Por Geraldo Maia do Nascimento
A Praça Bento Praxedes, no centro
de Mossoró, é ainda hoje conhecida por muitos como “Praça do Codó”. Poucos, no
entanto, sabem de onde vem essa denominação pejorativa para aquele logradouro.
A resposta remonta às campanhas
políticas dos anos 50 e 60, quando a maioria dos comícios eram ali
realizados. E foi exatamente na campanha presidencial de 1950 que o tal
batismo ocorreu. Naquele ano, o candidato da UDN, brigadeiro Eduardo Gomes, veio
a Mossoró para realizar um grande comício. A comissão organizadora
contratou um empreiteiro local para construir o palanque lá na Praça Bento
Praxedes. O palanque foi construído, pintado e decorado com cartazes do
candidato. Como acontece até os dias atuais, palanques de presidenciáveis são
bastante concorridos. E naquele ano não foi diferente. Na noite de 18 de agosto
de 1950 aconteceu o comício. Uma grande quantidade de pessoas subiu ao
palanque, não só candidatos, mas também as esposas e parentes. E com o excesso
de peso, o palanque caiu. Segundo o historiador Raimundo Soares de Brito, que
esteve presente naquele comício, o que aconteceu foi que o empreiteiro que
construiu o palanque, talvez para facilitar o seu trabalho, montou o piso
apoiado em tambores metálicos, que não suportando o peso achataram-se, fazendo
com que o tablado caísse e com ele todos os seus ocupantes. Pior ainda,
todos que ali estiveram fracassaram em suas candidaturas políticas, inclusive o
brigadeiro.
Duarte Filho
Depois desse acidente, uma série
de outros eventos programados para a Praça Bento Praxedes terminaram em
derrotas, como foi o caso da campanha para governador do Estado de 1955, quando
o Dr. Duarte Filho, candidato a vice do Dr. Manoel Varela, viu sua campanha
ruir. Insistindo em realizar seus comícios sempre naquela praça, o mesmo
aconteceu em 1958 e em 1963, nas campanhas para prefeito, quando o Dr. Duarte
Filho enfrentou, respectivamente, Antônio Rodrigues de Carvalho e Raimundo
Soares, perdendo as eleições, chegando a eleger-se apenas em 1966, ao Senado
Federal. E segundo as más línguas, só depois que o feitiço da praça foi
exorcizado.
Ao que consta, foi o Dr. Vingt
Rosado quem batizou a praça de “Codó” como uma forma de diminuir os ânimos dos
adversários, pois codó quer dizer azar ou carma negativa, em dialeto africano.
Coube ao então Deputado Federal
Aluísio Alves a tarefa de exorcizar a praça. Estava ele em campanha para
Governador do Estado em 1960, tendo ganhado de seu adversário político Dinarte
Mariz o apelido de “Cigano”, com a intenção de chamá-lo de falso, mentiroso. Ao
invés de se incomodar com o apelido, resolveu tirar proveito do mesmo
transformando-o em marketing de campanha. Assumiu a condição de cigano e,
conhecedor que era do “codó”, passou a anunciar que iria exorcizar o feitiço da
praça. Para tanto valeu-se dos microfones da Rádio Difusora, para mobilizar o
eleitorado de Mossoró em memoráveis passeatas, cujo percurso varava as
madrugadas, terminando sempre na Praça do Codó. Assim foi sua campanha
vitoriosa para governador em terras mossoroenses, Com a vitória de Aluísio,
estava quebrado o codó da praça. Cinco anos mais tarde voltava Aluísio a mesma
praça em campanha que elegeu seu sucessor, o Monsenhor Walfredo Gurgel. Era o
“cigano feiticeiro” que voltava a praça, onde uma multidão o esperava portando,
além dos já tradicionais lenços verdes, símbolo de campanha, trajes de cigano
que passou a ser mais um símbolo aluizista, em alusão ao exorcismo do codó da
praça. O feitiço estava quebrado, mas o nome já tinha sido incorporado a Praça
Bento Praxedes, que mesmo sem os fluidos negativos ficou sendo conhecida com
“Praça do Codó”.
Pesquisador e historiador Geraldo
Maia do Nascimento
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