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quarta-feira, 15 de junho de 2016

JORNAL O GLOBO – 04/10/1938 PERSEGUIU “LAMPIÃO” ATÉ VENCÊ-LO!

Material do acervo do pesquisador do cangaço Antonio Corrêa Sobrinho
Imagem de João Bezerra extraída da internet.

Está no Rio o capitão José Bezerra, comandante da tropa volante que exterminou o Rei do Cangaço

- O cangaço vai acabar, dizia o capitão Bezerra ao repórter do GLOBO, a bordo do “Itaquiné”.

- Mas como, capitão?

- Com a morte da maior das suas figuras, o “Lampião”. Digo isto porque, depois dos sangrentos acontecimentos da fazenda de Angico, observou-se um abatimento moral que atingiu quase a totalidade dos cangaceiros. A “revanche” de Corisco foi um lamentável equívoco, que ele próprio reconheceu, após o bárbaro massacre.

O nosso entrevistado iniciou assim, demorada palestra revelando episódios sobremaneira impressionantes.

- Quando terminou o combate, explicara o capitão, recolhemos os corpos dos mortos e iniciamos o reconhecimento. Maria Bonita foi facilmente identificada; aliás, aproveito a oportunidade para dizer pelo GLOBO, que ao contrário do que certo jornal noticiou, ela não estava viva. Quando ordenei que a sua cabeça fosse decepada, esta estava bem morta. Tinha nas mãos um pente e estava caída em decúbito dorsal. Depois prossegue o capitão Bezerra, após ligeira pausa, foi a vez de reconhecermos José Luiz, o “Sexta-Feira”.

“É Lampião!”

- Eu estava ainda bastante cansado. Reuni o meu pessoal e perguntei por Lampião. Um deles, um soldado de nome Soares, que em outros tempos fora seu coiteiro e que depois se regenerou e passou para o lado da lei, disse-me.

- Capitão, este aqui é Lampião.

- O que estás dizendo, rapaz tem certeza?

- Absoluta, capitão, não posso me enganar. É ele, sim.

Inútil seria descrever a alegria e a satisfação de que me vi possuído. Esqueci por alguns momentos a dor que sentia no braço, causada pelo ferimento que recebi em combate e esfreguei as mãos de contentamento. Imediatamente ordenei que fossem decepadas todas as cabeças e iniciei a marcha de regresso ao mundo civilizado a fim de transmitir a todos a auspiciosa notícia: Lampião morrera!

O elogio do “rei do cangaço”

Agora o capitão Bezerra, passa a falar sobre a bravura e inteligência de Lampião.

- Em todos os combates na caatinga, que durante a minha campanha contra o cangaço tive de empreender, nenhum deles me impressionou vivamente. Com Lampião, porém, a coisa era diferente. Era ele, de fato, valente e o que mais me admirava era a facilidade com que ele fugia ao cerco. Por três vezes ele me escapou. Os seus caibras eram destemidos e tinham perfeita noção de estratégia militar.

Porque cortou as cabeças

- Houve quem condenasse a minha atitude mandando decepar as cabeças dos caibras, tachando aquele meu ato de desumano. Quem conhece, porém, a caatinga, como eu, via logo que era impossível carregar os corpos. Depois do combate, o meu pessoal, que havia caminhado dois dias sem descansar, não podia conter-se em pé. E, assim, tornou-se impossível o transporte dos corpos. As cabeças, sim, era preciso carregar, pois que somente daquela maneira poderíamos provar que Lampião, maria Bonita e alguns cabras haviam sido mortos. Sinto, entretanto não ter podido capturar um deles, para que revelasse a todos o que foi o combate de Angico.

Um livro e várias conferências

O capitão Bezerra, segundo nos declarou, está escrevendo um livro, intitulado “A morte de Lampião”. Nesse livro ele irá escrever a própria vida na caatinga e o combate que se desfechou com a morte de Lampião.

Durante a sua permanência nesta capital, o capitão Bezerra realizará uma série de conferências expondo sérios problemas relativos ao cangaço. 

Fonte: facebook
Grupo: O Cangaço
Link: https://www.facebook.com/groups/ocangaco/permalink/1243420979004351/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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