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terça-feira, 24 de julho de 2018

DO SERTÃO ÀS TELAS DO CINEMA.

Por Verluce Ferraz

Lampião foi uma das pessoas mais biografadas da história do sertão nordestino. Teve seu talento para as artes por décadas encoberto pela fumaça da pólvora; seu brilho como artista foi ofuscado pelas faces das facas e dos punhais. 


Descoberto pelo mascate Benjamim Abrahão Calil Boto, responsável por popularizar o estilo do cangaceiro através da película do cinema, mostrou ao mundo suas roupas exóticas. O mais cruel matador e perigoso dos cangaceiros também foi costureiro unissex e um dos primeiros homens a usar os bustiês. Criou as bolsas à tiracolo (embornal) com bordados florais. 


Caprichava nas indumentárias, usando sianinhas, botões, entremeios, bolsos pespontados. Os lenços em volta do pescoço eram presos por argolas. Nos dedos muitos anéis: no pescoço trancelins de ouro. 


Lampião era portador de TOC; fazia uso dos penduricalhos e rezas para fechar o corpo. Muito supersticioso e de personalidade perversa. O ingresso das mulheres no cangaço, muito facilitou para harmonizar seu estilo e costume com todos. 


Na verdade os seus companheiros nem suspeitavam que o que mais agradava ao cangaceiro Lampião era a sua identificação com os seus próprios desejos de vestir-se com roupas semelhantes às femininas (transvéstico), - com as roupas bordadas estaria se caricaturizando no gênero oposto; gostos fornecidos pelos seus desejos mais reprimidos. 


A presença da mulher dirige as atenções para formas diversas além de possibilitar mais as criações fantasiosas do cangaceiro. E é com a permanência da mulher no cangaço que poderá viver suas fantasias sem quaisquer suspeitas. Estenderá seus costumes a todos de seus grupos.

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