Kydelmir Dantas (*)
Houve uma
época, lá pelos idos das décadas de 1960/70, que a febre nos cinemas era
TARZAN, personificado por Johnny Weismuller e outros atores menos famosos. De
repente começaram a aparecer, pelo interior do Brasil, se apresentando nas
ruas, praças e salas de Cinemas, aqueles caras, perceptivelmente formados nas
academias de musculação, fazendo shows com o epíteto de “Tarzan moderno”.
E os Tarzans levantavam pesos enormes, seguravam jeeps que não saiam do canto ao serem levantados e bloqueadas as trações, rasgavam catálogos telefônicos, quebravam côcos com um murro só, colocavam pedras sobre os peitos, usadas para meio-fios de calçamentos, e mandavam quebrar a golpes de marretas e, o mais importante, o auge do show: Quebravam correntes.
Assim se dava o processo: Pegava-se a corrente, de elos relativamente grossos,
e se envolvia o tórax do Tarzan, sobre os braços, fechando-a com um cadeado
forte. Daí vinha o suspense! O Tarzan Moderno se contorcia, suava, fazia força
e os assistentes com as respirações quase paradas, tensão total, silêncio
absoluto. E o cara lá! De costas para o público, pois a corrente começava a se
abrir bem no elo que ficava no meio das suas costas... Força total... É
agora... E, de repente... ‘Prá!’... O elo se rompia e a corrente voava,
partida, ao chão... Ovação, o público em delírio e o Tarzan vibrando com o
sucesso e agradecendo os aplausos.
Lembro que um destes Tarzans, numa apresentação no palco do CINE ÍRIS, resolveu sustentar uma pedra granítica, daquelas de meio-fio de calçadas, sobre o peito e convocou um homem de força para quebrá-la a marretadas. E lá foi Bezinho, caminhoneiro, força de gigante, ‘delicado que só toco de roçado’, subir ao palco ovacionado pela platéia, pegar a marreta, fazer mira e bater, no meio da pedra... A mesma abriu-se ao meio e o Tarzan ficou com uma marca da marreta na ‘caixa dos peitos’... Pra lembrar-se por uns bons dias.
Porquê venho evocar esta história, acontecida no saudoso Cine Íris de Nova
Floresta – PB? Porque hoje, com a globalização, a internet, o ‘feice’ e outras
mídias digitais, criou-se uma série de mensagens, denominadas de “correntes”,
que procuram levar as pessoas a sair distribuindo essas famigeradas nas suas
listas pessoais. São correntes de orações, de otimismo, de sorte, disto e
daquilo, quase todas falsas e, com certeza, tendo algum objetivo invisível aos
simples usuários. Devem ter um objetivo subliminar.
Pois bem, eu sou igual aos Tarzans Modernos... Quebro todas as correntes!
(*) Professor, pesquisador, escritor e poeta.
Imagens:
1 - Os primeiros nove dos diversos dezoito atores que personificaram
TARZAN, de 1918 a 1951 (contra-capa do gibi TARZAN nº12, publicado pela EBAL em
1986.
2 - TARZAN em cores. capa com o ator Gordon Scott (1926-2007), que foi o 11º ator a fazer o personagem.
2 - TARZAN em cores. capa com o ator Gordon Scott (1926-2007), que foi o 11º ator a fazer o personagem.
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