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domingo, 23 de outubro de 2016

GRAÇAS AO TEMPO

Por José Ribamar de Carvalho Alves

Apenas creio no tempo presente
Me fez o tempo pensar diferente
Se o futuro não pertence a gente
Chega de tempos nunca garantidos...
Graças ao tempo eu desaprendi
A reviver tudo que vivi
Até as boas lembranças perdi
Pelos caminhos dos anos vividos.

Graças ao tempo, desfruto o agora
Sem recordar o que virou outrora
Feliz ou não me vejo sem hora
De arranjar tempo para ter saudade...
Do que partiu para não voltar,
O que não volta só me faz pensar
Que o que se foi pra não regressar
Para o presente nunca foi verdade.

Se o futuro da vida é escuro
E adivinhar nunca foi seguro
Não tem futuro pensar que o futuro
Tem mais futuro do que o presente...
De acreditar, pois quem pensa desiste,
Quem teu juízo em crer não insiste
Se o amanhã, na verdade existe
Não participa da vida da gente.

O PÁSSARO E O HOMEM 
José Ribamar de Carvalho Alves

O pássaro não trai seu amor leal,
Não põe escondido outro amor no ninho
Por falta de amor, nenhum passarinho
Padece no seu mundo natural.

O homem por ter desejo carnal
Por outra, magoa quem te dar carinho
E às vezes acaba ficando sozinho
Por não ver que o mal só constrói o mal.

O pássaro não fere seu fiel amor
Trata a companheira que tem como a flor
Que recebe afago do seu jardineiro

E o homem que trai o seu bem-querer
Na desilusão, finda por não ter
Simples, nada de amor verdadeiro.

SONHOS DE PEDRA 
José Ribamar de Carvalho Alves

Os meus dias verdes
O sol do verão...
Do tempo escondeu,
Só me deixou marcas
Dos sonhos de pedra
Que a vida me deu.

Perdido no ermo
Do próprio destino
Caminho sem calma,
Das auroras vivas
Só lembranças mortas
Conduzo na alma.

No vale do nada
Nas tardes de angústias
Lanço o meu queixume
Ensaiando as sátiras,
Do meu infortúnio
Que não se resume.

A dor da revolta
De um expatriado
Não supera a dor
De quem tem mil sonhos
Mas nenhum dos mil
Dá sorte no amor.

Meus sonhos de pedra
Me desaproximam
Da realidade
Sou eu o poeta
Que deixando o mundo
Não deixa saudade.

GOSTO DE SONHAR
José Ribamar de Carvalho Alves

Desistir para quem sonha não existe
Fraquejar não condiz com insistir
Quem insiste na vida em desistir
Arrepende-se demais quando desiste
Da batalha, quem perde, volta triste
Na penumbra da dor que o intimida
Guerrear sem receio de ferida
É sonhar em vencer e se amar
Quem desiste do gosto de sonhar
Joga fora o prazer que adoça a vida.

Abrir mão da vontade de vencer
É a única maneira de deixar
De viver com desejo de sonhar
Com o dom do espírito de viver.
Deixe a vida sorrir para não perder
Os encantos que a tornam bem vivida
Ela é uma graça oferecida
Por quem tem muitas graças para dar
Quem desiste do gosto de sonhar
Joga fora o prazer que adoça a vida.

Na cadência dos dias merecidos
Deixe os olhos da alma vislumbrante
Como ave nos bosques verdejantes
Rodeada de sonhos coloridos
Ouça a voz dos seus egos, dê ouvidos
Ao chamado da fé que vence a lida
Se pensar que a vida está perdida
Pense noutra maneira de pensar.
Quem desiste do gosto de sonhar
Joga fora o prazer que adoça a vida.

AVAREZA
José Ribamar de Carvalho Alves

O poder escraviza a indigência
Por soberba e sem dó tem quem procure
Evitar que o bem comum perdure
Nas pessoas supridas de carência.
O orvalho das nuvens da prudência
Fortalece a videira da bondade
E a voz que demonstra autoridade
Cala a voz da razão da mendicância
Quem se nutre do trigo da ganância
Desconhece o sabor da caridade.

A pessoa que banha-se de poderes
Limpa o sujo nas suas vítimas limpas
Tira suas vantagens mais supimpas
Do suor e sofrer dos pobres seres
O poder que rege os afazeres
De que faz para ter dignidade
Disfarçado de dono da verdade
Orgulha-se da própria dominância
Quem se nutre do trigo da ganância
Desconhece o sabor da caridade.

Quem se mantém do sangue dos plebeus
Por não ter coração, não se espreita
Caridade não falha, quando feita
Mas império sem fim só o de Deus!
Quem apenas tem olhos para os seus interesses
Não tem humanidade
Tem apenas, no âmago, a vontade
De ter altos padrões de importância
Quem se nutre do trigo da ganância

Desconhece o sabor da caridade.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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