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sábado, 25 de outubro de 2025

25 DE OUTUBRO DE 1905 - CONTURBADO JÚRI DE ANTÔNIO QUELÉ E A INCRÍVEL DEFESA DO MONSENHOR AFONSO PEQUENO - PAJEÚ EM CHAMAS

Por Valdir José Nogueira

Foram os antigos rancores e os ódios de duas tradicionais famílias que se ascenderam para depois de um período de calma, volver a luta, quando no dia 17 de julho de 1905, Antônio Clementino de Carvalho e Sá (Antônio Quelé), assassinou em plena feira de Vila Bela o seu parente ex delegado de polícia, Manoel Pereira Maranhão (Né Pereira). A família Pereira sentiu-se afrontada com o ocorrido. Quelé foi preso, sendo transferido para a cadeia de Flores onde aguardou o julgamento.

Chegou enfim o dia 25 de outubro de 1905, designado para o júri de Antônio Quelé em Vila Bela. Isidoro Conrado, delegado de polícia de Belmonte e inimigo figadal de Quelé foi à vila com um grande cortejo de cangaceiros. Enquanto na Carnaúba mais de 60 homens em pé de guerra esperavam as suas ordens, além do contingente de cabras do coronel Antônio Pereira. Esse aparato todo para intimidar os jurados e para, como se falava a cem bocas, assassinar Quelé, caso esse fosse livre por unanimidade.

Muito tenso foi o desenrolar do julgamento que terminou as 2 e meia da madrugada, e se não fosse o jurado Salustiano Pereira Gomes, teria o réu obtido unanimidade.

Vendo que todas as testemunhas eram partidárias e agregadas dos Pereiras, o monsenhor Afonso Pequeno, ora constituído como advogado do réu ficou assombrado e pediu ao juiz que consentisse na oferta que ele queria fazer à casa, de um missal para as testemunhas deferirem o juramento com a mão nos Santíssimos Sagrados Evangelhos. O juiz consentiu. No tribunal o reverendo fez uma defesa eloquente, comovente, espetacular.

Antônio Quelé foi declarado inocente, eis o crime atribuído ao Monsenhor Afonso Antero Pequeno, eis a fonte de tanto ódio

O resultado do julgamento de Antônio Quelé abalou os alicerces da família Pereira. A sua absolvição foi o que demarcou o recomeço do conflito entre os Carvalhos e Pereiras no início do século passado, e que, de 1905 a 1922 transformou a ribeira do "Pajeú em chamas" num famigerado banditismo.

Valdir José Nogueira de Moura

Fotografia de Antônio Quelé de Carvalho na parede da casa da antiga fazenda Carrancudo, onde o mesmo faleceu no ano de 1919 aos 42 anos de idade. Hoje a fazenda Carrancudo, no município de Verdejante PE, pertence ao sr. José Laurindo de Carvalho, sobrinho de Marôta esposa do lendário Antônio Quelé de Carvalho.

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