Por José Romero
Araújo Cardoso(*)
A
responsabilidade que tem a “indústria das secas” articulada à
mídia irresponsável para a veiculação de uma idéia negativa do Nordeste
brasileiro é algo impressionante, pois é extremamente nefasta a imagem
disseminada da pobreza crônica e insolúvel dos desditados nordestinos.
Atendendo a indisfarçável interesse de classe, a idéia de que o Nordeste
amargue de forma inclemente e absoluta com as secas e com a miséria faz com que
o restante do Brasil crie formas distorcidas quanto ao imaginário
referente a esta região de cultura esplêndida e riquíssima. Em folheto por
título O Lado Bom do Nordeste, o poeta popular Moreira de Acopiara, em
perfeita sincronia entre rima, métrica e oração, destaca o que há de belo
e positivo no povo e na cultura da região. Publicado no Estado de São
Paulo no ano de 2004, o folheto traz ilustração de capa de autoria de
Fausto Bergoni. Moreira de Acopiara convida àqueles que foram alienados pelo trabalho
meticuloso e impecável de pura essência ideológica a conhecer de perto as
riquezas nordestinas. O autor destaca as belezas de sua terra natal, frisando a
grandeza da hospitalidade do homem nordestino, a beleza das mulheres cearenses,
as delícias da culinária regional e a necessidade urgente de se conhecer o
sertão.Constata-se que a urgência em conhecer o sertão talvez se deva às
formas assumidas pela intensa antropização, a qual está suscitando a exponencialidade
do processo de desertificação do semi-árido nos dias atuais, fruto da
irresponsabilidade da ganância imediatista que despreza as condições edafo-climáticas
ímpares que caracterizam o quadro natural da região. Invocando a necessidade
de verificar os dois lados da moeda, o autor destaca que há riquezas em
São Paulo assim como em Fortaleza, Salvador e Maceió, ressaltando que também há
pobreza no norte e no sul.Centro econômico dinâmico da América Latina, a região
sudeste não conseguiu resolver problemas graves presentes na atual conjuntura,
referentes à geração de emprego e renda, moradia, saúde e educação, assistindo
passivamente ao surgimento de favelas como cogumelos após chuvas, problemas
infelizmente também constatados no nordeste brasileiro. Paisagens sertanejas
que encantaram Catulo da paixão Cearense, as quais inspiraram um dos maiores
clássicos do cancioneiro regional, são fomentadas a fim de implementar a atração
e a mudança de concepções presentes no imaginário referente à região enfocada
no folheto.Em um telúrico passeio literário pelas belezas dos Estados Nordestinos,
Manoel de Acopiara enfatiza a grandeza da cultura local, conclamando os
brasileiros a conhecer e se conscientizarem sobre o verdadeiro potencial
do lado bom do nordeste.Fértil celeiro da mais autêntica cultura popular,
o nordeste é cantado e decantado em versos pela brilhante verve do poeta
popular cearense, a qual não esqueceu de mencionar figuras imortais como
Patativa do Assaré, Gonzagão e Manoel Monteiro. Finalizando o folheto com uma
declaração de amor ao nordeste, Manoel de Acopiara destaca que a região é a
terra melhor do mundo, pois a maior virtude está justamente na afabilidade do
seu povo e no coração imenso que bate no peito dos sofridos e esperançosos nordestinos.
(*) José
Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor Adjunto do Departamento de
Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em geografia e Gestão Territorial e
em Organização de Arquivos. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Enviado pelo
autor:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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