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sábado, 7 de janeiro de 2012

Auto da Liberdade - A História por trás do Espetáculo - 18 de Setembro de 2011

Por: Geraldo Maia do Nascimento

A Cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, tem em sua história elementos ricos em heroísmo e pioneirismo. Heroísmo quando a população, mediante a eminência de ser atacada por um bando numeroso de cangaceiros e sem poder contar com a ajuda da polícia, cuja presença na cidade era insignificante, foi à luta, montando trincheiras, desafiando os bandidos, vencendo a batalha. Foi heroico o ato das mulheres mossoroenses ao defenderem a ideia de não aceitar o alistamento obrigatório de seus filhos para o exército, quando num passado recente milhares de jovens tinham perdido suas vidas na Guerra do Paraguai. E fizeram isso portando as armas que lhe eram peculiares, que eram panelas e outros utensílios domésticos. Claro que o movimento ocorrido numa pequena cidade do interior nordestino não afetou a decisão do Império, mas fizeram a sua parte, defenderam suas ideias, tornaram-se heroínas. 

Pioneirismo quando aboliram os seus escravos cinco anos antes da famosa Lei Áurea, seguindo o exemplo da nossa vizinha província do Ceará, onde o movimento havia começado. Ou quando deu a Professora Celina Guimarães o direito de votar, tornando-a a primeira eleitora da América Latina. Pioneirismo ainda de recontar esses feitos anualmente, através de grandes espetáculos. 

É desses espetáculos que vamos falar. Não do espetáculo em si, mas da história por trás do espetáculo. Eu conto da história; outros contarão do espetáculo. 
               
                 
               
No mês de setembro é encenado o Auto da Liberdade, espetáculo formado por quatro momentos da nossa história: A Revolta das Mulheres, episódio ocorrido em 30 de agosto de 1875, onde cerca de trezentas mulheres foram às ruas para protestar contra a obrigatoriedade do alistamento militar, rasgando os editais de convocação e enfrentando a polícia, tendo como armas apenas panelas e outros apetrechos domésticos; a Libertação dos Escravos de Mossoró, ocorrida em 30 de setembro de1883, que é o carro-chefe do espetáculo. Outro episódio que também faz parte do espetáculo é a defesa de Mossoró contra o bando de cangaceiros chefiados por Virgulino Ferreira da Silva, o temível Lampião, em 13 de junho de 1927 e finalmente a primeira concessão de voto a uma mulher, que foi dada a professora Celina Guimarães Viana, em 25 novembro de 1927. 

O Motim das Mulheres de Mossoró foi um movimento de protesto ocorrido em 30 de agosto de 1875, contra a obrigatoriedade do alistamento militar para os jovens. 

Corria o ano de 1875 e o país vivia uma fase de intensa vibração partidária. Vários movimentos populares estouravam no Brasil e o clima se agravou mais com a queda do Gabinete de 7 de março de 1871, presidido pelo Visconde do Rio Branco. Para substituir o Visconde, o Imperador convidou o Duque de Caxias para organizar o Ministério de 25 de junho. Ao assumir o Ministério, no entanto, Caxias deparou-se com uma medida extremamente impopular: o Decreto nº. 5.881 de 27 de janeiro de 1875, que aprovava o regulamento do recrutamento para o Exército e Armada. Mas o recrutamento, que no momento era indispensável e lógico, exasperou o povo e constituiu elemento poderoso de irritação coletiva. E em quase todo o país estalaram tumultos provocados pela aplicação da lei do recrutamento. 

No Rio Grande do Norte vários protestos populares surgiram contra a aplicação da tal lei. Em Mossoró, o movimento não passou em branco. Mais uma vez a fibra do povo mossoroense foi mostrada. Ninguém desejava que seus filhos fossem apanhados para o serviço militar, notadamente quando era sabido das intenções dos chefes políticos dominantes em darem preferência a filhos de adversários. Foi aí que um grupo de mulheres, inspiradas nos movimentos que estavam acontecendo no restante da Província, promoveram uma manifestação e consequente passeata pelas ruas da cidade, rasgando os editais afixados na Igreja de Santa Luzia como também livros e papeis relativos ao alistamento, encaminhando-se depois a redação do jornal O Mossoroense, onde destruíram cópias dos editais que ali estavam para serem publicados. Saindo dali, foram para a Praça da Liberdade, onde entraram em luta corporal com os soldados que haviam sido enviados para dominar a rebelião, tendo como resultado algumas mulheres feridas, só não assumindo consequências mais graves graças à interferência de outras pessoas que se encontravam no local.
               
Continua na próxima semana

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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

Fonte:
http://www.blogdogemaia.com/index.php?arq=09/2011

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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