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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

O MEMORIAL E A MEMÓRIA DE ALCINO ALVES COSTA


Por Rangel Alves da Costa

Neste sábado, dia 16 de dezembro de 2017, foi inaugurada a Sala Arte da Terra do Memorial Alcino Alves Costa, na cidade de Poço Redondo, no Alto Sertão Sergipano do São Francisco. A referida sala, um espaço privilegiado para exposição permanente de toda produção literária e artesanal dos filhos de Poço Redondo, demonstra bem a amplitude alcançada pelo Memorial e os seus objetivos amplos de preservação e disseminação da história, da cultura e das tradições sertanejas.

O Memorial Alcino Alves Costa, como é da sabença de parte da população sertaneja, é um espaço histórico-cultural, fundado no mesmo local de residência do saudoso homenageado Alcino Alves Costa e de sua esposa Dona Peta, e inicialmente criado para a preservação do acervo do político, ex-prefeito (em três gestões), pesquisador do sertão e da saga nordestina, renomado escritor, compositor, poeta e radialista, falecido em 1º de novembro de 2012.

Caipira do Poço Redondo, Alcino Alves Costa

Como dito, Alcino foi prefeito por três vezes, sem que houvesse naquela época reeleição. Eleito pela primeira vez aos 26 anos, Alcino administrou Poço Redondo de 1967 a 1970, de 1973 a 1976 e de 1983 a 1988. Possuía apenas 42 anos de idade quando iniciou sua última gestão. Apaixonado pela autêntica música de raiz, nascida na viola de pinho e na letra cheirando a terra e a sertão, durante muitos anos apresentou, nas tardes dos sábados pela Rádio Xingó FM, de Canindé de São Francisco, o programa “Sertão, Viola e Amor”. 

Enquanto compositor, de sua autoria são “Seca desalmada” e “No sertão tudo mudou” (interpretadas por Clemilda), “Sertanejo de valor” (Ozano e Ozanito), “Morrendo de amor”, (Adalto e Adailton) “Garça Branca da serra” (Dino Franco e Mouraí) e “Sertão, viola e amor”, “Desencanto da natureza” e “Nuvens brancas do sertão”, (Dino Franco e Fandangueiro), dentre outras composições e intérpretes. A dupla poço-redondense Babá e Júlio também gravaram músicas de Alcino: Saudade de Amigo (lágrimas por Zé de Julião) e Adeus Velha Canindé, dentre outras.

Família Cariri Cangaço no Memorial Alcino Alves Costa em Setembro de 2017
Manoel Severo e Rangel Alves da Costa

Sobressaiu-se no mundo da escrita com as seguintes obras: “Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angico”, “O Sertão de Lampião” e “Lampião em Sergipe”, que se tornaram referências necessárias na bibliografia nacional, e ainda: “Maria do Sertão” (primeiro livro escrito), “Poço Redondo – A Saga de Um Povo”, “Canindé do São Francisco – Seu Povo e Sua História”. “Sertão, Viola e Amor”, “Preces ao Velho Chico” e “Saudação a Paulo Gastão”. Ao falecer, deixou um grande número de obras inéditas e que serão futuramente publicadas. Dentre tais obras estão “João dos Santos – O Caçador da Curituba”, “Canoas – O Caminho Pelas Águas”, “Lendas e Mistérios do Sertão”, “Vaqueiro, Cavalo e Boi”, “Santa Rosa do Ermírio”, além de diversos rascunhos e estudos inacabados acerca do cangaço.

Alcino é patrono da Cadeira nº 1 da Academia Gloriense de Letras (AGL), é patrono da Academia de Letras do Amplo Sertão Sergipano (ALAS), é patrono do Conselho Consultivo do Cariri Cangaço. Era membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), sócio honorário do Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará e membro do seminário permanente Cariri Cangaço, além de palestrante em diversos eventos de renomadas instituições. Em setembro de 2011, no município de Barbalha/CE, foi homenageado com uma placa distintiva outorgada pela Comunidade Lampião – Grande Rei do Cangaço e pelo blog Lampião Aceso, como “Reconhecimento por sua valiosa contribuição à cultura nordestina, e, em especial, aos estudos e preservação da memória do cangaço”. Em fevereiro de 2012, o evento II Arena de Arte e Cultura, promovido pela Prefeitura de Nossa Senhora da Glória/SE, homenageou-o como expoente da cultura e da memória sertaneja. Atualmente, a principal avenida de Poço Redondo possui o seu nome.

O Memorial inicialmente surgiu, pois, objetivando preservar a memória de Alcino, através de seu acervo, para depois ser ampliado e passar a ser livro aberto sobre a história sertaneja e nordestina. Atualmente, além do acervo primitivo, também biblioteca, sala para exposição permanente da arte local, sala de palestras, bem como elementos e objetos que foram incorporados para, num só local, contar a história de um povo e de uma terra desde suas raízes. A face de Alcino e daquilo que ele verdadeiramente amava: o sertão.

Rangel Alves da Costa, Pesquisador, escritor e poeta
Conselheiro do Cariri Cangaço

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2017/12/o-memorial-e-memoria-de-alcino-alves.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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