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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

JOÃO DE SOUSA E O CORAÇÃO DA RAINHA DO CANGAÇO


O  cangaço teve em seu apogeu uma forte exposição de ouro, através dos enormes trancelins, pingentes, anéis, moedas Libras Esterlinas, alianças, crucifixos, punhais marchetados com alianças e anéis de ouro, peças usadas e exibidas pelos cangaceiros.

Raro era não ver um cangaceiro ou cangaceira com peças em ouro ornamentando seus dedos, pescoços e chapéus.

A maioria do ouro era fruto de pilhagens, porém existiam ourives que vendiam peças aos diversos bandos. O próprio Pedro de Cândido, coiteiro que não foi o principal responsável mais que esteve envolvido na trama da traição que resultou na morte de Lampião e Maria Bonita, era um dos ourives que vendia objetos do nobre metal aos cangaceiros.

Um dos saques mais comentados e que  trouxe verdadeira fortuna ao bando de Lampião foi o famoso ataque  a baronesa  Joana Torres, fato ocorrido em 1922 na cidade alagoana de Água Branca. O Crucifixo da Baronesa que hoje pertence ao escritor Frederico Pernambucano de Melo é uma das mais belas joias que representa aquela época, compondo o vasto acervo adquirido por Frederico a família do tenente João Bezerra, matador dos cangaceiros na Grota do Angico.

 Joana Vieira Sandes Torres - 30 Dezembro 1830 - 27 Dezembro 1923 (92 anos)

Uma peça em ouro que prendia um cacho de cabelo da cangaceira Lídia me  foi presenteado por uma de suas sobrinhas e hoje  encontra-se com o escritor Antonio Amaury.

A Cangaceira Aristeia Soares de Lima dividiu comigo e seu filho Pedro Soares um par de brincos que ela ganhou do cangaceiro Cruzeiro, quando de sua entrega em Santana do Ipanema.

Quando foquei minhas pesquisas e entrevistas colhendo material para a realização do livro a Trajetória Guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço, fiquei sabendo de uma jóia que ela havia dado de presente a sua irmã mais velha,  Benedita Gomes de Oliveira, presente que causou inveja entre as irmãs e que gerou várias discussões entre elas, ao ponto de ficarem sem comunicação. Sempre que eu perguntava sobre essa jóia e com quem estaria, as informações eram vagas ou descartadas.

O que de mais preciso consegui colher foi que estaria com um dos 15 filhos de Benedita e Fabiano Oliveira.  O único filho desse casal que via sempre era o senhor Abílio Fabiano Neto de Oliveira, por residir lateral a Casa de Maria Bonita, residência que passou por um processo de restauração e que hoje abriga o Museu  Casa de Maria Bonita. Seu Abílio sempre foi muito fechado e sempre que sentia uma mínima aproximação para falar sobre alguma coisa relacionada ao cangaço  ou sua família ele se esquivava do interlocutor e saia da presença da pessoa, deixando o silêncio como resposta.

O tempo passou e eis que me ligam pedindo  minha presença no povoado Malhada da Caiçara. Fui ver o que era de tão importante e para minha surpresa a famosa joia presenteada pela Rainha do Cangaço a sua irmã Benedita, apareceu para negociação. Não perdi tempo e adquiri de imediato a joia tão misteriosa, mais antes tive que garantir  que não iria divulgar o nome da pessoa que mantinha  em seu poder a peça , preservando a identidade do negociador.


Detalhes ajustados e hoje a joia faz parte do meu acervo e será exposta para conhecimento e apreciação de todos quando da criação do Museu do Nordeste, projeto em pauta para consolidação em Paulo Afonso, Bahia.

João de Sousa Lima, Historiador e Escritor, Membro da Academia de Letras de Paulo Afonso, cadeira 06, Conselheiro do Cariri Cangaço Membro da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.


http://lampiaoaceso.blogspot.com/2018/08/joao-de-sousa.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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