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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Lampião e seus cabras: representações do cangaço na cultura popular

Por: Caio César Santos Gomes

Os estudos sobre o cangaço estão presentes nas diversas áreas da pesquisa histórica, uma vez que essa temática foi e continua sendo um ponto de discussão sobre o qual emergem diversos questionamentos que contribuem para a produção de pesquisas acadêmicas e profissionais.

Do ponto de vista da historiografia, muitos estudos referentes ao cangaço já foram produzidos, o que corrobora a importância de tal assunto para a história regional e nacional. A maioria dos estudos realizados se debruça sobre o movimento em questão, bem como o resultado material de suas ações pelos sertões do nordeste brasileiro. Porém, cabe salientar que a presença o cangaço tem sua importância reconhecida não apenas devido às proporções que o movimento tomou ao longo de décadas. Uma das marcas deixadas pelo cangaço foi a forte influência nas formas de representação cultural.

O movimento do cangaço tem uma presença marcante em diversos segmentos da cultura popular do Nordeste brasileiro. As influências podem ser facilmente percebidas, merecendo destaque a literatura pela vasta produção sobre o assunto. Mas essas influências não estão restritas ao campo da literatura, elas também aparecem com bastante solidez no teatro, na música, nos grupos de bacamarteiros, na culinária, no artesanato, no cinema, enfim, numa série de manifestações que retratam o cotidiano popular.

O artesanato regional é um forte repositório dos elementos figurativos e representativos do movimento. Em qualquer ponto turístico da Bahia ao Ceará é possível encontrar diversas lembrancinhas que remetem a figura dos cangaceiros. Outro repositório são as feiras livres, que vendem a céu aberto vários utensílios típicos da época e que remonta ao período do banditismo social e a ação dos cangaceiros nos sertões como os típicos chapéus e sandálias em couro, armas brancas como facas e facões, lamparinas, esteiras, chapéus de palha, enfim, uma série de elementos que eram utilizados no dia-a-dia por Lampião e seu bando.

Uma das maiores formas de representação e difusão do cotidiano do cangaço são as quadrilhas juninas, desde aquelas que apresentam o casal de cangaceiros Lampião e Maria Bonita, até as que trazem no nome a referência ao cangaço. Um dos refrões mais conhecidos do grande público: “Acorda Maria Bonita! Levanta vem fazer o café, que o dia já vem raiando e a polícia já ta de pé.” é presença garantida na maioria das quadrilhas juninas, e mostra como era o dia-a-dia de um grupo de cangaceiros: acordar cedo, preparar algo para comer e logo em seguida sair em fuga para escapar das forças volantes.

A existência dos elementos representativos do cangaço na cultura popular como observamos, é uma realidade que a todo tempo se mostra presente no nosso dia-a-dia. Por vezes, é comum que esses detalhes passem despercebidos aos nossos olhos, mas basta observar ao nosso redor e veremos que ainda se mantém viva as tradições e as memórias de Lampião e seus cabras em na região, e cabe a pesquisa histórica e principalmente as futuras gerações preservar esse patrimônio tão rico e memorável que são as tradições, as representações, enfim, a cultura popular, maior marca da identidade de um povo.

Caio César Santos Gomes - Graduado em História pela Universidade Tiradentes (UNIT); Pós-graduando em Ensino de História pela Faculdade São Luís de França (FSLF)

http://meuartigo.brasilescola.com/historia-do-brasil/lampiao-seus-cabras-representacoes-cangaco-na-cultura-.htm

http://blogdomendesemendes.blogspot.com


Um comentário:

  1. Anônimo11:14:00

    Gostei, companheiro Mendes da música do menino VOLTA SECA.
    Você veja como são as coisas da vida: Antonio dos Santos (Volta Seca), foi empurrado para a vida da caatinga, entre os 13 a 14 anos. Era portador de uma valentia tremenda; matou gente; foi preso por mais de 20 anos, e ao ganhar a liberdade gravou músicas, inclusive teve comportamento exemplar atrás das grades. A VIDA CARO MENDES, É ASSIM; POUCO A CONHECEMOS.
    Grato,
    Antonio Oliveira das Terras de Serrinha

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