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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Jeito estranho de constituir família


Muito se fala que Lampião respeitava as mulheres. Mas parece que não era bem assim. Consta que em 1923, num lugar chamado Bonito de Santa Fé (PB), ele deu início ao estupro coletivo da mulher de um delegado. Eram 25 homens.

Sila, já falecida

"Tirei muita mocinha das mãos de companheiros", conta Ilda Ribeiro de Souza, a Sila, 73 anos, a viúva do cangaceiro Zé Sereno, que vive em São Paulo.

Zé Sereno - já falecido

O líder também mandava marcar a ferro moças que usassem cabelos ou vestidos curtos. É possível que Maria Déa, a Maria Bonita, não soubesse dessas histórias quando se apaixonou por ele. Ela o conheceu em 1929 e, em 1930, deixou o marido, sapateiro José de Nenê, para segui-lo. Assim, abriu as portas para a entrada de mulheres no bando.

Segundo Frederico de Melo, era uma época de "mais idade, menos guerra e mais limpeza".


Alguns estudiosos acreditam que as mulheres rivalizaram com as armas, desviando os homens da concentração militar. Teriam sido responsáveis pelo fim do cangaço.

De fato, alguns problemas surgiram, como o nascimento de crianças. A solução foi dá-las para padres ou fazendeiros.

Quando morria um companheiro, a viúva tinha de arranjar novo par. Por duas vezes isso não deu certo e a saída foi executar as mulheres. Rosinha e Cristina foram assassinadas para não ameaçar o grupo.

Outro drama era o adultério.  Lídia e Lili morreram por trair seus companheiros.

É curioso notar como, apesar de atitudes extremamente conservadoras com as mulheres, Lampião chegava a ser moderno em outros aspectos. Mandava cartas com papéis que tinham seu nome datilografado, tremenda novidade na região.

De acordo com Melo, preocupado com falsificação de correspondência, houve quem tentasse se passar por ele para levantar um dinheirinho, mandou fazer cartões de visita com sua foto. E tinha até garrafa térmica. De um certo ponto de vista, pode-se dizer que levava uma vida sofisticada.

Extraído da Revista:

Super Interessante
Ano:11
Nº. 6
Junho de 1997

Uma doação a mim, do poeta e pesquisador do cangaço: 
Kydelmir Dantas

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