Por Paulo Alexandre
No sertão
árido do Nordeste brasileiro, nasceu Jesuíno Alves de Melo Calado, mais
conhecido como Jesuíno Brilhante. Sua história se entrelaça com as vastas
terras da região, onde a pobreza e a opressão eram constantes. Filho de uma
família de agricultores, Jesuíno viveu uma infância tranquila no sítio Tuiuiú,
próximo à cidade de Patu, no Rio Grande do Norte.
No entanto, tudo mudou em 1871, quando seu irmão foi violentamente agredido nas ruas de Patu e acusado injustamente de roubar uma cabra. Inconformado com a injustiça, Jesuíno decidiu contrariar a estrutura do mandonismo arbitrário que prevalecia na região e começou a liderar um bando de outros descontentes que passaram a agir como justiceiros.
Diferente de figuras como o pernambucano Cabeleira ou
o baiano Lucas
da Feira, além de outros famosos cangaceiros do século XX, Jesuíno
Brilhante não se entregou à violência e à pilhagem desenfreada. Ele se tornou
um verdadeiro “Robin Hood” do Sertão, roubando dos coronéis opressores para
ajudar os necessitados. Jesuíno era admirado e respeitado pela população pobre,
que o via como um defensor dos fracos e oprimidos. Seus saques visavam os
comboios de alimentos enviados pelo governo para as vítimas das secas, que
muitas vezes eram desviados e não chegavam ao povo. Entre 1871 e 1879, Jesuíno
Brilhante estabeleceu um verdadeiro “Estado Paralelo” nos sertões brasileiros,
desafiando lei e criando suas próprias regras, inclusive libertando presos
julgados pelo sistema legal que ele contestava.
Apesar de
contar com afeição e apoio de sertanejos, a disposição das autoridades e dos
proprietários poderosos era intensa para acabar com a atuação do justiceiro e
vida de Jesuíno chegou a um fim trágico. Em uma emboscada em Belém do Brejo do
Cruz, Paraíba, ele foi atacado por uma tropa policial. Mesmo em desvantagem,
Jesuíno lutou bravamente, disparando contra seus perseguidores, mas acabou
sendo atingido fatalmente por dois tiros. Seu corpo foi levado ao Colégio
Diocesano de Mossoró e, posteriormente, transferido para o Rio de Janeiro como
uma macabra peça para exposição. Porém, o paradeiro de seus restos mortais
permanece desconhecido até os dias atuais.
A história de
Jesuíno Brilhante, o cangaceiro romântico, criaram no imaginário sertanejo a
imagem do bandido benfeitor que paira entre a ilegalidade e a prática de ações
em favor dos excluídos.
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