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sábado, 24 de maio de 2025

AMÉLIA E SERROTE

Autor do Texto Jurandy França

Lampião, o rei do Cangaço, ainda era um menino, quando o bandoleiro de nome José Maria de Oliveira; conhecido como Serrote, já amedrontava as terras da Rainha da Borborema, quando essa ainda era menina. Serrote praticava crimes, com requintes de malvadeza e crueldade. Nascido nas terras paraibanas, pertenceu ao bando do famoso cangaceiro Antonio Silvino.

Silvino era considerado um cangaceiro "do bem", não admitia certas atitudes cruéis e covardes de Serrote, por isso, o expulsou do seu bando. Serrote formou um pequeno grupo, que passou a praticar roubos e assassinatos na região. Acabou sendo preso, ficou alguns anos na prisão, e quando saiu foi morar em Campina Grande, cidade que crescia, mas sua população não chegava aos 50.000 habitantes, naquele longínquo ano de 1915. Vivia de fazer o trabalho sujo para alguns poderosos da região.

Nesta mesma época surgiu em Campina Grande, uma bela jovem, vinda da cidade de Serraria, que forma o triângulo com Arara e Solanea, no Brejo paraibano. Amélia era o seu nome, separada do marido, foi objeto de preconceito pela família e a sociedade serrariense; naqueles idos anos do início do século XX, a mulher desquitada, era tratada como prostituta, independentemente dos motivos.

Pois bem!

Se não era, passou a ser, chegando a "cidade grande", precisava sobreviver, mas trabalho digno não encontrava. Do alto de sua beleza juvenil; tinha 28 anos quando chegou a terra do "quebra quilos", de uma coisa estava certa, não iria para os cabarés, ser explorada por nenhum cafetão criminoso. Com as economias que possuía, alugou uma casa em uma rua movimentada do Centro, logo começou ver o resultado do comércio, onde a mercadoria exposta e vendida, era o seu próprio corpo. Sua fama cresceu, era conhecida por quase todos os maridos infiéis da alta sociedade campinense. O negocio ia de vento em popa, até o seu destino se cruzar com o de Serrote.

Como citei anteriormente, Serrote fazia "serviços" para determinadas pessoas, por exemplo: dar surras e até matar.

Não se sabe quem; se um homem enciumado, ou uma mulher traída, contratou Serrote para dar um corretivo em Amélia, uma surra das boas. O criminoso na companhia de um outro da sua laia, foram até à casa de Amélia, não se contentaram apenas em surrar a pobre mulher; também a estupraram. Deixaram-na em estado lastimável, foi parar no hospital. Serrote ainda fez-lhe uma ameaça: "A próxima vez que lhe encontrar, te mato!".

Quando saiu do hospital, Amélia passou a viver escondida, não podia fugir, tinha seus negócios. Decidiu ficar, passou a andar armada com um punhal. Numa terça à noite, passando por uma rua, próxima à sua residência, deu de cara com o seu carrasco, que partiu pra cima dela, querendo cumprir a promessa feita. Desferiu uma cacetada em Amélia, que caiu, mas não desmaiou. O negro pulou sobre ela de revólver em punho para terminar o serviço, mas foi surpreendido com uma punhalada certeira bem no coração. Serrote ainda deu alguns passos cambaleando e caiu... estava morto. Amélia fugiu do local, no dia seguinte se entregou e confessou o crime. Ficou presa, mas depois foi libertada, foi denunciada, julgada e absolvida por unanimidade do júri, que entendeu tratar-se de legítima defesa.

Segundo os historiadores que tratam do assunto, pouco ou quase nada se sabe sobre Amélia, após tais acontecimentos. Provavelmente mudou-se de Campina, com medo de possíveis represálias por parte dos acobertadores da vida criminosa de Serrote.

Autor do texto: Jurandy França

Fonte:

Tok de História

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