Por João Filho De Paula Pessoa
O cangaceiro Meia Noite quando ainda era uma criança de uns 12 anos de idade,
voltava da roça com alguns legumes para sua casa, quando foi interceptado
por um rapaz da região que passava a cavalo e o acusou de ter roubado aqueles legumes,
o que lhe revoltou, fazendo-lhe reagir com alguns insultos ao rapaz,
ocasionando uma briga entre os dois, e por ser menor e franzino apanhou muito,
injustamente, despertando-lhe uma grande fúria interna, que o fez correr em
casa, sedento de raiva, pegou a espingarda de seu pai, armada com um único tiro
e correu de volta, atrás de seu agressor. Como estava à pé e o outro a cavalo,
somente o alcançou quase à noite, quando esteve chegava em sua casa.
Entrincheirou-se então para a tocaia, quando o rapaz saiu de casa para levar o
cavalo ao curral estava escuro e chovia, mas Meia Noite atirou acertando-lhe
seu único tiro, matando-o na hora. Ele não voltou para casa, dormiu nos matos,
sendo encontrado ainda dormindo no primeiro raiar do sol por um vaqueiro, que o
indagou porque estava dormindo nos matos daquela fazenda e armado.
Meia Noite
tentou desconversar, mas acabou por contar-lhe toda a história. O vaqueiro o
levou à seu patrão, o coronel da fazenda, que ao ouvir aquele acontecido mandou
o vaqueiro dá-lhe uma pisa de tirar o couro e entregar-lhe às autoridades,
momento em que Meia Noite retrucou pedindo que não lhe açoitassem, e sim lhe
matassem, pois duas surras seguidas seria humilhação demais para um homem e
preferia morrer do que ser humilhado, pois em homem não se bate, se mata.
O
coronel então disse-lhe que ele iria morrer e que começasse a cavar sua cova.
Meia Noite começou a cavar sua cova, sem chorar, sem reclamar, sem pedir
clemência, calado e determinado. Quando acabou, o coronel perguntou-lhe se ele
estava pronto para morrer, ouvindo daquele menino “cabra macho” que sim, que
estava pronto sim e apenas pediu que fosse dito em sua casa que ele morreu como
um homem e não como uma cabra de pêia.
Impressionado, o coronel disse-lhe que
não iria matá-lo, nem surrá-lo, mas que ele sumisse no mundo, para nunca mais
vê-lo. E assim Meia Noite fez, se desgarrou pelo mundo e se juntou ao Bando de
Lampião. 04/03/2020.
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2786764998079751&set=gm.566457157291578&type=3&theater&ifg=1
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário