Depois de
passados alguns meses na prisão sobre os cuidados médicos, Antonio Silvino
ficou totalmente curado e passou a se interessar pela opinião pública a seu
respeito. Mas julgava-se vítima do “Governo” que lhe perseguia. Declarou que
não matava ninguém por dinheiro. Afirmou que a sua consciência não lhe acusava
dessa ordem de crime, porque nunca havia sido capanga de ninguém. Certo dia
Antonio Silvino recebeu um repórter do Periódico Estado de São Paulo, que
conseguiu entrevista-lo. Depois de longas conversas declarou ao repórter que
não admitia ser chamado de bandido ou assassino. Na Casa de Detenção do Recife,
o cangaceiro Antonio Silvino foi visitado por várias pessoas. Entre: amigos,
médicos, religiosos, estudantes jornalistas, poetas escritores... Foi visitado
até mesmo por pessoas filhos de seus inimigos. Mas que não guardaram
ressentimentos de ódio ou de vingança, ao contrário admiravam a coragem e
valentia ao seu respeito. (Antonio Silvino RN - Raul Fernandes).
O Senhor
Seráfico Ricardo, neto do fazendeiro Ricardinho da fazenda Bravo município de
Cabaceiras, ex-combatente aposentado, na época residente em João Pessoa,
Capital da Paraíba, nos declarou em junho de 1989: “- Quando o cangaceiro
Antonio Silvino estava preso, alguns cabaceirenses lhe visitaram na Detenção do
Recife. Entre as pessoas Major Anselmo, Padre Inácio (ambos do antigo Conselho
Municipal), Deusdedithe, Severino de Alcântara... Entre outros fazendeiros e
comerciantes”. E uma das visitas chegou a declarar ao Capitão Manoel Martins Pereira
de Barros que no tiroteio do Roçado da Serra na fazenda Corredor, ano 1912,
havia deixados joias escondidas num oco de angico, entre duas pedras. Nesse
local também havia deixado como marcação um punhal em pé.
Sobre os
citados objetos visitamos o fazendeiro Juarez Lacerda, com quem se encontrava
de posse do dito punhal. Encontrados na década de 1940, por Galdino, tio do
Senhor Juarez Lacerda. Nos declarou que havia ganhado o tal objeto do seu tio.
E que as joias foram encontradas por José Ambrosio Castro, na década de 1970,
quando tirava casca de angicos para o curtimento de peles.
Para muitos
cabaceirenses Antonio Silvino não era um bandido. Se bandido ele tivesse sido,
muitas pessoas de bem não teriam lhe visitado na prisão. Pessoas de muitos
lugares do país vinham lhe visitar. Hoje, quem das pessoas de bem visita um
bandido na prisão? A não ser seus familiares?
De uma das
páginas do documento de Raul Fernandes intitulado de “Antonio Silvino no RN”,
doado por Geraldo Cesino, transcrevemos trechos do que foi registrado em
relação ao cangaceiro: “... Câmara Cascudo o procurou diversas vezes, no
período de 1924 a 28. E durante este período escreveu as características
seguinte do cangaceiro Antonio Silvino: _... olhos castanhos, quase
agatanhados, serenos, gestos lentos, com simpatia natural, asseado e cortês”.
Mais adiante: “__ valente atrevido, arrojado, com gesto generoso e humano,
respeitador de donas e donzelas, nenhum cangaceiro antes dele despertou maior
interesse para os cantadores e poetas sertanejos, motivando um número
incalculável de folhetos nas feiras”.
E assim sendo,
depois do que descrevemos de Câmara Cascudo, deixamos uma pergunta para os
nossos leitores refletirem: “Qual ou quais bandidos tiveram, ou têm essas
descrições declaradas por um grande escritor”?
Texto: NCastro Castro
Baseado em:
"Antonio Silvino RN - Raul Fernandes". E depoimentos de Seráfico Ricardo e Juarez
Lacerda.
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