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quarta-feira, 15 de junho de 2016

FUNDAMENTOS TEÓRICOS PARA A ANÁLISE GEOECOLÓGICA DE PAISAGENS REFERENTE À RESSURGÊNCIA CALCÁRIA DO POÇO FEIO (COMUNIDADE RURAL DO BONITO, MUNICÍPIO DE GOVERNADOR DIX-SEPT ROSADO – ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE)

Por José Romero Araújo Cardoso

A relação dialética e intercalada entre ciências naturais e sociais, enfatizada pela análise geoecológica das paisagens, permite estudos do meio físico com os sociais, econômicos e culturais, com vistas a viabilizar a melhor forma de gestão ambiental, numa tentativa de contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população com necessário respeito à natureza.
         
Cavernas calcárias inundadas, sobretudo as complexas formações espeleológicas do relevo cárstico na forma de ressurgência, caracterizam-se pela heterogeneidade sistêmica de funcionamento da paisagem, dotada de sensíveis ecossistemas, sendo marcada pela peculiaridade na absorção, transformação e consumo de energia, matéria e informação.

Rodrigues, Da Silva e Cavalcanti (2007) afirmam que o conjunto de Axiomas sobre a Teoria da Paisagem, mais comumente aceito, foi elaborado por Preobazhenskii e Aleksandrova (1988).
 Os teóricos russos destacam em seu conjunto axiomático que o mundo em que vivemos é sistêmico, marcado pela existência de inter-relações, sendo ainda hierárquico.
          
O axioma temporal articula passado, presente e futuro, enquanto o planetário defende que existe manifestação da diferenciação do espaço na dimensão planetária. Conforme Preobazhenskii e Aleksandrova (1988 In Rodrigues, Da Silva e Cavalcanti (2007)) há ênfase ainda ao axioma terrestre, marcado por traços fundamentais pertinentes ao planeta Terra e, finalizando, o axioma paisagístico, o qual destaca que “a estruturação contínua da esfera geográfica da Terra, manifesta-se na presença de partes sistêmicas terrestres e aquáticas (as paisagens) qualitativamente diferenciadas umas das outra e hierarquicamente subordinadas” (RODRIGUES, DA SILVA e CAVALCANTI, 2007).
         
Troppmais e Galina (2006) referem que não devemos aplicar a Teoria dos Geossistemas a uma área de alguns decâmetros, hectares ou metros quadrados, pois quando se trata de áreas muito limitadas há necessidade de recorrermos a subdivisões como Geofáceis, Geótopos e outras unidades menores.  
          
Em razão da área a ser estudada, enquanto entorno da caverna calcária do Poço Feio, ter sua dimensão territorial reduzida, precisando ser definida com precisão posteriormente, torna-se necessário recorrer a Bertrand (1969) cuja teoria vem contribuindo significativamente para a consolidação da análise geoecológica das paisagens, cujo embrião germinou na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Várias contribuições foram dadas pelas Escolas Soviéticas. Sotchava tornou-se referência ao realizar estudos sobre a geoecologia das paisagens, tendo realce ainda sua literatura sobre a questão do método (Id. 1977). Troppmais e Galina (2006), alicerçando-se em Beroutchavilli e Bertrand (1978), destacam que dentro da geografia foi Sotchava que, em 1960, criou o termo Geossistema – Sistema Geográfico ou Complexo Natural Territorial.
          
A Taxonomia Classificatória defendida por Bertrand destaca hierarquia em que abaixo da unidade maior encontra-se ênfase à escala local, os Geofáceis, e à microescala, o Geótopo.
          
Encarando o objeto de estudo na classe inferior, pois, ainda conforme Bertrand (1969), os termos Geossistema e Geótopo equivalem-se na Ecologia aos termos Ecossistema e Ecótopo, poderemos fornecer informações com maiores detalhes a fim de que sejam conhecidos aspectos multidisciplinares contidos na análise geoecológica da paisagem proposta para o entorno da caverna calcária do Poço Feio, através da qual buscamos contribuir para a efetivação de sustentável qualidade de vida e gestão ambiental para área extremamente deprimida, localizada no conjunto das adversidades verificado no semiárido nordestino, buscando efetivar premissas definidas em leis, como as que regulamentam as unidades de conservação (BRASIL, 2000), meio ambiente (BRASIL, 1981) e, especificamente, formações espeleológicas (BRASIL, 1990), tendo em vista que o turismo ecológico quando praticado com o planejamento adequado, dentro dos princípios da sustentabilidade, possibilitará a proteção do ambiente natural onde se desenvolve e trará oportunidade de melhoria da qualidade de vida para a população local (FRAGA, 1999).      

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BEROUTCHACHVILLI, H.; BERTRAND, G. Le Geosystéme ou Systeme Territorial Naturel.Toulouse: Revue Géographique dês Pyrinées et du Ouest, 49 (2): 167-180, 1978. InTROPPMAIS, H.; GALINA, M. H. Geossistemas. Mercator.Revista de Geografia da UFC, ano 05, número 10, 2006.  P. 79-88, p. 80.
BRASIL. Lei n. 6.938. Política Nacional de Meio Ambiente. Brasília, 1981.
______. Decreto Federal n. 99.556. Brasília, 1990.
______. Lei n. 9.985. Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC. Brasília, 2000.
FRAGA, Carlos Roberto da Silva. Cabo de Santo Agostinho: Potencialidades Ecoturísticas e Degradação Ambiental. Olinda: Mimeo., 1999. 20 p.
MINAYO, M. C. de S. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 14 ed. Petrópolis: Vozes, 1994. 180 p.
PREOBAZHENSKII; V. S.; ALEKSANDROVA, T. D. (Eds.). Fundamentos Geoecológicos da Projeção e do Planejamento Territorial. Moscou: Editora da Academia de Ciências da URSS, 1988. 114 p. (Em Russo). In RODRIGUEZ, J. M. M; DA SILVA, E. V.; CAVALCANTI, A. P. B.Geoecologia das Paisagens: Uma Visão Geossistêmica da Análise Ambiental. 2 ed. Fortaleza: Edições UFC, 2007. 222 p.: Il.
______________. KUPRIANOVA, T. P. Fundamentos da Análise Paisagística. Moscou: Nauka, 1988. 1577 p. (Em Russo) In RODRIGUEZ, J. M. M; DA SILVA, E. V.; CAVALCANTI, A. P. B. Geoecologia das Paisagens: Uma Visão Geossistêmica da Análise Ambiental. 2 ed. Fortaleza: Edições UFC, 2007. 222 p.: Il.
RODRIGUEZ, J. M. M; DA SILVA, E. V.; CAVALCANTI, A. P. B. Geoecologia dasPaisagens: Uma Visão Geossistêmica da Análise Ambiental. 2 ed. Fortaleza: Edições UFC, 2007. 222 p.: Il.
SOTCHAVA, V. B. Estudos de Geossistemas: Método em Questão. N. 16. São Paulo: IG, USP, 1977.
TROPPMAIS, H.; GALINA, M. H. Geossistemas. Mercator. Revista de Geografia da UFC, ano 05, número 10, 2006.  p. 87.

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Escritor. Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e em Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA – UERN). Sócio do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP) e da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC).

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