Por: José Mendes Pereira
Esta outra foi contada em uma debulha de grãos de feijão, numa noite de um luar calmo e serenoso em minha residência. Não guardei na mémória o contador desta, pois eu ainda era muito criança. Mas todos que debulhavam vargens de feijão a ouviram com muito atenção.
O cangaceiro rifle de ouro - Antonio Silvino
Certo dia, dizia o contador da história, Antonio Silvino havia se arranchado bem perto de uma estrada, lá pras bandas de Pernambuco, e lá vinha um senhor montado em um jumento que carregava uns caçuás. E antes que o homem passasse, ele o interrompeu perguntando:
- Para onde o sinhô vai? - Perguntou-lhe com elegantemente.
- Vou à feira senhor, fazer compras.
- E quanto leva im seu bôço? - Quis saber Antonio Silvino.
- Levo comigo vinte mil réis.
- Poiz mi dê! - Pediu o cangaceiro as moedas do estradeiro.
O homem já sabendo que estava diante do cangaceiro Antonio Silvino, dias antes havia tomado conhecimento que o bandoleiro se encontrava naquela região, não recusou. Passou-lhe o dinheiro. E puxando as rédeas do seu animal, dirigiu-se voltando para casa.
Ao ver o homem tomando rumo a sua casa, Antonio Silvino perguntou-lhe:
- O sinhô disse qui ia fazê feira. Pur qui vai vortá?
- Eu ia Senhor. Mas o dinheiro que eu levava para comprar o necessário para minha família agora está no seu bolso
Antonio Silvino enfiou a mão no bolso, tirou o que era do homem, mais uma quantia do seu, e lhe deu dizendo:
-Agora vá à cidade e compri o dobro de alimentos pra seus fios e... Um cangaceiro que respeita o seu nome, assim como eu, não toma de quem não tem para dar.
O homem montou-se em seu sofrido animal, e sacudiu-se em busca da cidade para fazer suas compras. Só retornando ao entardecer, mas por outra estrada.
História que eu ouvi contar em uma debulha de grãos de feijão.
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