam um tiquinho da consciência dos honestos. E havia até boatos que ali existiam marchantes de confiança mesmo, mas uma boa parte alterava as suas balanças, colocando pesos de duzentos gramas sob o prato que colocavam as mercadorias para pesar.
Os fregueses que no momento viam
de perto um fiscal de consumo, estavam felicíssimos. Finalmente chegara um
filho de Deus para fiscalizar a roubalheira de comerciantes safados, malandros,
oportunistas, que além de enganarem os seus fregueses, não tinham o mínimo
respeito por eles.
O seu Thomaz nem batia a passarinha. Se falassem em homens honestos, ele estava
naquele rol. Sua balança era aferida de seis em seis meses no próprio Instituto
Nacional de Pesos e Medidas, lá na capital do Estado do Rio Grande do Norete.
O fiscal além de nervoso, cuidadosamente examinava todas as Balanças.
- Esta daqui - dizia o nervoso fiscal ao seu ajudante – leva-a e ponha na
caminhonete.
E voltando-se para o marchante disse:
- A multa é referente a dois salários mínimos.
- Mas seu fiscal, é isso tudo que tenho que pagar?
- Que seu fiscal que nada, seu covarde! Enganando à sua clientela, e
ainda quer ter razão, não é seu descarado?
E arrastando o talão, fez a multa, e em seguida entregou-a dizendo-lhe:
- Passa para cá o dinheiro da multa! Eu espero que na próxima vez que eu passar
por aqui, sua balança esteja perfeita, aferida e com o selo do
"INPM". Do contrário, você irá ver o sol nascer pontudo.
E caminhou o fiscal em gritos, ordenando que ninguém escondesse a sua balança,
e a colocasse sobre o balcão para facilitar o seu trabalho.
No café da Corina Pereira Jácome, os seus fregueses assistiam de perto aquela humilhação feita
pelo fiscal, e estavam de peitos lavados.
- Assim, sim! – Fazia o Josué, um dos ajudantes no café da Corina - Com esta
pressão toda do fiscal do "INPM", nenhum comerciante terá coragem de
fazer alterações em sua balança, roubando-nos.
Todos presentes, menos os marchantes, já se orgulhavam, dizendo que a
cidade estava se desenvolvendo. Nunca havia chegado tal fiscal, agora aparecera
um protetor para a população.
O fiscal caminhava mantendo a sua autoridade. E ao ver a balança do Demétrius
suja, imunda, virando-a, viu um peso de duzentos gramas amarrado com cordão na
parte inferior. E já saiu cobrindo o marchante com braceadas e pontapés.
O apanhador pedia-lhe que batesse
devagar para não quebrar as suas costelas.
Mas o castigador estava com o cão nos couros, dizendo-lhe:
- Que devagar que nada, seu malandro! Você está pensando que eu estou com brincadeiras?
Após o grande castigo, obrigou-o a levar uma balança romana com pesos e tudo sobre a cabeça. O marchante reclamava, alegando que não tinha forças para pegar aquele tamanho peso. Mas tinha que levar, afinal estava diante de uma autoridade. E ele estava usando um grande desrespeito contra os seus fregueses.
Quando o fiscal terminou as aferições nas balanças dos marchantes, os seus bolsos vomitavam dinheiro. Também pudera! Eram muitas balanças, e apenas duas estavam de acordo com as suas exigências.
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