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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

MEMÓRIA À MEMÓRIA DE UM GUERREIRO


O Tenente João Gomes de Lira, natural do Distrito de Nazaré, Fazenda Jenipapo, município de Floresta, PE, veio ao mundo no dia 3 de julho de 1913, verve do casal Sr. Antônio Gomes Jurubeba e dona Luciana Maria da Conceição. Falecendo no dia 3 de agosto de 2011, com 98 anos de idade.


Lira fez parte da tropa volante considerada à “tropa de elite” no combate ao cangaço. Gomes de Lira entra para essa volante aos 18 anos de idade, no dia 16 de julho de 1931. Travou vários combates contra bandos de cangaceiros, inclusive contra o bando de Lampião. Modesto em suas memórias, João nos fala sobre essa fase em sua vida em seu livro “Lampião – Memórias de um Soldado de Volante”, lançado sua 1ª edição pela FUNDARPE e CEPE, no Recife em 1990.


Sobre o lançamento das suas memórias em livro, ocorre um empecilho inesperado, relatado pelo pesquisador/historiador do tema cangaço Rostand Medeiros, em seu blog tokdehistoria.com, vejamos o que o escritor nos diz:

“(...)E olhe que este fantástico livro quase não sai!

Ele narrou a mim (e está gravado), que após concluir o calhamaço de papéis que iria gerar “Lampião – Memórias de um Soldado de Volante”, Lira foi a Recife procurar uma instituição pública, onde um iluminar, um sábio, que possui todas as titularidades acadêmicas, todo o conhecimento sobre o cangaço, havia anteriormente lhe oferecido apoio na publicação de sua obra.


Ocorre que o gênio, o mestre do cangaço, ficou com o material e simplesmente se “esqueceu” de devolver e nem satisfação deu.

Mas Lira, “Que não tinha medo de cara feia e nem de perna cabeluda”, como dizia o saudoso Chico Science, foi procurar ninguém menos que Roberto Magalhães, o governador do estado de Pernambuco na época. No palácio do governo foi bem recebido e tratado com todo respeito e honra que merecia.


Daí a ordem veio de cima para baixo (no caso bem lá embaixo) e o “Dotô” botou o rabinho no meio das pernas e devolveu tudo. Então “Lampião – Memórias de um Soldado de Volante” surgiu para deleite da massa(...)”. (tokdehistoria.com)

João Gomes de Lira, em um dos combates que participou, estava com seus companheiros e comandante próximo a uma ‘vagem’, baixa onde, normalmente há fruteiras, quando alguns do soldados resolvem ir ver se tem manga madura para comerem. Chegando próximo a mangueira eles notam que há algo de anormal acontecendo, pois, de repente a passarada cala o bico e não se escuta mais som algum na mata. Experientes, sabem que tem cangaceiros por perto.


Dão meia volta em cima dos calcanhares e pernas pra que te quero, correm em direção ao restante da tropa. Um deles, provavelmente o mais atrasado, tem uma ideia na medida em que corre. Sabedor de que logo que colocasse as mãos na cerca, para pular, os cangaceiros, provavelmente, atiraram nele. Pois bem, narra o Tenente que seu amigo coloca as mãos na cerca, porém, de imediato salta para um lado. Onde ele teria que pular a cerca de princípio, ocorreu uma saraivada de balas e, sem ter ido para um lado, teria sido crivado por elas.


Nesse mesmo sítio, após o primeiro embate, o comandante Manoel Neto segue por uma trilha rastejando vestígios. De repente sente uma pancada nas costas, é um de seus homens mostrando um cangaceiro a frente, do outro lado do riacho. O soldado atira no cangaceiro por sobre o ombro de Manoel Neto. O cangaceiro responde com tiros e palavrões indagando com quem brigava e dizendo ser Corisco. Manoel Neto responde dizendo não ser ninguém não, eram os meninos de Pernambuco. Que Corisco ficasse que iriam continuar lutando.

Corisco detona vários palavrões contra o comandante. O comandante salta a cerca e segue em direção ao cangaceiro, atravessando a areia do riacho seco, dizendo que ele não fugisse. A cada passo um tiro, e avançando sempre. Corisco viu que não dava pra ele e deu no pé.

Durante o tiroteio que aconteceu, o soldado João Gomes de Lira relata que seu fuzil teve um problema. Não conseguindo consertá-lo, pede auxilio ao cabo, no que o mesmo, após saber do problema, diz não ter como consertar a arma ali. Que ele se protegesse no pé da cerca que estava ‘chovendo bala’.

O corpo do homem desaparece, mas, suas obras ficam para posteridade. O Tenente João Gomes de Lira transpôs a barreira da vida, desencarnando, nos deixa suas memórias em um maravilhoso livro. Foi o primeiro livro que li sobre o Fenômeno Social Cangaço.

No funeral do tenente João Gomes de Lira, ele foi homenageado pela então CIOSAC - Companhia Independente de Operações e Sobrevivência na Área de Caatinga – justamente a companhia militar inspirada nas volantes da época do cangaço.

Essa homenagem foi comandada pelo então subtenente Elesbão, que, hoje aposentado, reside em São José do Egito, PE... No Pajeú das Flores.


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