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terça-feira, 17 de abril de 2012

Forte identidade, autoestima e poder: a moda de Lampião e seu bando de cangaceiros

Por: Ignez Pitta
lampiao Forte identidade, autoestima e poder: a moda de Lampião e seu bando de cangaceiros

Em meio à paisagem árida do nordeste, no final do século XIX e começo do século XX, as injustiças sociais fizeram surgir – tal como hoje o crime organizado nas favelas das grandes cidades – bandos armados que, em correrias a cavalo pelo sertão, saqueavam e matavam, impondo sua vontade.
Tal como hoje, a reação do estado era insuficiente e os cangaceiros faziam alianças com os coronéis, oprimindo e outras vezes até beneficiando a população, diante da ausência do poder público.
Lampião e o seu bando foi o mais famoso, talvez porque criou uma forte identidade visual, verdadeira moda do cangaço. Vestidos em roupas de couro, para poder enfrentar os espinhos da caatinga, portavam um chapelão, dobrado em forma de meia-lua e todo contornado por moedas de ouro e prata, sustentado por uma tira de couro, na testa, também fulgurante desses metais, assim como outras tiras cruzadas no peito, para levar a munição, igualmente recobertas de brilhos, o que criava um conjunto impressionante, fulgurando ao sol, junto com os rifles.
Para a população do semiárido, que vivia mergulhada em cores pastel, cinzas e marrons, a visão cintilante do ouro e da prata brilhando ao sol era um impacto, que maravilhava e amedrontava. O próprio Lampião era muito vaidoso, usava perfume francês e um lenço no pescoço, preso por um anel de formatura em Direito.
Sem dúvida, muito da mística que se criou em torno do bando deve ter surgido daí, dessa aparência que transmitia poder, sedução e uma enorme autoestima. Como já existia na época a fotografia e o cinema, Lampião deixou-se filmar e fotografar junto com seu bando, preservando para o futuro essa imagem de forte identidade, tantas vezes reproduzida em filmes.

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