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quinta-feira, 6 de setembro de 2018

“COMBATE A PROPAGAÇÃO DE INVERDADES NA HISTORIOGRAFIA CANGACEIRA”



AS COISAS ESTÃO FICANDO CADA VEZ MAIS INTRIGANTES AO DEPARARMO-NOS COM TRECHOS REFERENTES AO LIVRO DITO PIONEIRO SOBRE A BIOGRAFIA DE MARIA GOMES DE OLIVEIRA, A MARIA DE DÉA E TÃO CONHECIDA ‘MARIA BONITA’.

VEJAMOS TRECHOS EXPOSTO NA MATÉRIA DO REPÓRTER GUSTAVO FIORATTI DO JORNAL “FOLHA DE SÃO PAULO”, EM 1º DE SETEMBRO DE 2018 ÀS 2:h00 E ATUALIZADA EM 1º DE SETEMBRO DE 2018 ÀS 10h18, POSTADA EM 2 DE SETEMBRO DE 2018 SOBRE O TEMA CA

“Maria costumava se deslocar pelo Raso da Catarina no lombo de Velocípede, um burro selado do qual sentia imenso orgulho. Ficava uma fera quando alguém zombava do seu animal de estimação. [...] Velocípede era uma criatura mimada. Se estivesse num mau dia, galopava a ponto de deixar sua amazona botando os bofes para fora” (Trecho de ‘Maria Bonita - Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço)(1º.set.2018 às 2h00Atualizado: 1º.set.2018 às 10h18)

O trecho acima, referente, imaginariamente, só pode ser, a um animal que Maria Gomes de Oliveira montava ao deslocar-se na Mata Branca, mais especificamente nas brenhas do Raso da Catarina, BA, é outro absurdo, vindo juntar-se aos já tão mencionados “... Maria acompanhava tocando bandolim”, “Lampião fazia passarinho ao vinho para Maria”, “biografa de Maria Bonita revela como primeira-dama de Lampião ajudou a capturar, torturar e decapitar mulheres no sertão nordestino”. Totalmente sem nexo essa citação devido sabermos que a movimentação do bando era, em quase cem por cento das viagens, feita a pé. A pé, apesar de a caminhada ser lenta e sacrificante, principalmente para as mulheres, era mais fácil de apagar qualquer vestígio, pois exímios rastreadores estavam à procura de sinais deixados por eles dentro da Caatinga, ou mesmo notarem a aproximação de alguma volante e se esconderem a tempo. Os deslocamentos dos bandos se faziam o mais próximo possível de lugares altos como perto de uma serra. Essa elevação servia para se protegerem numa posição favorável se ocorresse um ataque de alguma patrulha. Ela pode até ter tido, possuído, ser dona de um animal, no caso um burro de estimação, quando ainda morava em sua casa, ou quando na casa de seus pais vivia, porém, ao seguir Lampião de mato adentro, tornou-se impossível seguir com tal ‘transporte’.

Vejam a 'ferocidade' da cangaceira Aristeia beijando a face do pesquisador João de Sousa Lima. num é incrível?



E não adiante vir com citação referente que foi algum escritor que colocou entre suas entre linhas em tempos passados, apenas tendo baseando-se naquilo que está escrito, pois, mesmo estando igual à reportagem da revista O Cruzeiro de agosto de 1962, ou do livro “Lampião – senhor do sertão”, de autoria da francesa Elise Grunspan-Jasmin, quando se referem às mentiras ditas pelo cangaceiro Antenor José de Lima, vulgo “Beija Flor”, a qual a autora do passado e a do presente não apenas se referem, mas transcrevem exatamente para as páginas do tempo, no total ou em parte. É pesaroso, torturante vermos uma autora nos dias de hoje também colocar em sua obra, tamanhas mentiras, sem se importar com os falsos conhecimentos que irão assimilar as futuras gerações, isso, é para nós uma total irresponsabilidade profissional e histórica.

Outra coisa que nos chamou bastante atenção na matéria do jornal citado foi a não citação, ou falta desta, sobre o autor do projeto quanto à reforma e restauração da casa dos pais de Maria Gomes de Oliveira, o casal Sr. José Gomes de Oliveira e Dona Maria Joaquina Conceição Oliveira, ele conhecido por José Felipe e ela por Dona Déa, e a sua transformação em o “Museu Casa de Mara Bonita” citado e mostrado através de fotografias na matéria, sem, no entanto, mostrarem a placa de bronze existente logo à chegada ao ‘terreiro da frente’ da casa, pesquisador/historiador/escritor João De Sousa Lima, que, inclusive é autor da biografia primeira sobre a “Rainha do Cangaço” em sua obra literária “A Trajetória Guerreira de Maria Bonita – A Rainha do Cangaço” já publicada em duas edições, sendo a segunda edição publicada em 2011. Porque será que omitiram e omitem o nome da pessoa responsável pela fundação do museu?

Certidão de óbito da ex cangaceira Aristéia Soares de Lima



“Há 12 anos, o governo local contratou Adelmo para reconstruí-la, o que foi feito em dois meses com base na memória dele, em fotos e nos próprios escombros —Maria Bonita ganhava importância. Também delegaram a ele a função de guardar a chave do museu, fazer a manutenção e cobrar os ingressos de R$ 5”. (FSP)

Já em outra matéria, desta feita na BBC NEWS, postada no uol.com, realizada por Luiza Franco, em 01/09/2018, em São Paulo às 15h22, à autora é perguntada sobre a violência gerida, tida e executada no cangaço e, mais uma vez, a sua citação foge as 'colunas da veracidade' que sustentam a historiografia do Fenômeno Social:

Luiza Franco (BBC News Brasil): “No livro, você narra estupros, mulheres que eram marcadas como vacas só por usarem cabelos curtos, assassinatos por motivos fúteis, capação. O grau de violência que eles cometiam te surpreendeu?

Adriana Negreiros: “Sim, surpreendeu. Era uma coisa patológica. A região é muito violenta e era uma coisa muito naturalizada. Em relação às mulheres, eram tratadas como propriedade, como se fossem vacas. Teve uma cangaceira que depois de morta teve a vagina arrancada. O cangaceiro ficou carregando aquilo na bolsa.”

Nós começamos a bater nessa citação/resposta sem veracidade alguma quanto a ter sido um ‘cangaceiro’ a carregar parte da vagina da cangaceira. Esse fato é referente ao assassinato da cangaceira Eleonora, companheira de Serra Branca e irmã de outra cangaceira chamada Aristéia Soares de Lima, companheira do cangaceiro Cícero Garrincha, e filhas do casal Sr. José Soares e Dona Maria Santos Lima os quais eram donos da fazenda Lajeiro do Boi, no município de Canapí nas Alagoas, em uma bolsa. Na verdade é um dos soldados da volante do tenente João Bezerra, a qual na ocasião, além de matar Eleonora, matam seu companheiro Serra Branca e outro cangaceiro do pequeno grupo chamado de “Ameaça”, em 21 de fevereiro de 1938, quem profana o corpo da cangaceira quando corta os grandes lábios da vagina dela e leva o troféu macabro em um de seus bornais.

Na sequência das coisas, vai que voltando ao site dessa matéria, noto que retificam a frase, “O cangaceiro ficou carregando aquilo na bolsa.”, estando agora assim: “O soldado ficou carregando aquilo na bolsa”. Bem, volto a perguntar-me quem realmente respondeu as perguntas, se houve realmente essa entrevista, ou é apenas montagem de um grupo para fazer, causar, sensacionalismo em cima de um livro que antes de seu lançamento já estava mais do que desvalorizado em seu conteúdo?
Nosso confrade Edinaldo Leite, pesquisador e também administrador do grupo "Ofício das Espingardas", foi muito feliz ao explanar sobre o livro quando citou: “Temos que unirmos forças, todos os escritores, pesquisadores, simpatizantes (sérios e de responsabilidades) do fenômeno CANGAÇO e repudiarmos de forma contundente este tipo de informação. Livro como este é LIXO CULTURAL. não podemos deixar que este tipo de informação contamine gerações futuras. Vamos ao contra -ataque urgentemente. Salvemos a história em nome da verdade. O futuro agradecerá. Quem viver verá. (Edinaldo Leite).

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