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domingo, 24 de maio de 2020

MAMÃE, 90 ANOS!

Por Valdir José Nogueira 

A década de 1930 foi rica em cultura, cinema, moda, assim como em grandes conflitos políticos. O mundo passou por intensas mudanças no comportamento social, na política. Foi instituída uma nova legislação eleitoral e as mulheres conquistaram o direito ao voto. O fato é que a década marcou a história, e traçou rumos que nos trouxeram até aqui.

Pois foi nessa década marcante, no dia 24 de maio, dia de Nossa Senhora Auxiliadora, do ano da graça de 1930, na cidade de Belmonte, sertão de Pernambuco, que nasceu Aliete Rodrigues de Moura filha do casal Joaquim Donato de Moura e Luíza Rodrigues de Moura (d. Lizô).


Primogênita de sete irmãos: Auridete, Maria Felismina (Lia), Maurício, Maria Auxiliadôra (Dôra), Antônio e Joaquim Donato Filho (Quinca), foi batizada na Matriz de São José da localidade, pelo padre Carlos Frichzahu (alemão). Foram seus padrinhos de batismo os seus avós paternos: Tertuliano Donato de Moura e Felismina Nunes de Menezes; madrinha de crisma Antônia Iluminata de Moura (tia Tonha) e madrinha de apresentar Joaquina Nunes de Moura (Quina), sua tia também.

Apesar dos percalços enfrentados por seus pais, pode-se dizer que Aliete teve uma infância feliz.

Muito comunicativa, desde pequena fez parte de dramas, pastoris, brincou de circo, foi madrinha de times de futebol, foi anjo nas procissões, participou de coroação de Nossa Senhora e um dia alimentou o desejo de fugir para Hollywood e concretizar o sonho de ser atriz.

Cresceu ouvindo boa música e por ter voz bonita, cantou na matriz de São José nos corais de dona Alexandrina Sobreira, dona Badú e Rosa Pau Ferro. Com memória privilegiada, sabia de cor as valsas, baladas, canções e cançonetas, que cantavam nas festas, nos bailes, na difusora e no rádio. Cresceu num ambiente festivo da casa do seu avô paterno Terto Donato e na riqueza do carinho de suas tias e do seu pai Quinca, seu maior incentivador.

Teve como primeira professora dona Umbelina Menezes, seguida de Antônia Moura, Elina e Virgínia Sabino, Maria Belfort, Ameriquinha, Alaíde, Lourdes Siqueira e Waldecy de Paula.

Foi também aluna da Escola Silva Jardim, no Recife, ainda hoje existente, onde passou dois anos da sua vida (1936/1937), juntamente com sua irmã Auridete, morando com sua avó materna Bubuzinha (Maria Rodrigues da Costa), no bairro do Monteiro.

No ano de 1944 foi estudar no Stella Maris em Triunfo. Ali, naquele tradicional educandário bebeu conhecimento e cultura, e estimulou sua aguçada inteligência, aplicando os ensinamentos adquiridos na sua vida, até os dias de hoje.

A Igreja de São José foi o alicerce da sua fé, onde, além de ser batizada, fez a sua 1ª comunhão em 1939.

Por intermédio de sua madrinha Francisca Costa, se associou ao Apostolado da Oração. Participou da Associação de São José, do Anjo da Guarda, onde era secretária.

Na Matriz de São José, foi uma das iniciantes da novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de quem é muito devota, juntamente com a sua grande amiga e comadre Mocinha (Maria do Carmo Gomes).

E mamãe cresceu assim: cantando roda e ladainhas, modas e ofícios. Dentro dela as rezas cresciam, enchiam seu coração de esperança de ver o progresso acontecer. Era uma menina querendo concertar o mundo que ela conhecia. Belmonte era o seu mundo.

Mulher de garra, inteligente, espirituosa, determinada, habilidosa e audaciosa. Uma mulher vaidosa, forte e sensível, amante da vida.Diante de tantos predicados, logo apareceu um pretendente: Pedro Andrelino Nogueira. O casamento então veio a se realizar, numa cerimônia singela, em casa dos pais da noiva no dia 29 de junho de 1946, no povoado do Serrote. Época que seu Quinca Donato estava morando ali, gerenciando uma usina de caroá.

Depois do casamento passou a ser Aliete Moura Nogueira.

Desse casamento tiveram seis filhos: Valdemir, Maria do Socorro, José Vital, Pedro Filho, Valdir e Enildo.

Viveram por 51 anos, até que papai morreu. Foi uma vida alternada entre altos e baixos como toda família. Mas mesmo nos momentos difíceis mamãe nunca desanimou nem tirou da sua boca palavras de fé e risos de felicidade.

Sempre tivemos sincera admiração pela personalidade de nossa mãe. Admitindo-se que seja possível abstrair os laços emocionais que nos ligam, aprendemos a ver nela a personalidade invulgar que sempre foi.

De que estofo queremos que sejam montados nossos heróis? Se eles são como os santos, seres em quem encontramos o modelo para nossas vidas, então dona Aliete de Moura Nogueira tem todo o perfil característico dos verdadeiros heróis.

Sua vida é tão rica de lições e exemplos e ela sempre em frente sem perder o entusiasmo, sem perder a esperança de ver tudo melhorar.

Boas lembranças ficam para sempre guardadas num cantinho especial da nossa memória.

Lembrar o ontem de dona Aliete é lembrar a máquina de costura, os pés ligeiros fazendo a máquina levar as linhas para o pano estirado no bastidor, correndo para cima e para baixo fazendo nascer flores, frutos, peixes, pássaros, nos bordados no linho...é lembrar dos pincéis e tintas misturados no tecido fazendo surgir baianas com tabuleiros, holandeses de tamanco entre tulipas e moinhos, gueixas com sombrinhas e ventarolas...é lembrar dos crochês e do ponto de cruz... é lembrar das confecções femininas de adulto e criança, dos enxovais de noiva...

É pensar na cozinha, cheia de panelas e formas com os melhores gostos do mundo. É pensar nas compoteiras repletas de doces que as frutas nos davam. É relembrar os suspiros de açúcar adoçando nossa infância.

A doçura da nossa meninice vem nos ajudando a enfrentar as amarguras que surgem. As mãos de dona Aliete, mesmo trêmulas, nos sustentam. 

Envelheceu assim...Ainda espera dias melhores para todos que a cercam. Sempre foi o suporte de tudo, a mola mestra que impulsionou sempre. Mãe dedicada sempre deu o melhor de si, principalmente na saúde e educação dos filhos, no intuito de ver o futuro assegurado, todavia, cada um seguiu o caminho que escolheu. 

Sem sombras de dúvidas, é realmente uma mulher extraordinária que enfrentou desafios com inteligência e coragem. Fez valer seu trabalho artístico, fez valer seu trabalho culinário. Sempre valorizando o simples e o belo. É uma criatura com dotes singulares.

Todos têm mamãe como espelho e sentem o reflexo do maior amor do mundo dela por nós e por tudo da nossa cidade.

Mário Quintana nos deixou uma quadrinha que diz bem o que agora vivemos:

Para louvar nossa mãe
Todo bem que se disser
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer.

Mamãe! Agradecemos a Deus pelos seus 90 anos.
Feliz Aniversário!


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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