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domingo, 13 de novembro de 2011

Sila - A cangaceira que alguns se esqueceram que ela era cangaceira

Por: José Mendes Pereira

Infelizmente, eu não conheço e nem conheci cangaceiros das regiões do Nordeste, apenas vi muitas vezes, mas de vista e chapéu, nos anos setenta,  o cangaceiro Asa Branca,


que morava na Rua Melo Franco, no bairro Bom Jardim, Mossoró, e eu residia na Rua Juvenal Lamartine, sendo uma paralela a outra, mas no mesmo quarteirão. Como eu nem sonhava ser um estudante do cangaço, nunca dirigir palavras ao velho cangaceiro.


Quanto à cangaceira Sila,  é provável que ela tenha fantasiado algumas de suas  respostas aos pesquisadores, mas o seu pouco tempo que passou no cangaço, na vida de horrores, que não era praticado por ela, e sim, pelos seus companheiros, não foi suficiente para entender o que era cangaço, muito menos para informar aos que lhe procuravam para dar o seu testemunho.

Já havia saído de casa, não sei,  quase obrigada, arrastada pelo seu futuro companheiro, o Zé Sereno, e com certeza, privada de estar no meio de muitos cangaceiros, obedecendo ordem do seu arrogante esposo, vivia em sua barraca como se fosse uma prisioneira.


Para entender o que seria cangaço,  naquela correria, tentando se livrar dos estilhaços de balas, e arrependida da boa vida que havia deixado para trás, pais, irmãos e familiares, levaria alguns anos.

Esquecer nomes de pessoas que conviveram com a gente, não é tão difícil; eu trabalhei vinte e cinco anos em sala de aula, e, alguns alunos e alunas que estiveram comigo durante quatro cinco anos no 1º. e 2º. graus, às vezes tenho vergonha de os encontrar, pois não sei mais os seus nomes. Imagine bem uma senhora que conviveu apenas dois anos no cangaço, ainda jovem, e talvez entrevistada após os seus setenta anos ou mais, não é de se admirar que ela não sabia mais  os nomes de alguns cangaceiros do seu grupo.

Se a Sila mentiu outros e outros também mentiram. Mas os pesquisadores, jornalistas..., todos têm que acreditarem nas respostas dos  seus entrevistados. Do contrário não adiantam ocupar ninguém para fazer perguntas. Seria como se dissesse: "Eu só acredito vendo".

Lembrem-se que a Sila foi uma cangaceira. Quem tem cultura, às vezes fantasia histórias, imagine uma cangaceira. Deixem a Sila participar do estudo  "cangaço", como as outras cangaceiras participam.

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