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sábado, 12 de outubro de 2013

O fiscal aferidor de balanças

Por: José Mendes Pereira
José Mendes Pereira

Chegou na cidadezinha pela manhã numa caminhonete novinha em folha, vestido com uniforme do Instituto Nacional de Pesos e Medidas. Foi direto ao Mercado Público Central. Entrou, e em uma banca de carne, bateu o martelo sobre um balcão, identificando-se:

- Sou Pedro Carrasco, fiscal do Instituto Nacional de Pesos e Medidas. Qualquer comprovação de irregularidade em balanças neste mercado – dizia o fiscal irritadíssimo -  além da multa aplicada correspondente a dois salários mínimos, irá preso.

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Os marchantes estavam diante de uma autoridade federal, e que Deus os acudisse. Alguns deles não valiam um tiquinho da consciência dos honestos. E havia até boatos que ali existiam marchantes de confiança mesmo, mas uma boa parte  alterava as suas balanças, colocando pesos de duzentos gramas sob o prato que colocavam as mercadorias para pesar.

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Os fregueses que no momento viam de perto um fiscal de consumo estavam felissíssimos. Finalmente chegara um filho de Deus para fiscalizar a roubalheira de comerciantes safados, malandros, oportunistas, que além de enganarem os seus fregueses, não tinham o mínimo respeito por eles.

O seu Thomaz nem batia a passarinha. Se falassem em homens honestos ele estava naquele rol. Sua balança era aferida de seis em seis meses no próprio Instituto Nacional de Pesos e Medidas, lá na capital do Estado.


O fiscal além de nervoso, cuidadosamente examinava todas as  Balanças.


- Esta daqui - dizia o nervoso fiscal ao seu ajudante – leva-a e ponha na caminhonete.


E voltando-se para o marchante disse:


- A multa é referente a dois salários mínimos.


- Mas seu fiscal, é isso tudo que tenho que pagar?


- Que seu fiscal que nada, seu covarde! Enganando à sua  clientela, e ainda quer ter razão, não é seu descarado?


E arrastando o talão, fez a multa, e em seguida entregou-a dizendo-lhe:


- Passa para cá o dinheiro da multa! Eu espero que na próxima vez que eu passar por aqui, sua balança esteja perfeita, aferida e com o selo do "INPM". Do contrário você irá ver o sol nascer pontudo.


E caminhou o fiscal em gritos, ordenando que ninguém escondesse a sua balança, e a colocasse sobre o balcão para facilitar o seu trabalho.


No café da Corina os seus fregueses assistiam de perto aquela humilhação feita pelo fiscal, e estavam de peitos lavados.


- Assim, sim! – Fazia o Josué, um dos ajudantes no café da Corina - Com esta pressão toda do fiscal do "INPM", nenhum comerciante terá coragem de fazer alterações em sua balança, roubando-nos.


Todos presentes, menos os marchantes,  já se orgulhavam, dizendo que a cidade estava se desenvolvendo. Nunca havia chegado tal fiscal, agora aparecera um protetor para a população.


O fiscal caminhava mantendo a sua autoridade. E ao ver a balança do Demétrius suja, imunda, virando-a, viu um peso de duzentos gramas amarrado com cordão na parte inferior. E  já saiu cobrindo o marchante com braceadas e pontapés.


 
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O apanhador pedia-lhe que batesse devagar para não quebrar as suas costelas.
Mas o castigador estava com o cão nos couros dizendo-lhe:

- Que devagar que nada, seu malandro! Você está pensando que eu estou com brincadeiras?

Após o grande castigo obrigou-o a levar uma balança romana com pesos e tudo sobre a cabeça. O marchante reclamava, alegando que não tinha forças para pegar aquele peso. Mas tinha que levar, afinal estava diante de uma autoridade. E ele estava usando um grande desrespeito  contra os seus fregueses.

Quando o fiscal terminou as aferições nas balanças dos marchantes, os seus bolsos vomitavam dinheiro. Também pudera! Eram muitas balanças, e apenas duas estavam de acordo com as suas exigências.

 Mas o fiscal estava prestes a se atrapalhar. De imediato a polícia cercou o mercado, e com poucos minutos o suposto fiscal e seu ajudante estavam dentro do camburão da polícia. Ambos haviam tomado de assalto todos os equipamentos dos fiscais do "INPM", inclusive fardas e a caminhonete Ford.

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.


Fonte:

http://minhasimpleshistorias.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo18:22:00

    MENDES, SEU IMAGINÁRIO FISCAL E A BALANÇA DE PESO ÀS ESCONDIDAS. Mais uma crônica de sempre para revitalizar seus neurônios e os meus também.
    E a chuva, chegou por aí na nossa querida Mossoró, como chegou aqui em minha terra e nas terras do nosso amigo Rangel - Aracajú? Creio que sim.
    Abraços,
    Antonio Oliveira - Serrinha-Ba.

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