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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Na Trilha do Cangaço - Gato massacra por Inacinha


Grávida de oito meses, Inacinha descansava na Fazenda Retiro, em Alagoas, quando seu grupo é atacado pela volante do então sargento João Bezerra.


Na tentativa de fuga, ela é atingida na altura da nádega direita. Seu companheiro, Gato, tenta levá-la nas costas, mas a abandona no meio do caminho para também não ser preso.


Para resgatá-la, Gato protagoniza, no dia 28 de setembro de 1936, um dos maiores morticínios da história do cangaço. Acreditando que a mulher teria sido levada para Piranhas (a 290 quilômetros de Maceió), Gato parte com o objetivo de tirá-la da cadeia ou, então, seqüestrar a esposa de Bezerra para fazer uma troca.

Cyra, esposa do tenente João Bezerra

No caminho, onze pessoas são mortas a tiros ou a golpes de facão. No combate travado na cidade, mais duas vítimas, o telegrafista e um adolescente de 15 anos. Gato levou um tiro que fraturou sua coluna vertebral, ficando paralisado da cintura para baixo. Levado por alguns dos 16 cangaceiros que participaram da empreitada acabaria falecendo três dias depois.

De acordo com os escritores


Hilário Lucetti e


Magérbio de Lucena, autores de Lampião e o estado maior do cangaço, Gato teria instigado


Corisco a atacar Piranhas, mas este achava a ação temerária, porque a cidade era sede de volante. Como Gato partiu para ação, Corisco acabou seguindo-o. A atitude intempestiva e a falta de estratégia enfureceram


Lampião, porque aumentaria a ação policial no encalço dos cangaceiros. O sargento João Bezerra, que depois comandaria o ataque a Angicos, recebeu a promoção a tenente. Inacinha acabou dando à luz na cadeia, mas o bebê não sobreviveu. Como era menor de idade, não enfrentou nenhum processo judicial.

De mulher de cangaceiro, passou a ser esposa de um policial apelidado de Pé-na-tábua, por causa do hábito de dirigir em alta velocidade. Em entrevista ao Diário de Pernambuco, publicada em 3 de outubro de 1936 e reproduzida no livro Lampião, senhor do sertão, da francesa Élise Grunspan-Jasmin, Inacinha revela que foi raptada por Gato e que não gostava da vida do cangaço. "Um dia Gato me chamou para viver com ele, dizendo que, se eu não fosse, me mataria. Com medo das ameaças que recebia, abandonei a minha casa para acompanhar o bandido. E assim passei todo esse tempo com os cabras nas caatingas".

Diário de Pernambuco

FUNDAJ NOS JORNAIS

 

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