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domingo, 11 de setembro de 2011

REVENDO UMA DAS MINHAS SIMPLES HISTÓRIAS


Por: José Mendes Pereira


Enquanto os cangaceiros estão municiando  as suas armas, para nós seguirmos as suas trilhas, vamos rever uma das minhas simples histórias

O João Maleável prepara-se para passar férias na Escócia

Que férias hein João Maleável?! Tanta gente louca para passar umas férias pelo menos fora do seu Estado e não pode. E você agora está arrumando as malas para ir conhecer um outro país, hein! A Escócia!  
Por último ele estava arrumando as suas malas para viajar. Sim Senhor! Adquiriu um passeio dos bons, através do Padre José do Vale. (Esse Padre ajudou muito a jovens que pretendiam fazer cursos em outras universidades fora do Brasil.


Ele era vigário da Igreja do São João Batista, e que infelizmente o ano de dois mil e oito, a morte interrompeu os seus planos e trabalhos aqui na terra. Ele fazia parte de um órgão não governamental, e que fez muito pelos jovens de Mossoró, levando-os às universidades de outros países).  

Vamos voltar ao João Maleável? 

Antes de ser professor, tinha trabalhado cinco anos na igreja do São João Batista, prestando serviços na função de carpinteiro, e por último, ganhara um presentão desses. 
E tudo já estava prontinho, passagem reservada, passaporte, dinheiro na conta e outros. No momento em que reservou a passagem, exigiu logo: "Quero poltrona ao lado da janela, para eu ver o globo terrestre lá de cima"

A Magali, sua esposa, ficaria em casa com as crianças, enquanto o João Maleável se divertia na Escócia.  
Há anos que um dos seus grandes amigos, o Antônio Jerônimo residia por lá, e tinha ido ainda jovem em companhia do pai, que fora transferido da empresa em que trabalhava para prestar serviços na Escócia, a uma multinacional, e com ele embarcou toda família.
E logo o nosso professor enviou carta ao grande amigo, comunicando-lhe que pretendia passar as suas férias na Escócia, e se possível ele arranjasse uma boa casa, alugasse-a que acertaria depois, pois já estava com o passaporte em mãos e passagem comprada. “-Envie-me fotos de toda residência. - Exigiu ele através da carta”.


Não demorou. A resposta chegou às suas mãos acompanhada de fotos e de toda residência, sala, cozinha, quarto, área de serviços, mais os outros cômodos, a fachada da frente, as plantas frutíferas... 
Assim que ele olhou as fotos, notou que não tinha chegado as do banheiro sanitário, e às pressas enviou um telegrama para o amigo, comunicando-lhe que tinha interesses de saber onde ficava localizado o WC da casa alugada, já que a carta não detalhava o local do banheiro.  


No Brasil, é claro, todos nós sabemos que WC significa banheiro sanitário, ou simplesmente banheiro. Mas na Escócia significa capela. 
Dias depois, chegou a resposta escrita à mão. 
Caro amigo João Maleável:
O WC  fica distante da cidade seis quilômetros, e todos daqui só o frequentam aos domingos, feriados e dias santos.


A população caminha em mutirão para lá, e a estrada que nos leva até ele, fica aparentando formigueiros e causando admirações com os movimentos dos carros e das pessoas, uns indo e outros voltando.
Na entrada, cada pessoa recebe um papel, mas depois de usá-lo é obrigatória a devolução para servir em outros eventos. No momento do evento, uma jovem mocinha, entra, e em sua mão, conduz um baldinho, e nele, surge uma fumaça cheirosa, a qual fica esfumaçando o local.  As crianças tiram fotos de todas as posições. Os jovens  animam o evento, e os idosos são bem acolhidos no meio da juventude, os quais se responsabilizam pelas palavras amém!,para enfatizarem a ação. 
Sem mais nada para o momento. 
Antonio Jerônimo.
Assim que ele leu a carta, desistiu por total, e respondeu às pressas ao grande amigo.


Amigo Antônio Jerônimo:

Tenho o prazer de lhe agradecer pela a consideração e a atenção, as quais você me prestou por ter feito esforços em querer me acolher perto da sua casa, mas por outro lado, depois dessa sua informação, tenho o desprazer de lhe dizer que a Escócia jamais me verá, e como você sabe muito bem, aqui, não só em Mossoró, mas em todo Brasil, nós ainda não viciamos os nossos intestinos a passarem muitos e muitos dias maltratados. Continuamos com aquela velha moda de sempre, ocultamos-nos na hora das nossas necessidades fisiológicas, e as fazemos mais ou menos num espaço de vinte e quatro horas, e entre quatro paredes. Pois bem, se a sua Escócia está na era do modernismo e do desenvolvimento, provavelmente já chegou ao século vinte e dois, e nós daqui de Mossoró e do Brasil, ainda estamos vivendo o século vinte e um. Por isso continuamos atrasadíssimos, e até hoje nós não conseguimos adquirir o hábito de fazermos as nossas necessidades fisiológicas diante de todo mundo, e também não aceitamos que sejam feitas fotos na hora do ato.
Confiando em sua boa compreensão, sem mais, antecipando os meus sinceros agradecimentos. 

Sinceramente, João Maleável. 



Minhas simples histórias


 Water Closet
 Em inglês significa banheiro. Mas como o brasileiro tem mania de  usar estrangeirismo  nas suas escritas, apenas usa WC para significar banheiro.

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