Por José Mendes Pereira
Para quem
gosta de futebol (eu não entendo nada), a Associação Cultural e Desportiva Potiguar é conhecida
"Potiguar", porque, é uma associação do Estado do Rio Grande do
Norte, e que a equipe faz seus jogos no único Estádio de futebol de
Mossoró, o Nogueirão.
O Potiguar não é o maior time do Rio Grande do Norte, mas é um dos maiores do interior do Estado, e é merecedor da maior torcida deste. Ele foi fundado em 11 de fevereiro de 1945, resultado da fusão de dois clubes da cidade o Esporte Clube "Potiguar" e a Sociedade Desportiva Mossoró.
No ano de 1951, o time de futebol "Potiguar", veio a conquistar seu primeiro campeonato municipal. Dequinha (que mais tarde viria a jogar pelo Flamengo e pela Seleção Brasileira) e Bira (que jogou no futebol europeu) foram os responsáveis pelas primeiras conquistas do clube.
Seu Galdino Borba(gato) Mend(onça) foi um dos jogadores do "Potiguar", segundo afirmou ele a seu Leodoro Gusmão, enquanto conversavam em uma tarde no seu curral. Mas algumas pessoas não respeitam seu Galdino, e não querem acreditar em tudo que ele diz.
Eu, particularmente não vejo nenhum motivo para dizer que seu Galdino
Borba(gato) era um homem mentiroso. O que eu sei, é que ele era um sujeito
completamente polivalente. Um grande conhecedor de várias profissões, como por
exemplo: agricultor, fazendeiro, vaqueiro, ourives, jogador de futebol, caçador
de mel de abelha italiana e jandaíra, cantor, onde no Programa do Chacrinha ele concorreu com o famoso artista Roberto Carlos, e principalmente, perseguidor de
onças nas quebradas sertanejas. Esta última era a que ele mais entendia. Pegava
onças na carreira dentro dos cerrados, e para ele, caçar onças era o seu melhor
hobe.
Seu Galdino era mais corajoso do que o tenente João Bezerra da Silva, o único
policial que foi capaz de matar o homem mais valente do Nordeste Brasileiro, o
rei do cangaço capitão Lampião, sua rainha Maria Bonita e mais 9
cangaceiros, todos estes eram funcionários da Empresa de Cangaceiros Lampiônica
& Cia.
Sob o telhado
que cobria o estábulo da sua fazenda, seu Galdino e seu Leodoro Gusmão
conversavam sentados em tinas feitas de alvenaria, e o assunto bem
gostoso e com muito orgulho para seu Galdino, era relacionado à sua participação
como titular - jogador de futebol da "Associação Cultural e
Desportiva Potiguar".
Dizia seu Galdino ao compadre, que na adolescência, foi um dos melhores
jogadores de futebol em campos de poeira, isto é improvisados, e com o
passar dos anos, deixou os campos de poeira e conseguiu participar de campos
oficiais, com regras, com traves, com bolas oficiais,
com juízes, bandeirinhas, gandulas, mais uma enorme torcida e tudo
mais. E devido o seu bom desempenho como jogador, foi convidado, e
posteriormente contratado para ser um atleta da equipe do "Potiguar"
de Mossoró, assumindo a posição atacante, porque este clube tomara conhecimento
do seu talento com bola.
Nessa equipe, seu Galdino foi a grande estrela, e até hoje, depois de muitos
anos que passou lá pelo "Potiguar", é lembrado por todos os jogadores
e membros dali, porque, ficou registrada a sua admirada participação naquele
grupo. Equipe que apresentava e apresenta até hoje total eficiência.
No primeiro jogo "Potiguar x Baraúna", ambos de Mossoró, que fez como
titular desta primeira equipe - contava seu Galdino ao compadre Leodoro - logo no
primeiro tempo, fez 8 gols, que nunca tinha acontecido em partida de futebol do
Brasil, e nem em país nenhum, um único jogador balançar a rede com 8
gols, e principalmente, apenas em um tempo de 45 minutos.
Seu Leodoro Gusmão ouvia com atenção o que dizia o seu compadre Galdino Borba(gato), mesmo pigarreando,
mas fingia ser irritação na garganta, como se fosse excesso de secreção
acumulada. Mas na verdade, ele achava que seu Galdino estava enfeitando
muito o assunto, e jamais tomara conhecimento que ele tinha jogado em times
de futebol oficiais. Mas não devia duvidar.
Seu Galdino dizia que a bola parecia estar apaixonada por ele. Sempre ela
procurava os seus pés. Quando bem olhava, ela já vinha à sua direção, e quando
ele se apoderava dela, era nesse momento que ele fazia a torcida delirar,
gritando fortemente o seu nome: "- Galdino! Galdino! Galdino!". Mas
isso é o que chamamos de talento. Seu Galdino nasceu para ser mesmo um atleta
de campo, onde tem trave e gramado. Em algumas vezes, a bola tomava rumo
diferente e caía dentro da rede.
Em um momento, seu Leodoro Gusmão quis saber o que sentia o seu coração quando a
torcida delirava. E apoiando-se um pouco sobre a tina que a tempo se sentara,
perguntou-lhe:
- Compadre Galdino, eu suponho que é muito bom quando as pessoas
gritam o nome da gente em tom de elogios. E com tudo isso, como ficava o seu
coração nessa ocasião de delírio da torcida do "Potiguar", gritando e
batendo palmas, só homenageando o seu futebol?
- Nossa! Não há coisa melhor do que ser admirado dentro de um campo de futebol
ou qualquer ambiente. Eu nem sei explicar o tamanho da emoção. Mas é
gratificante, compadre Leodoro.
Segundo seu Galdino, na sua segunda participação na equipe "Potiguar",
jogando contra o "Baraúna" local, logo no primeiro tempo, fez 11 gols. O goleiro do "Baraúna ficou totalmente atordoado de tanto
pular para evitar gols, mas não teve jeito, foi surrado com 11 lindos gols.
A galera não parava de gritar quando ele se apoderava da bola. O que era de
jogadores do "Baraúna", todos corriam atrás dele. Nesse dia, até o
goleiro deixou a sua trave e fez carreira para ajudar os demais membros do
Baraúna.
Teve momentos que três ou quatro jogadores abandonaram o campo e ficaram ali ao
lado do goleiro. Com as mãos, eles não podiam pegar a bola, mas com pés e
cabeças sim, podiam evitar mais outros gols. Ele parecia que estava voando sobre o
gramado.
Dizia ele que no segundo tempo, o seu admirado desempenho, até os torcedores do
"Baraúna" aplaudiam o seu futebol. Dava cada chapéu nos seus
adversários, e que a plateia não segurava a sua emoção, o seu grito de
admiração estava por todo campo.
Mas com tanto talento, seu Galdino Borba(gato não seguiu o futebol, porque o
tempo não oferecia muito dinheiro. Resolveu abandonar de uma vez por toda a
carreira de jogador, e ficou fazendo companhia aos pais, principalmente caçando onças.
Seu Galdino foi convidado por outros times e também para participar da seleção
brasileira, mas ele não aceitou. O que ele queria mesmo era ficar juntinho dos
seus pais e seus conterrâneos mossoroenses.
Mais uma vantagem que seu Leodoro ouviu do seu compadre Galdino.
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