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sábado, 1 de abril de 2023

SEU GALDINO FALA AO SEU LEODORO SOBRE A SUA PASSAGEM NO TIME DE FUTEBOL POTIGUAR DE MOSSORÓ.

Por José Mendes Pereira

https://arquivosfutebolbrasil.com.br/blog/2021/06/21/associacao-cultural-esporte-clube-baraunas-mossoro-rn-no-campeonato-potiguar-de-1978/

"Hoje é 1º. de abril e não podemos deixar seu Galdino fora desse dia".

Para quem gosta de futebol (eu não entendo nada), a Associação Cultural e Desportiva Potiguar é conhecida "Potiguar", porque, é uma associação do Estado do Rio Grande do Norte, e que a equipe faz seus jogos no único Estádio de futebol de Mossoró, o Nogueirão.

O Potiguar não é o maior time do Rio Grande do Norte, mas é um dos maiores do interior do Estado, e é merecedor da maior torcida deste. Ele foi fundado em 11 de fevereiro de 1945, resultado da fusão de dois clubes da cidade o Esporte Clube "Potiguar" e a Sociedade Desportiva Mossoró.

No ano de 1951, o time de futebol "Potiguar", veio a conquistar seu primeiro campeonato municipal. Dequinha (que mais tarde viria a jogar pelo Flamengo e pela Seleção Brasileira) e Bira (que jogou no futebol europeu) foram os responsáveis pelas primeiras conquistas do clube. 

Seu Galdino Borba(gato) Mend(onça) foi um dos jogadores do "Potiguar", segundo afirmou ele a seu Leodoro Gusmão, enquanto conversavam em uma tarde no seu curral. Mas algumas pessoas não respeitam seu Galdino, e não querem acreditar em tudo que ele diz.

Eu, particularmente não vejo nenhum motivo para dizer que seu Galdino Borba(gato) era um homem mentiroso. O que eu sei, é que ele era um sujeito completamente polivalente. Um grande conhecedor de várias profissões, como por exemplo: agricultor, fazendeiro, vaqueiro, ourives, jogador de futebol, caçador de mel de abelha italiana e jandaíra, cantor, onde no Programa do Chacrinha ele concorreu com o famoso artista Roberto Carlos,  e  principalmente, perseguidor de onças nas quebradas sertanejas. Esta última era a que ele mais entendia. Pegava onças na carreira dentro dos cerrados, e para ele, caçar onças era o seu melhor hobe. 

Seu Galdino era mais corajoso do que o tenente João Bezerra da Silva, o único policial que foi capaz de matar o homem mais valente do Nordeste Brasileiro, o rei do cangaço capitão Lampião, sua rainha Maria Bonita e mais 9 cangaceiros, todos estes eram funcionários da Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia.

Sob o telhado que cobria o estábulo da sua fazenda, seu Galdino e seu Leodoro Gusmão conversavam sentados em  tinas feitas de alvenaria, e o assunto bem gostoso e com muito orgulho para seu Galdino, era relacionado à sua participação como titular -  jogador de futebol da "Associação Cultural e Desportiva Potiguar". 

Dizia seu Galdino ao compadre, que na adolescência, foi um dos melhores jogadores de futebol em campos de poeira, isto é  improvisados, e com o passar dos anos, deixou os campos de poeira e conseguiu participar de campos oficiais, com regras, com traves, com bolas oficiais, com  juízes,  bandeirinhas, gandulas, mais uma enorme torcida e tudo mais. E devido o seu bom desempenho como jogador, foi convidado, e posteriormente contratado para ser um atleta da equipe do "Potiguar" de Mossoró, assumindo a posição atacante, porque este clube tomara conhecimento do seu talento com bola.

Nessa equipe, seu Galdino foi a grande estrela, e até hoje, depois de muitos anos que passou lá pelo "Potiguar", é lembrado por todos os jogadores e membros dali, porque, ficou registrada a sua admirada participação naquele grupo. Equipe que apresentava e apresenta até hoje total eficiência. 

No primeiro jogo "Potiguar x Baraúna", ambos de Mossoró, que fez como titular desta primeira equipe - contava seu Galdino ao compadre Leodoro - logo no primeiro tempo, fez 8 gols, que nunca tinha acontecido em partida de futebol  do Brasil, e nem em país nenhum, um único jogador balançar a rede com 8 gols, e principalmente, apenas em um tempo de 45 minutos.  

Seu Leodoro Gusmão ouvia com atenção o que dizia o seu compadre Galdino Borba(gato), mesmo pigarreando, mas fingia ser irritação na garganta, como se fosse excesso de secreção acumulada. Mas na verdade, ele achava que seu Galdino estava enfeitando muito o assunto, e jamais tomara conhecimento que ele tinha jogado em times  de futebol oficiais. Mas não devia duvidar.   

Seu Galdino dizia que a bola parecia estar apaixonada por ele. Sempre ela procurava os seus pés. Quando bem olhava, ela já vinha à sua direção, e quando ele se apoderava dela, era nesse momento que ele fazia a torcida delirar, gritando fortemente o seu nome: "- Galdino! Galdino! Galdino!". Mas isso é o que chamamos de talento. Seu Galdino nasceu para ser mesmo um atleta de campo, onde tem trave e gramado. Em algumas vezes, a bola tomava rumo diferente e caía dentro da rede. 

Em um momento, seu Leodoro Gusmão quis saber o que sentia o seu coração quando a torcida delirava. E apoiando-se um pouco sobre a tina que a tempo se sentara, perguntou-lhe:

- Compadre Galdino, eu suponho que é  muito bom quando as pessoas gritam o nome da gente em tom de elogios. E com tudo isso, como ficava o seu coração nessa ocasião de delírio da torcida do "Potiguar", gritando e batendo palmas, só homenageando o seu futebol?

- Nossa! Não há coisa melhor do que ser admirado dentro de um campo de futebol ou qualquer ambiente. Eu nem sei explicar o tamanho da emoção. Mas é gratificante, compadre Leodoro.

Segundo seu Galdino, na sua segunda participação na equipe "Potiguar", jogando contra o "Baraúna" local, logo no primeiro tempo, fez 11 gols.  O goleiro do "Baraúna ficou totalmente atordoado de tanto pular para evitar gols, mas não teve jeito, foi surrado com 11 lindos gols.

A galera não parava de gritar quando ele se apoderava da bola. O que era de jogadores do "Baraúna", todos corriam atrás dele. Nesse dia, até o goleiro deixou a sua trave e fez carreira para ajudar os demais membros do Baraúna. 

Teve momentos que três ou quatro jogadores abandonaram o campo e ficaram ali ao lado do goleiro. Com as mãos, eles não podiam pegar a bola, mas com pés e cabeças sim, podiam evitar mais outros gols. Ele parecia que estava voando sobre o gramado. 

Dizia ele que no segundo tempo, o seu admirado desempenho, até os torcedores do "Baraúna" aplaudiam o seu futebol. Dava cada chapéu nos seus adversários, e que a plateia não segurava a sua emoção, o seu grito de admiração estava por todo campo.

Mas com tanto talento, seu Galdino Borba(gato não seguiu o futebol, porque o tempo não oferecia muito dinheiro. Resolveu abandonar de uma vez por toda a carreira de jogador, e ficou fazendo companhia aos pais, principalmente caçando onças. 

Seu Galdino foi convidado por outros times e também para participar da seleção brasileira, mas ele não aceitou. O que ele queria mesmo era ficar juntinho dos seus pais e seus conterrâneos mossoroenses.

Mais uma vantagem que seu Leodoro ouviu do seu compadre Galdino.

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