Poema de Conrado Matos
Antes, os navios
negreiros, hoje,
transporte de massa
e até escadas rolantes.
Escadas, essas, nos
conduzem ao destino
certo, na hora certa,
do relógio de ponto,
onde há apenas trabalho
e piores esperanças.
Foi sempre assim,
continua sendo assim,
o sistema será sempre
assim...
Ontem nos
engenhos, trabalhando
na cana de açúcar,
hoje em condições
semelhantes.
Circulam diariamente
homens, mulheres, de
várias raças e cores
São brancos, negros,
mulatos, índios,
caboclos, mestiços,
amarelos e pardos.
(* Nota: Termos raciais
utilizados na época
dos anos 80).
Gente triste, gente feliz
com um sorriso forçado
Gente com olhar sombrio,
suada e apressada.
São pessoas que vêm
de diversos bairros,
num corre-corre, subindo
escadas e descendo
escadas, contando os
degraus que vão rolando
e pensando naqueles
fantásticos degraus dos
sonhos.
Conrado Matos - Psicanalista, Poeta,
Escritor e Compositor.
Salvador, 10 de Junho de 1984 (Data em que o poema foi escrito).
Foto de Margarida Neide/Arquivo - Correio.
ESTAÇÃO DA LAPA DE SALVADOR ( Essa linha de ônibus na foto é Luis Anselmo x Lapa).
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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