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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O Auto da Liberdade - Parte I - 13 de Setembro de 2010

Por: Geraldo Maia do Nascimento
Geraldo maia e Dr. Vingt-un

A partir desta semana vamos começar a tratar alguns episódios históricos de Mossoró que estão inseridos no espetáculo teatral “Alto da Liberdade”, que anualmente é encenado em praça pública para lembrar as novas gerações os feitos heróicos dos nossos antepassados.
               
São quatro momentos da nossa história: a Libertação dos Escravos de Mossoró, ocorrida em 30 de setembro de1883, que é o carro-chefe do espetáculo. A Revolta das Mulheres, episódio ocorrido em 30 de agosto de 1875, onde cerca de trezentas mulheres foram às ruas para protestar contra a obrigatoriedade do alistamento militar, rasgando os editais de convocação e enfrentando a polícia, tendo como armas apenas panelas e outros apetrechos domésticos. Outro episódio que também faz parte do espetáculo é a defesa de Mossoró contra o bando de cangaceiros chefiados por Virgulino Ferreira da Silva, o temível Lampião, em 13 de junho de 1927 e finalmente a primeira concessão de voto a uma mulher, que foi concedida a professora Celina Guimarães Viana, em 25 novembro de 1927.
               
A cada semana trataremos de um desses movimentos, começando pela libertação dos escravos e seguindo, em ordem cronológica, até o advento da primeira concessão de voto feminino da América Latina.
               
Mossoró foi a primeira cidade do Rio Grande do Norte a fazer campanhas sistemáticas para libertação dos seus escravos. Não foi uma luta de poucos; foi uma luta que envolveu, de uma maneira ou de outra, toda a cidade. E por ter sido uma luta coletiva, pacífica e pioneira no Estado, é comemorada ainda hoje como sendo a maior festa cívica local.
               
Mossoró, particularmente, nunca foi uma cidade escravocrata. Possuía apenas 153 escravos em 1862, para uma população livre de 2.493 indivíduos. Estatisticamente o percentual era insignificante. A cidade não tinha engenhos; cuidava do gado e para isso não precisava de muitos braços. A idéia de libertação foi trazida do Ceará, através da Loja Maçônica “24 de junho”, e conquistou a opinião pública. E como isso aconteceu?
               
Em 6 de janeiro de 1883 foi criada \"A Sociedade Libertadora Mossoroense\", uma entidade cujo objetivo era tornar viável a libertação de todos os escravos da cidade de maneira pacífica e ordeira. A Sociedade Libertadora tinha um Código, com um único artigo e sem parágrafos, onde estava determinado que \"todos os meios são lícitos a fim de que Mossoró liberte os seus escravos\".
               
Nessa época, Mossoró contava apenas com 86 escravos. A 10 de junho eram alforriados 40 desses escravos. A idéia empolgava a toda população, de modo que nenhum fez questão alguma de liberar seus escravos, independente de indenização.
               
O dia 30 de setembro de 1883 foi a data designada para a liberação total dos escravos; e o objetivo foi alcançado.
               
No dia 30 de setembro de 1883, a cidade amanheceu com as ruas todas engalanadas de folhas de carnaubeiras e bandeiras de papel coloridas. A alegria contagiava todos os lares. Ao meio-dia, a Sociedade Libertadora Mossoroense se reunia no 1º andar do prédio da Cadeia Pública, onde funcionava a Câmara Municipal. O Presidente da Sociedade Joaquim Bezerra da Costa Mendes, abre a solene e memorável sessão, lendo em seguida, diversas cartas de alforria dos últimos escravos de Mossoró, e depois de emocionado discurso declara \"livre o município de Mossoró da mancha negra da escravidão\".
               
Depois da sessão, a festa tomou as ruas da cidade. O Dr. Almino Afonso pronunciou inúmeros discursos, empolgando os auditórios que o aplaudiam delirantemente. E foi também o Dr. Almino Afonso que criou o \"Clube dos Spartacos\" composto, na sua maioria, por ex-escravos, tendo sido eleito presidente o liberto Rafael Mossoroense da Glória. A função desse clube era dar abrigo e amparo aos ex-escravos, que aqui chegavam por mar ou por terra. Era a tropa de choque dos abolicionistas. Como território livre, Mossoró passou a ser procurada por todos os escravos que conseguiam fugir. Sabiam que aqui chegando, encontravam abrigo. O Clube dos Spartacus sempre conseguia evitar que os escravos voltassem com os donos. Tudo isso aconteceu cinco anos antes que a Princesa Isabel assinasse à famosa \"Lei Áurea\", que acabava com a escravidão em todo território nacional.
               
O dia 30 de setembro passou a ser a grande data cívica da cidade. A Lei nº 30, de 13 de setembro de 1913, declara feriado o dia 30 de setembro que até os dias atuais é comemorado com muito entusiasmo pela cidade de Mossoró.

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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

Fonte:
http://www.blogdogemaia.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

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