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quarta-feira, 21 de março de 2018

ARMY MEN XI: DESAVENÇAS ENTRE JOÃO PESSOA & O CORONEL JOSÉ PEREIRA

Por Freitas Júnior Poeta

Ao assumir a presidência do Estado da Paraíba, o Presidente (governador) João Pessoa começou a implementar mudanças 'modernas' (...). A bandeira de seu governo era passar 'uma vassoura nova' para limpar o Estado. E com este pensamento, implementou uma política sistemática de desprestígio dos chefes políticos (ou coronéis) dos municípios, que eram, segundo o presidente de estado, os principais responsáveis pelos abusos e, consequentemente, pelo atraso do estado".

Cenário Army Men: dualismo de interesse entre os coronéis & João Pessoa. 

No dia 19 de fevereiro de 1930, o presidente do estado da Paraíba, João Pessoa, na tentativa de contornar uma crise política provocada pela divergência na composição da chapa para deputado federal, viaja à Princesa. A chapa para deputado federal fora publicada a 18 de fevereiro de 1930, no jornal "A União". O presidente é recebido com festa. Por falta de habilidade política, o presidente João Pessoa e o "coronel" José Pereira, chefe político princesense, não encontraram um denominador comum.

A gota d`água foi a escolha dos candidatos paraibanos à deputação federal. Como presidente do estado, João Pessoa dirigiu o conclave da comissão executiva do Partido Republicano da Paraíba que escolheu os nomes de tais pessoas. A ideia diretriz era a rotatividade. Quem já era deputado não entraria no rol de candidatos. Tal orientação objetivava afastar o Sr. João Suassuna, grande aliado de José Pereira que, como presidente do estado que antecedeu a João Pessoa, teria maltratado parentes de Epitácio na cidade natal de ambos, Umbuzeiro. No entanto, João Pessoa deixou na relação dos candidatos o nome de seu primo, Carlos Pessoa, que já era deputado. Isso valeu controvérsia na comissão executiva e apenas João Pessoa assinou o rol dos candidatos.

Com o apoio discreto, mas efetivo, do Presidente da República e dos governadores de Pernambuco, Estácio de Albuquerque Coimbra, e do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine de Faria, o coronel José Pereira decidiu resistir a essas investidas contra seus poderes. Assim ele rompe com o presidente da Paraíba. E com o apoio dos Pessoa de Queirós (os irmãos José e João Pessoa de Queirós), primos do presidente João Pessoa e donos de um grande empório industrial, jornalístico (Jornal do Commércio) e mercantil (João Pessoa de Queirós e Cia.), no Recife, rebelou-se contra o governo estadual. Com data de 22 de fevereiro de 1930, o "coronel" José Pereira rompe oficialmente com o governo do Estado, através do telegrama n.º 52:

"Dr. João Pessoa - Acabo de reunir amigos e correligionários aos quais informei do lançamento da chapa federal. Todos acordaram mesmo que V. Excia., escolhendo candidatos à revelia Comissão Executiva, caracteriza palpável desrespeito aos respectivos membros. A indisciplina partidária que ressumbra do ato de V. Excia, inspirador de desconfianças no seio do epitacismo, ameaça de esquecimento os mais relevantes serviços dos devotados à causa do partido. Semelhante conduta aberra dos princípios do partido, cuja orientação muito diferia da atual, adotada singularmente por V. Excia. Esse divórcio afasta os compromissos velhos baluartes da vitória de 1915 para com os princípios deste partido que V. Excia. Acaba de falsear. Por isso tudo delibero adotar a chapa nacional, concedendo liberdade a meus amigos para usarem direito voto consoante lhes ditar opinião, comprometendo-me ainda defendê-los se qualquer ato de violência do governo atentar contra direito assegurado Constituição. Saudações (a) José Pereira".

No dia 24 de fevereiro de 1930, o presidente João Pessoa, visando desestabilizar o poder de mando do "coronel", retira os funcionários do Estado, lotados em Princesa; quase todos os parentes do "coronel", e exonera o prefeito José Frazão de Medeiros Lima, o vice-prefeito Glicério Florentino Diniz e o adjunto de promotor Manoel Medeiros Lima, indicados pelo oligarca princesense. O juiz Clímaco Xavier abandonou a cidade por falta de garantias. O jornal "A União" de 28 de fevereiro de 1930, trazia decretos de exoneração do sub-delegado de Tavares, Belém, Alagoa Nova (Manaíra) e São José, distritos de Princesa na época.

A respeito da retirada dos funcionários estaduais de Princesa no dia 24 de fevereiro de 1930, o presidente do Estado da Paraíba, João Pessoa, enviou telegrama ao presidente da República, Sr. Washington Luiz, onde dizia:

"Assim procedi, primeiro porque a polícia não podia assistir inactiva a invasão da cidade por faccínoras armados..." (publicado no jornal "A União" de 7 de março de 1930).

No dia 27 de fevereiro de 1930, o "coronel" José Pereira dirigiu ao Sr. Odilon Nicolau a seguinte carta:

"Amigo Odilon Nicolau, o meu abraço. O governo tem feito grande pressão aos eleitores e sei agora que têm sido espancados vários correligionários da Causa Nacional. Como você já deve saber, rompi com o governo de João Pessoa e estou disposto a garantir os nossos amigos, para o que envio vários contingentes. O meu pessoal não tocará em ninguém, salve se for agredido. Havendo de provocar a intervenção, pois estou disposto a ocupar todos os municípios do Sul do Estado. O mesmo se fará no Norte com outra força comandada por pessoa em evidência no Estado. Penso ter direito e bem razão em lhe convidar para esta luta, porque as minhas relações com você e sua família, me animam a assim proceder. Não me engane porque a luta está amparada pelos próceres da política nacional. João Pessoa está ilegalmente no governo, logo depois da eleição, dado o movimento, o Governo Federal tomará conhecimento dos atos absurdos e inconstitucionais praticados por ele. Venha e não se receie. Do velho amigo, José Pereira Lima. Princesa, 27 de fevereiro de 1930".

Como resposta a esta “queda-de-braço”, João Pessoa mandou a polícia do Estado ocupar Texeira-PB., sob o comando dos capitães João da Costa e Irineu Rangel. O município de Teixeira, reduto dos Dantas, aliados de José Pereira, prendendo pessoas da família e impedindo que ocorresse votação naquela cidade. Determinou que acontecesse o mesmo em Princesa, mas lá, o coronel se armou, juntou um exército e reagiu. No mesmo dia parte das tropas do "coronel" José Pereira segue para Teixeira e trava o primeiro combate da chamada guerra de Princesa.

REFERÊNCIAS HISTORIAGRÁFICAS:


 
CENÁRIOS E FOTOGRAFIAS: Freitas Júnior - Historiador & Poeta: 
https://www.facebook.com/profile.php?id=100017290650832

https://armymem.blogspot.com.br/2018/03/army-men-xi-desavencas-entre-joao.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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