Autor: José Di Rosa Maria
Quando o óbito do último dos meus ais Constatar-se pra Deus, Pai dos falíveis, Legiões de anseios impossíveis Vagarão sem que eu os siga mais. Pelo mundo que, vítima dos mortais, Seguirá sem qualquer atenção dada, Feito pátria de honra deflorada Pela fome de ter só pra somar, Quando minha jornada terminar Partirei sem do mundo levar nada. * Sem as armas de luta a céu aberto, Com apenas o peso dos pecados E a soma dos terços não rezados, Mudarei para um cosmo, nada perto. Sem decerto saber o rumo certo, Do descanso da última caminhada, Para sempre um voo de hora marcada Meu espírito sem mim há de alçar, Quando minha jornada terminar Partirei sem do mundo levar nada. * Meu conjunto de ossos ficará Como prova cabal da existência, No recanto dum reino sem essência Onde jaz quem jamais retornará. E por tempos eternos dormirá Numa jaula de terra indesejada, Há centenas de anos planejada Pra quem perde o poder de respirar, Quando minha jornada terminar Partirei sem do mundo levar nada. * Meus arbítrios carnais adormecidos Pelo tempo pra sempre ficarão, Por lembrança da perda da razão E dos dias por mim aqui vividos. Meus cabelos quebrados e fedidos Bem no âmago da cova rodeada Por jazigo de gente descarnada, Que enfim, viu seu fim também chegar, Quando minha jornada terminar Partirei sem do mundo levar nada. * Entranhados nas letras do meu nome Deixarei muitos gêneros textuais, Afirmando com provas imortais Que legado de gênio nunca some. Que nem mesmo com tempo o tempo come, Tendo sua raiz petrificada Pela mão do destino e vigiada, Por que fez terra, vento, céu e amar, Quando minha jornada terminar Partirei sem do mundo levar nada.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário