Rio Por Ana Cláudia Guimarães
Única neta viva, Maria Auxiliadora, de 90 anos, mora no
Ingá. Na cidade, vivem hoje 12 descendentes, sendo que a maioria herdou a veia
intelectual do autor de 'Os sertões'
Um ramo “euclidiano” puro, com o DNA do autor da obra-prima
“Os sertões”, escreve há mais de seis décadas sua história em Niterói. Essa
linha do tempo começou com a professora Maria Auxiliadora da Cunha Lage, hoje
com 90 anos, única neta viva de Euclides da Cunha, cuja morte completou 111
anos no último dia 15. Ela chegou à cidade com o marido, Carlos da Costa Lage
(já falecido), que foi designado para a gerência do Banco do Brasil em São
Gonçalo. O casal veio de Cantagalo, terra de Euclides, morou no Centro e depois
no Ingá, onde ela ainda vive.
A maior parte das gerações seguintes herdou a veia
intelectual e está em Niterói ou passou pela cidade. Agora, há a neta e mais 11
na cidade, como os bisnetos Carlos Roberto, ex-professor da UFF e ex-diretor do
Hospital Antonio Pedro; e Auxiliadora Maria, professora de educação física. A
caçula é Patrícia Feliciano, tetraneta, de 5 anos.
Euclides da Cunha: morte trágica ainda é um trauma na
família Foto: O. Lima / Arquivo
Aliás, Maria Auxiliadora é filha de Manoel Afonso, único dos
três filhos de Euclides e Anna Emília Ribeiro a deixar descendentes — o
casamento dos dois, que terminou em tragédia com a morte do escritor pelo
amante da mulher, Dilermando de Assis, é um trauma na família até hoje. Os
outros netos, Eliete, Norma e Euclides, já faleceram. Numa aula para a coluna
sobre o também engenheiro, militar, republicano, sociólogo, historiador e
jornalista, a neta diz, em tom de conselho:
— É importante ter a mente aberta para possíveis mudanças de
opinião. Euclides foi para Canudos com uma ideia que lhe era passada por
terceiros, mas chegando ao sertão baiano se deparou com uma realidade diferente
e escreveu a verdade, o que resultou no célebre livro-denúncia sobre o
massacre.
Trineta, a jornalista Luciana Lage de Souza, de 34 anos,
lembra uma curiosidade: o encéfalo do escritor, homenageado na última Flip,
ficou um tempo sobre o piano de Maria Auxiliadora, no Ingá. Desde 1983, está na
casa-museu de Cantagalo. Além de familiares, a “euclidiana” (estudiosa da obra)
Anabelle Loivos, da UFRJ, mora aqui.
Em tempos sombrios, a trineta Luciana destaca uma frase de
Euclides: “Acredito no futuro estabelecimento de uma perfeita solidariedade
universal, envolvendo por inteiro a humanidade”.
https://oglobo.globo.com/rio/a-familia-niteroiense-de-euclides-da-cunha-1-24599664
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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