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domingo, 10 de fevereiro de 2019

O SUPLÍCIO DE MANOEL SALINA


Por Sálvio Siqueira
DA ESQUERDA PARA DIREITA: LAMPIÃO, PONTO FINO, MODERNO, LUIZ PEDRO, MARIANO, CORISCO, MERGULHÃO E ARVOREDO.
PS// Sujeita retificação a identificação.
LEMBREMOS QUE DOIS DESSES, NA FAMOSA FOTO NA VILA DE POMBAL, BA, JÁ ESTAVAM LÁ E NÃO ATRAVESSARAM O RIO SÃO FRANCISCO COM LAMPIÃO. SÃO ELES, CORISCO E ARVOREDO QUE, NA ÉPOCA, JÁ AGIAM NAQUELA REGIÃO, EM ALAGOAS E EM SERGIPE.


Após as duras perdas do apoio paraibano, mais as perseguições incansáveis dos nazarenos no Pajeú das Flores, interior pernambucano e, como ponto culminante, a grande derrota em terras potiguares, Lampião vai perdendo ‘terreno’ nesses quatro Estados nordestinos, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

Ele sobrevive sob o apoio da gigantesca malha de colaboradores, arquitetada por ele mesmo dentro de toda faixa social da época. Dentre essa, há os grandes, médios e pequenos fornecedores, os que fornecem coito, e, aqueles que servem de ‘vigias’ para darem informação corretas e incorretas. As corretas são dirigidas ao chefe cangaceiro e, as incorretas, repassadas aos comandantes da Força Pública, retirando estes do encalço do bandoleiro. Ainda há aquele rede da malha que servem mantimentos, munição e armas. Essa corrente, quando quebrada algum elo, causa um grande prejuízo material e até mesmo humano, de vidas, dentro da máquina mortífera construída pelo “Rei do Cangaço”.

LAMPIÃO PAGANDO A UM COITEIRO PELOS SERVIÇOS PRESTADOS. - AO FUNDO, VEMOS O CANGACEIRO JURITI, E SENTADO, O CANGACEIRO SABONETE.

Seu bando, que outrora fora composto por até cem homens, está reduzido a cinco "cabras", quando o mesmo resolve mudar de 'ares'. Atravessando as águas do “Velho Chico”, Lampião, acompanhado pelos cangaceiros Ponto Fino, Moderno, Luiz Pedro, Mariano e Mergulhão, chegam em território baiano. E logo, ao pequeno grupo, juntam-se os cangaceiros Corisco e Arvoredo. Daí por diante, começam a implantar seu terrorismo naquelas terras. Depois de um pequeno intervalo em suas incursões para extorquir, roubar e matar pessoas, Lampião reaparece e centraliza suas atividades em outros três Estados da Região Nordeste: Alagoas, Bahia e Sergipe. Ele, porém, não deixa de todo alguma atuação dentro do território da sua terra natal, Pernambuco, mesmo que, em várias vezes, use algum de seus subchefes.

Uma das coisas que poderiam ter dado fim, desde o princípio da sua saga, ao “Rei Vesgo”, era a traição. Alguém ter ‘dedurado’ seus lugares de ‘apoio’. Isso ele não perdoaria de maneira alguma, pois colocava sua vida em risco.

No princípio dos anos 1930, nas imediações da cidade baiana de Jeremoabo, um cidadão chamado Manoel Salinas, tendo visto Lampião e seu bando sempre passar por suas terras, indo em direção a coitos naquela ribeira, corre até a cidade, QG das volantes na época, e conta para as autoridades o que viu. Erro muito grave, pois, o chefe cangaceiro já tinha espalhado uma grande e firme malha de informantes naquela região. Sabedor do que andava fazendo Manoel Salinas, Lampião manda-lhe um bilhete advertindo-o do erro que cometia, colocando ele e seu grupo em perigo. Mesmo após ter sido 'avisado' o homem continua a bater com a língua nos dentes...

Ele era um alcaguete tão ferrenho que o próprio comandante tenente Zé Rufino, maior matador de cangaceiros, ao falar sobre o mesmo, em entrevista, cita que “Manoel Salina tinha brasa na língua e precisava falar para ventilar e aliviar sua boca”.(“De Virgulino a Lampião”- 2ª edição - Vera Ferreira e Antônio Amaury).

Salina, sabedor do que poderia acontecer a ele e sua família, muda-se para cidade. As coisas por lá começam a ficar difíceis e, tendo plantado um roçado de mandioca, convida várias pessoas para irem fazerem uma farinhada.

Lampião após ter mando avisar o roceiro, coloca um espião para ficar de olho nele na cidade QG das volantes baianas.

O coiteiro/espião descobre que Manoel já tem data marcada para ir à farinhada e quantas pessoas irão participar. Além da família, filhos e filhas, a família Batatas e um amigo chamado João Grande, iriam fazer parte dos trabalhadores. Tudo isso é repassado para o chefe mor do cangaço que, a partir daí, monta um plano para pegar e dar uma dura lição no patriarca da família Salina.

Na data marcada, todos chegam cedinho no sítio "Almesca", distando três léguas, 18 quilômetros, da cidade. Cada um vai cuidar dos afazeres. Arrancam a mandioca, acendem o fogo e o sol já está alto quando, de repente, verem-se cercados por um bando de cangaceiros. Era o Capitão Lampião e sua ‘gente’.

A coisa foi meio apressada. Prendem todos, amontoadamente, e de cara, a queima roupa, assassinam “João Grande, Cirilo Batata, Antônio Batata e Boa Batata”. (AA. 2009).

Após executarem essas quatro pessoas, que nada tinham haver com o caso, voltam-se para os que sobraram vivos, os da família Salina. Lampião ordena que peguem um dos filhos de Manoel Salina e amarre o mesmo ao pai, em pé. Quando estão amarrados pai e filho, executam o filho. Ao receber o tiro fatal, o corpo do filho cai espontaneamente levando consigo o pai vivo, para o chão.


Rapidamente, desamarram o pai do corpo do filho e o colocam novamente em pé amarrando o segundo filho a ele. Como no primeiro, o segundo é executado e o corpo do filho leva o corpo do pai vivo, novamente, para o chão batido do terreiro da casa de farinha. Assim procedem, também, com o terceiro filho daquele pobre pai.

Nesse interim, um outro filho de Manoel Salina, estava em cima da casa de farinha, quebrando as telhas da mesma, cumprindo uma ordem do “Rei do Cangaço”. Esse filho de Manoel chamava-se Fabiano, mas, por todos era conhecido pela alcunha de “Paizinho”. Paizinho, sabedor do seu destino, começa a quebrar as telhas rapidamente e, de supetão, chega do outro lado do telhado, salta do mesmo, entra no mato e, pernas pra que te quero... Saí em uma carreira disparada e só pára quando chega a Jeremoabo. Imediatamente vai ao quartel e relata o que está acontecendo com sua família no sítio de seu pai. O comandante em serviço não arreda o pé de onde está e só no dia seguinte é que vai com uma tropa ao local.

No sítio, o suplício de Manoel Salina continua. Os cabras de Lampião quebram todos os dentes dele, arrancam suas unhas com a ponta do punhal, vazam um de seus olhos e o castram. Depois dessa infernal tortura, ele é colocado no lombo de um cavalo, sem sela, e é obrigado a cavalgar, dizendo onde mora seu quarto filho, e servindo de guia. Lá chegando, Lampião, após fazê-lo descer da montaria, o obriga a chamar seu filho. O pai grita, chamando o filho, ‘Ulisses!’

Reconhecendo a voz do pai, mesmo que um tanto diferente, o filho abre a porta e é abatido a tiros. 

Depois de padecer tudo isso, Manoel Salina é assassinado por Lampião... Na fazenda Bandeira, onde morava seu filho Ulisses, nas quebradas do sertão baiano.

Fonte Ob. Ct.
Foto portaldocangaco.com
Benjamin Abrahão (fotofilme)
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