Por Francisco Alvarenga Rodrigues
Era baiana,
alegre, dentes perfeitos, cabelos pretos e corpo bonito. Muitos a achavam a
mais bela das cangaceiras. Entrou no bando de Lampião com pouco mais de 18 anos
para ser a companheira de Zé Baiano famoso pela crueldade e pela feiura também:
preto, magro, “de cara chupada”. Zé Baiano, entretanto, compensava sua fealdade
com a valentia e riqueza. Seus companheiros diziam que ele tinha mais dinheiro
e ouro que Lampião. E mais: era agiota. Emprestava dinheiro a vários
comerciantes, assim, era fácil negociar com eles.
E sua Lídia era por tabela, a mais rica das mulheres do bando. Ostentava ricas joias e seu
burro, chamado de Brinquinho tinha arreios especiais causando admiração por
onde andava. Zé Baiano era apaixonado por Lídia e não se importava de
demonstrar seu carinho. Escolhia os melhores pedaços de carne, dando na boca
comida, água e ainda limpava a boca de sua amada com guardanapo de linho, uma
sofisticação nas caatingas e amor explícito. Que mais Lídia poderia querer?
Mas, Lídia era
fogosa e quando Zé Sereno viajava, ela dava umas escapulidas com os
companheiros solteiros do bando. Muitos sabiam, mas nenhum ousava dizer. Até
que um dia, o cangaceiro Coqueiro flagrou Lídia com Bem-te-vi em pleno colóquio
nas matas. Bem-te-vi era o oposto de Zé Baiano: bonito, alto, louro e branco.
Dizem que o romance foi longo. Coqueiro quis participar da brincadeira, sendo
recusado por Lídia.
Com o retorno
de Zé Baiano, Coqueiro não pensou duas vezes. Contou tudo o que viu. Pagou com
a vida sua delação. E Lídia foi amarrada durante toda uma noite, enquanto seu
companheiro pensava o que fazer com ela. Lídia apelou para Lampião e Maria
Bonita, mas o casal não interferiu.
Lídia teve uma
morte cruel, morta às pauladas ao amanhecer. Seu belo rosto ficou desfigurado.
Zé Baiano a enterrou numa cova rasa e chorou feito criança. Cumpriu à
determinação do Código de Honra do Cangaço.
A bela Lídia
teve um final triste. Dizem, em outras versões, que o coração do cruel bandido
se apiedou, e a deixou ir embora, no escuro da noite.. o pau com que ele a
matara não tinha sangue, bem como o chão em que ela fora sepultada.. o corpo?
ninguém viu, mas ninguém ousava dizer nada. Não existe, infelizmente, uma foto
da bela Lídia. A foto do post, é de sua irmã, e segundo diziam os que a
conheceram em vida, era como uma irmã gêmea, de tão parecida. Foi assim a
história do cangaço.. sangue, traição, amor, dor e sofrimento.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário