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sábado, 27 de outubro de 2018

SEM TÍTULO


Por Antonio Corrêa Sobrinho

Fiz este e-book para divulgar um material literário que achei muito valioso. Leiam, abaixo, a apresentação do livro e saibam do que se trata. A partir de domingo começo a enviá-lo, por e-mail, em PDF, para o amigo interessado. É coisa boa demais.

APRESENTAÇÃO

Tenho folheado jornais antigos, preferencialmente os exemplares anteriores à época do rádio, quando a palavra escrita, a imprensa propriamente dita, era a grande tradutora dos fatos e acontecimentos
da história.

Numa dessas pesquisas, nas páginas do extinto jornal sergipano, "CORREIO DE ARACAJU", em busca de informações a respeito da fundação deste periódico, bem como, dos trágicos acontecimentos ocorridos em Sergipe, nos meses de agosto e novembro de 1906, os assassinatos dos notáveis políticos sergipanos, do deputado federal Fausto de Aguiar Cardoso e do senador Monsenhor Olímpio Campos, momento de comoção e conturbação da vida política sergipana – deparei-me, numa pequena coluna intitulada “GABINETE DE RISO”, editada na periodicidade do jornal, com anedotas, pilhérias, piadas, chacotas, escritos estes que logo me interessaram, prenderam a minha
atenção, levaram-me ao riso e à descontração, a desviar-me do meu intento inicial.

São quase 1500 textos, pequenos, de humor fino, leve, malicioso, sutil, irônico, sarcástico, colhidos aqui e ali e formatados por anônimo jornalista, por mais de uma década, de 1906 a 1917, que, ao lê-los, concluí tratar-se de algo maior do que meros escritos espirituosos, antigos, porquanto vi neles boa literatura, tradições, valores, hábitos, costumes, mentalidades - expressões fiéis de uma época, da patriarcal sociedade brasileira dos tempos imperiais e iniciais da República, dias de escravismo e discriminação, mas também de emancipação e de grandes transformações, sociais, políticas e econômicas.

O que fazer, então, com estas preciosidades, relíquias esquecidas nas páginas centenárias desta desaparecida gazeta, senão trazê-las à contemporaneidade, a fim de serem novamente apreciadas, comparadas, interpretadas; porém, desta feita, compiladas em livro, e não como as foram editadas no passado, uma, duas, três de cada vez, espaçadamente, lidas por alguns leitores, revistas apenas por raros frequentadores de acervos de jornais velhos.

E foi o que eu fiz, extraí, organizei e digitalizei pessoalmente todos estes pequenos textos, cuidando, porém, de fazê-lo mantendo a sua integridade, atualizando tão somente a ortografia, a acentuação gráfica e corrigindo alguns erros de impressão. Não os ilustrei com desenhos nem gravuras, em respeito ao modo como eles foram originalmente publicados, e também para não balizar a nossa imaginação.

Dizer ainda que, em virtude das várias palavras e locuções neles contidas, serem pouco ou quase não utilizadas nos dias de hoje, algumas, por sinal, em completo desuso, e, também, em face das referências a coisas, lugares e personagens históricos, agreguei, no final, um GLOSSÁRIO E NOTAS.

Reuni estas piadas, contudo, desejoso de que não se busque nelas exclusivamente o riso, mas que se procure, nas suas entrelinhas, os seus sentidos, propósitos, intenções. Porque é preocupação minha, desde o início deste trabalho, sobretudo quando percebi que o estar prolongado com a literatura humorística, gênero que, para produzir o riso, se utiliza do desdenhar, do desqualificar, do ridicularizar o outro, o ser humano, principalmente a comicidade que ora apresento, nascida de
uma uma realidade pretérita, socialmente, como sabemos, muito segmentada e hierarquizada, ou seja, formulada em cima de um contexto histórico-sócio-cultural diferente e que já vai muito longe, e que, lidas e apreciadas sem um olhar questionador, crítico, c reforçar preconceitos, estereótipos, intolerâncias, e para isso eu não quero contribuir, tampouco ser responsabilizado.

Portanto, que estes escritos levem você, leitor, sem prejuízo do riso e da gargalhada, a refletir sobre a necessidade de reafirmarmos cada vez mais os princípios da igualdade, da fraternidade e da liberdade, valores que devem imperar entre os indivíduos em sociedade.

Que esta coluna do Correio de Aracaju cumpra, no presente, ainda que por empréstimo do passado, o papel que desempenhou há cem anos: o de entreter e levar alegria a dias tristes, intranquilos e incertos, em parte semelhantes aos que vivenciamos hoje. Que você ria, nem que seja do que riam os nossos antepassados. Porque é rico, todo aquele que ri e que compreende o outro.

Cumpre-me, todavia, pedir desculpas por não ter conseguido, em razão dos meus parcos conhecimentos a respeito da matéria, da qual só sei mesmo é sorrir, pois nem piada eu sei contar, apresentar este, que reputo, documento para a história do humor, à altura da sua importância.

Por fim, expressar a minha gratidão ao meu amigo Pedrinho dos Santos, eminente historiador e valoroso escritor, pela enorme colaboração na feitura deste trabalho, e por lustrá-lo com um lindo prefácio. Pedrinho é autor de "A Pena de Morte em Sergipe", "O Comedor de Jia" e a "Proclamação da República na Missão de Japaratuba", dentre outros títulos. Muito obrigado, mestre.

Antônio Corrêa Sobrinho

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