Seguidores

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

LÍDIA MAIS BELA CANGACEIRA

Por Francisco Alvarenga Rodrigues

Era baiana, alegre, dentes perfeitos, cabelos pretos e corpo bonito. Muitos a achavam a mais bela das cangaceiras. Entrou no bando de Lampião com pouco mais de 18 anos para ser a companheira de Zé Baiano famoso pela crueldade e pela feiura também: preto, magro, “de cara chupada”. Zé Baiano, entretanto, compensava sua fealdade com a valentia e riqueza. Seus companheiros diziam que ele tinha mais dinheiro e ouro que Lampião. E mais: era agiota. Emprestava dinheiro a vários comerciantes, assim, era fácil negociar com eles.

E sua Lídia era por tabela, a mais rica das mulheres do bando. Ostentava ricas joias e seu burro, chamado de Brinquinho tinha arreios especiais causando admiração por onde andava. Zé Baiano era apaixonado por Lídia e não se importava de demonstrar seu carinho. Escolhia os melhores pedaços de carne, dando na boca comida, água e ainda limpava a boca de sua amada com guardanapo de linho, uma sofisticação nas caatingas e amor explícito. Que mais Lídia poderia querer?

Mas, Lídia era fogosa e quando Zé Sereno viajava, ela dava umas escapulidas com os companheiros solteiros do bando. Muitos sabiam, mas nenhum ousava dizer. Até que um dia, o cangaceiro Coqueiro flagrou Lídia com Bem-te-vi em pleno colóquio nas matas. Bem-te-vi era o oposto de Zé Baiano: bonito, alto, louro e branco. Dizem que o romance foi longo. Coqueiro quis participar da brincadeira, sendo recusado por Lídia.

Com o retorno de Zé Baiano, Coqueiro não pensou duas vezes. Contou tudo o que viu. Pagou com a vida sua delação. E Lídia foi amarrada durante toda uma noite, enquanto seu companheiro pensava o que fazer com ela. Lídia apelou para Lampião e Maria Bonita, mas o casal não interferiu.

Lídia teve uma morte cruel, morta às pauladas ao amanhecer. Seu belo rosto ficou desfigurado. Zé Baiano a enterrou numa cova rasa e chorou feito criança. Cumpriu à determinação do Código de Honra do Cangaço.

A bela Lídia teve um final triste. Dizem, em outras versões, que o coração do cruel bandido se apiedou, e a deixou ir embora, no escuro da noite.. o pau com que ele a matara não tinha sangue, bem como o chão em que ela fora sepultada.. o corpo? ninguém viu, mas ninguém ousava dizer nada. Não existe, infelizmente, uma foto da bela Lídia. A foto do post, é de sua irmã, e segundo diziam os que a conheceram em vida, era como uma irmã gêmea, de tão parecida. Foi assim a história do cangaço.. sangue, traição, amor, dor e sofrimento.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário