Por José Ribamar
O poeta que
casa pra ter casa
Se descasa da própria liberdade;
Que sentença lavrada por quem peca
Ao poeta não traz felicidade.
Ser escravo das regras da discórdia
Num convívio regado à ciumeira
É deixar de ser livre como o vento
Pra viver feito um cão preso à coleira.
01
Que poeta é poeta, sem direito
De sonhar e viver independente?
Toda vez que relembro a servidão
Uso o dom pra fingir que estou contente.
Confiar em quem cobra lealdade
Inspirando cuidado como seta,
Não é coisa pra quem repete tanto
Que ser livre é ser astro e ser poeta.
02
Ser poeta não é apenas ser
Diferente dos outros, não senhor!
É ser dono de tudo e não ter nada
E amar sem morrer pelo amor.
É sentir-se maior que o pecado
E menor que a tormenta da saudade,
É dormir de alcova escancarada
E acordar respirando liberdade.
03
Ser poeta por menos que pareça
É ter tudo nas mãos pedindo pouco.
É chorar por amor sem amar tanto
Cometendo loucura sem ser louco.
É saber mendigar um beijo doce
Sem que o dono da deusa possa ver
E fechar os portões da própria alma
Quando a dor da tristeza aparecer.
04
Ser poeta nos braços de quem ama
É ter medo da cruz da solidão,
É curvar-se perante as leis de Deus
E erguer-se em defesa da razão.
Ser menino sem traços de criança,
Prevê coisas sem dom de ser profeta
Também são atributos de quem nasce
Pra ser livre, sonhar e ser poeta.
Autor: José Ribamar
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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