Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho
A imagem abaixo, de Corisco, eu colhi em site da internet.
Abandonado por
todos os companheiros – Quem era Sergia – Um fim dramático.
“Corisco”, o
“Demônio louro”, cuja morte se anuncia, depois de um violento combate com as
tropas volantes do tenente José Rufino, tem uma história singular. Tornando-se
virtualmente o chefe dos remanescentes do bando de “Lampeão”, depois da morte
do chefe, “Corisco” redobrou de ferocidade, passando os facínoras dirigidos por
ele a desenvolver as atividades mais nefastas e brutais no interior do Estado
da Bahia.
Dizia-se que o “Demônio louro” chamara a si a tarefa de vingar a morte do chefe abatido. Dia a dia, chegavam à capital baiana notícias de toda a ordem, que redobravam de intensidade e ferocidade. Aquele homem, jovem ainda, mas portador de tara tremenda, aquele homem que desconhecia qualquer espécie de sentimento humano, em cujo coração a piedade e o amor eram absolutamente estranhos, como que se reclinando, num esforço supremo, empregava todas as suas atividades, todas as suas energias, na obra tremenda de destruição e de banditismo em que havia ingressado.
Quando, há dias, destas colunas, noticiávamos, segundo informação do nosso correspondente na capital baiana, que José Porfírio, o “Velocidade”, se havia entregue às autoridades, eram atribuídas ao bandoleiro, remanescente do grupo de “Lampião”, declarações verdadeiramente sensacionais e, sobretudo, deveras surpreendentes.
“Corisco”, e “Demônio louro” – aquele facínora indomável, estava inteiramente subjugado nas mãos de uma mulher – Sergia, a sua companheira, era o verdadeiro chefe do bando. Enquanto que seus companheiros de luta, premidos pelo cerco constante que se ia apertando, dia a dia, iam um por um, entregando-se à Polícia. Tornara-se inútil qualquer resistência. Cada dia que passava vinha aumentar ainda mais as dificuldades e piorar a situação de desespero em que se encontravam os bandidos, à mingua de recursos, escorraçados de toda a parte. O futuro se desenhava sombrio. Ou terminar os dias numa cadeia pública, ou encontrar a morte certa, sob as balas dos soldados volantes. Muitos preferiram a primeira alternativa. “Corisco”, mesmo, segundo a opinião de “Velocidade”, de há muito teria tido igual atitude. Mas Sergia o impedia, chegando, mesmo, segundo afirma aquele bandoleiro, o ameaçar o “Demônio louro” de morte. Tinha que continuar, até o fim.
Esta é a noção de honra dos bandidos. Jamais se entregar à prisão. Uma vez integrado no bando, lutar até o fim...
O “Demônio louro” teve a sua primeira fraqueza na vida. Nos últimos momentos da sua existência de criminoso invulgar, deixou-se inteiramente dominar por uma mulher.
Aquele homem terrível, que não vacilava diante das mais horríveis atrocidades, deixou-se subjugar, nos últimos e trágicos dias em que viveu, pela vontade inabalável de uma mulher, que não vacilou, ante a fraqueza do companheiro, em assumir a direção efetiva do bando.
“Corisco”, se, por um lado, não chegou a trair seus companheiros, estava virtualmente aniquilado como chefe. Já não era mais o sucessor de “Lampião”. Este, não era, sendo, Sergia, a sua companheira, que se encontra gravemente ferida.
Jornal o GLOBO
– 27/05/1940
Fonte adquirida: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
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