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segunda-feira, 30 de setembro de 2024

A FAMÍLIA NITEROIENSE DE EUCLIDES DA CUNHA

Rio Por Ana Cláudia Guimarães

Maria Auxiliadora, neta de Euclides, cercada pelas trinetas do escritor Luciana e Carolina e pela bisneta Auxiliadora Maria Foto: Álbum de família

Única neta viva, Maria Auxiliadora, de 90 anos, mora no Ingá. Na cidade, vivem hoje 12 descendentes, sendo que a maioria herdou a veia intelectual do autor de 'Os sertões'

Um ramo “euclidiano” puro, com o DNA do autor da obra-prima “Os sertões”, escreve há mais de seis décadas sua história em Niterói. Essa linha do tempo começou com a professora Maria Auxiliadora da Cunha Lage, hoje com 90 anos, única neta viva de Euclides da Cunha, cuja morte completou 111 anos no último dia 15. Ela chegou à cidade com o marido, Carlos da Costa Lage (já falecido), que foi designado para a gerência do Banco do Brasil em São Gonçalo. O casal veio de Cantagalo, terra de Euclides, morou no Centro e depois no Ingá, onde ela ainda vive.

A maior parte das gerações seguintes herdou a veia intelectual e está em Niterói ou passou pela cidade. Agora, há a neta e mais 11 na cidade, como os bisnetos Carlos Roberto, ex-professor da UFF e ex-diretor do Hospital Antonio Pedro; e Auxiliadora Maria, professora de educação física. A caçula é Patrícia Feliciano, tetraneta, de 5 anos.

Euclides da Cunha: morte trágica ainda é um trauma na família Foto: O. Lima / Arquivo

Aliás, Maria Auxiliadora é filha de Manoel Afonso, único dos três filhos de Euclides e Anna Emília Ribeiro a deixar descendentes — o casamento dos dois, que terminou em tragédia com a morte do escritor pelo amante da mulher, Dilermando de Assis, é um trauma na família até hoje. Os outros netos, Eliete, Norma e Euclides, já faleceram. Numa aula para a coluna sobre o também engenheiro, militar, republicano, sociólogo, historiador e jornalista, a neta diz, em tom de conselho:

— É importante ter a mente aberta para possíveis mudanças de opinião. Euclides foi para Canudos com uma ideia que lhe era passada por terceiros, mas chegando ao sertão baiano se deparou com uma realidade diferente e escreveu a verdade, o que resultou no célebre livro-denúncia sobre o massacre.

Trineta, a jornalista Luciana Lage de Souza, de 34 anos, lembra uma curiosidade: o encéfalo do escritor, homenageado na última Flip, ficou um tempo sobre o piano de Maria Auxiliadora, no Ingá. Desde 1983, está na casa-museu de Cantagalo. Além de familiares, a “euclidiana” (estudiosa da obra) Anabelle Loivos, da UFRJ, mora aqui.

Em tempos sombrios, a trineta Luciana destaca uma frase de Euclides: “Acredito no futuro estabelecimento de uma perfeita solidariedade universal, envolvendo por inteiro a humanidade”.

https://oglobo.globo.com/rio/a-familia-niteroiense-de-euclides-da-cunha-1-24599664

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