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sábado, 3 de agosto de 2013

GERALDO JIBÓIA, O FOLIÃO

Por: Francisco de Paula Melo Aguiar

"O povo toma pileques de ilusão com futebol e carnaval. São estas as suas duas fontes de sonho."
                                           Carlos Drummond de Andrade

Folia é uma palavra que na língua portuguesa falada no Brasil, tem origem na língua latina com o significado de parábola, que por sua vez deriva do grego parabolé. Então o termo “palavra”, pode ser definida como sendo justamente um conjunto de letras ou son de uma língua com a ideia associada ao referido conjunto. Assim sendo, a função da palavra é nada mais nada menos, representar partes do pensamento humano, o que vale dizer que ela constitui uma unidade da linguagem humana, segundo Napoleão Mendes de Almeida, em sua obra: Gramática Metódica da Língua Portuguesa, 45 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, pág. 17. (ISBN 978-85-02-05430-1). Assim sendo, folia define em sentido lato sensu uma festa popular com grande agitação e movimentação pública, caracterizada por dança, música e diversão em todos os sentidos da palavra. Um exemplo típico folias é o caso do “réveillon” no fim de cada ano, bem como o caso do “carnaval”. E o Brasil tem o maior espetáculo da terra quando se fala de carnaval. Ninguém sabe fazer carnaval ou festa momo do povo brasileiro, com suas escolas de sambas, tribos indígenas, etc., todas classes sociais se encontram nesta grande festa, tanto nos grandes, quanto nos pequenos centros, cidades, lugarejos, povoados, vilas, arraias, etc., não precisa se preparar para dançar o carnaval como maior expressão de liberdade do ser humano na face da terra. Não tem idade para se brincar o carnaval. É só felicidade e nada mais durante os três dias de momo. Qualquer tipo de música do tipo marchinha e/ou frevo, levanta multidões e até porque “atrás do trio elétrico; só não vai quem já morreu; quem já botou pra rachar; aprendeu, que é do outro lado; do lado de lá do lado; que é lá do lado de lá”, e até porque “o sol é seu; o som é meu; quero morrer; quero viver; quero viver lá”, de modo que “nem quero saber se o diabo; nasceu, foi na Bahia; foi na Bahia; o trio elétrico; o sol rompeu; no meio-dia; no meio-dia”, segundo o poeta e compositor Caetano Veloso. Isto é por analogia o que acontece nas grandes e pequenas festas de mono, anualmente.
                         
Em Santa Rita, a festa de momo, sempre foi festejada com bailes nos principais clubes até então existentes, como por exemplo: o Santa Rita Tênis e o Santa Cruz. Ambos disputavam anualmente para se saber quem fazia o melhor carnal na Rainha dos Canaviais. A criançada tinha sua festa de mono nas matinês, durante os três dias de carnaval, em ambos os clubes já mencionados e em horários especiais, sempre conduzidos por seus pais que aproveitavam para “esquentar” em termos de preparação para os grandes bailes a partir das vinte e duas horas até as primeiras horas do dia seguinte, durante os três dias de carnaval, baile de orquestra com os melhores músicos e bateristas da Paraíba e do Brasil, a exemplo de Zé Bornoque (músico) e de Miron (tarolista de primeira qualidade). Isto só para relembrar um pouco do que já tivemos em nossa amada cidade de Santa Rita.
                   
O escritor Affonso Romano de SantAnna, menciona que “o carnaval é basicamente um movimento diluidor da rebeldia. Disso não temos dúvida.
                  
Os blocos de carnaval de rua eram muitos, dentre os quais se destacava o bloco de Geraldo Jibóia, que arrastava a multidão do bairro da Santa Rita, com a participação de todos e de todas que desejassem brincar o carnaval, cantando, se divertindo, naquele tempo não era proibido o uso de lança perfume no Brasil e aqui em Santa Rita, toda e qualquer criança, senhor, senhora, pessoa do povo, exibia suas lanças perfumes, tomando seus porres dentro e fora dos clubes, no meio da rua, o povo era feliz e não sabia.  No tocante as escolas de samba, Santa Rita tinha, por exemplo: a “Lira Vencedora”, “Os piratas de mono”, “Sapato de pobre é tamanco”, dentre outras igualmente importantes. No tocante as tribos indígenas, existiam muitas que agregavam pessoas de todos os níveis e classes sociais, valendo apenas destacar a tribo indígena de Josias, de saudosa memória e a tribo indígena de Manoel dos Índios, que com muita luta vem mantendo até nossos dias o carnaval tradição de nossa terra, geralmente sem apoio do poder público. Existiram também aqui na terrinha os ursos e o blocos de homens vestidos de “donzelas”, dentre outras formas do tipo “xirumbas”, “columbinas” e “pierrôs”. O povo era mais feliz do que hoje em nossa terra. O fotografo Viégas, de saudosa memória, dentre outros profissionais igualmente importantes, registrou até onde pode estas festividades dentro e fora dos clubes de Santa Rita, que praticamente em termos sociais e culturais, o vento levou. Inclusive o bloco de Geraldo Jibóia, que por ter sede à Desembargador Sindulfo, próximo ao falecido baixo meretrício, o povo denominava de o “bloco do cabaré”, sem nenhum tipo de preconceito, o bloco desfilava pelas principais ruas e praças de Santa Rita e ainda visitava as casas das pessoas que ajudavam o referido cidadão a organizar livremente o seu bloco carnavalesco, todos  os anos e alegria era grande. Nunca se tomou conhecimento que alguém tivesse sido assassinado por participar do carnaval nesse e ou em outros blocos de nossa cidade. Tudo era brincadeira e muito respeito, até porque nesse tempo o uso de drogas ilícitas era muito menor em nosso meio. A juventude não sabia nem o que era o cigarro de maconha, quanto mais outros tipos de drogas. E isso é cultura popular de primeira qualidade, é a cultura nascida com o esforço do povo. A verdadeira cultura não depende interesse político partidário. O povo faz sua cultura da maneira que pensa fazer e faz. Sempre foi e é assim em qualquer parte do mundo. Enfim, “lembre-se todo carnaval tem seu fim,então ame, tenha fantasias, dance e cante... agora preste atenção. A batucada parou, tire a fantasia”, segundo a visão de Adriano Soares, tendo em vista que alguém já que o carnaval é a época de esquecer dos problemas, soltar a franga, beber todas e curtir a festa...

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço: José Romero Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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